Alguém, que por algum erro do Google, veio dar a esta página deve estar a pensar que para tanta depressão ia ver um filme do Manuel de Oliveira acompanhado de um ceguinho e a escutar um fado. Acho que tem toda a razão. Eu sou o primeiro a querer falar (digo, escrever) de algo positivo e construtivo para quem queima as pestanas num computador e os euros na Internet.
Mas, tudo tem uma explicação. Tudo tem uma razão de ser.
(Tenho que deitar isto cá para fora.)
Anos de silencio. Ninguém que possa entender o meu dilema. Ninguém que por mais amigo fosse pudesse ter uma pequena solução. Cada um carrega as suas penas como pode.
Mas, aqui posso falar, explicar, gritar. Mesmo que ninguém leia, isto faz bem. Mesmo que esteja detrás de uma mascara, serve.
Quando tudo começou?
Vou começar pela primeira sensação estranha que tive. Bem cedo na adolescência, estranhava que as minhas preferências não eram bem iguais ás dos meus amigos. As meninas bonitas que tanto chamavam a atenção deles a mim não me diziam nada. Fixava a atenção nos do mesmo sexo.
Tinha duas teorias:
Primeiro, visto que tinha sofrido abuso quando criança por parte de rapazes mais velhos, imaginava que o meu cérebro agora a desenvolver a consciência do libido ligava a ideia de rapazes a prazer sexual.
Segundo, podia ser que visto estar em crescimento e muita insegurança sobre a minha imagem, fixava a atenção nos homens que eu achava que seria o modelo do que eu queria ser, fisicamente, quando crescesse.
Pensei que conseguia lidar com esta situação. Aprenderia a ver as raparigas como possibilidade de satisfação sexual e assim “treinaria” o meu cérebro qual cão. (“busca, busca…”)
Também, cresceria, tornar-me-ia um esbelto moço e deixaria de invejar os outros “machos”.
Mas, pelo sim e pelo não, fiz um pacto comigo: Se chega-se aos 20 anos com as mesmas tendências… Acabaria com a minha vida, pois seria uma mancha para a minha família e não saberia lidar com a situação. Antes morrer um que deixar os outros a morrer de vergonha.
Bem, o tempo passou e não cumpri o meu pacto. Tenho angústia de imaginar como isto poderá acabará um dia.
Imaginam o que é a minha vida. Uma fachada completa. Fugas para a frente a todo o tamanho.
Por isso este peso.
Já vi que não sou o único. Talvez seja é dos mais ingénuos a falar do assunto.
(Paciência!)
Assumi que pelo menos não vou mentir a mim mesmo. (Já é um começo…)
Pensar que tenho um problema sem solução deixa-me bloqueado. Não há maneira. Não há fórmula mágica. Não há milagre.
Existe um passo. Este espaço. Passo para quê? Nem eu sei. Talvez um testemunho silencioso, anónimo e ingénuo. Talvez um epitáfio perdido num cemitério virtual.