quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Toque

Não paro de sentir aquele arrepio. 

Aquele toque fugaz que a nada na minha vida se comparou. Talvez um dia no futuro possa ter termo de comparação, mas até aquela altura, nada de nada. Um toque rápido, mas pleno de intencionalidade. Inundado de desejo e intenção. Olhos nos olhos e pele com pele. Não paro de pensar como afinal as coisas são. Ou deviam ser para mim. Como o são - banalmente - para as pessoas que existem à minha volta. O seu normal é um luxo astronómicamente alto para mim. Impensável até o momento. O que sei agora serve de referencia mas não de padrão. Infelizmente.

A minha pele não tinha um registo desses. Nada existia na sua memória de um contacto que juntasse o desejo com a intenção a dançarem num tango com a música de dois olhares que não se envergonhavam de se fixarem. Caramba! Afinal isto é assim...

Não há dia que não feche os olhos, nem que seja a fingir, e vá buscar esse momento. Para continuar a viver. Agora sei. Agora sinto. Agora a minha pele é minha cúmplice. Agora sei arrepiar-me de prazer.

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