terça-feira, 29 de outubro de 2019
(V) ida
Na minha morte, deste-me vida. Na minha ressurreição, mataste-me. Sob escombros putrefactos voltei a respirar. Sob a terra molhada de muitas estações sem vida. Sem flores. Meus dedos tocaram os despojos sombrios. As tábuas enegrecidas, moles até, da minha prisão. Do que era antes a morada do meu coração. Passeei tranquilamente os dedos sobre essas memórias. Continuo a respirar-te. A sentir-te. No aperto mais trágico que uma vida pode ter, estás aqui, mesmo que não o soubesses. Não me mataste.
sexta-feira, 25 de outubro de 2019
Sofia
Não te chamo para te conhecer
Eu quero abrir os braços e sentir-te
Como a vela de um barco sente o vento
Não te chamo para te conhecer
Conheço tudo à força de não ser
Peço-te que venhas e me dês
Um pouco de ti mesmo onde eu habite
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Eu quero abrir os braços e sentir-te
Como a vela de um barco sente o vento
Não te chamo para te conhecer
Conheço tudo à força de não ser
Peço-te que venhas e me dês
Um pouco de ti mesmo onde eu habite
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
In the edge
Meio abismado, meio revoltado, meio desapegado. Esta crescente estupidez da desconfiança, do ódio ao que é diferente. Como é possível que não se aprenda nada da História? Como acreditar que os nossos problemas comuns desaparecerão se fizermos os "outros" ficarem bem longe de nós? Que sociedade pode viver com estes conceitos de contos de fadas estragados?
Que avanços gigantesco foram feitos, mas alguns continuam a pensar apenas com o instinto réptil de sobrevivência. Que nem sequer isso é...
Que avanços gigantesco foram feitos, mas alguns continuam a pensar apenas com o instinto réptil de sobrevivência. Que nem sequer isso é...
terça-feira, 22 de outubro de 2019
segunda-feira, 7 de outubro de 2019
quinta-feira, 3 de outubro de 2019
Pum
São tempos de dor e espelhos trágicos. Das manchas que
rastejam na pele e não se vão. Trilho todos os caminhos que deveria e só
encontro becos atrás de becos. Como se a vida fosse uma coleção de anomalias
puramente feitas com o objetivo de destruir tudo o que importa. Só deixa a
existência. Apaga qualquer raio de sol o mais depressa que pode. Sufoco na
tremenda ironia que é servida de bandeja. Tudo no nada. A posse na miragem. A
dor na doçura. A tragédia travestida de comédia chique. Tive o céu como
introdução e o inferno como segundo capítulo.
(Venho aqui bater com a cabeça na parede, pois é onde tudo
continua a fazer sentido. Bem corri ceca e meca para nada. Talvez para cumprir
a peregrinação dos que tem a mania que possuem valores nobres. Talvez. Aqui é o
muro das lamentações)
É uma dormência nova. É o tudo de uma vida que teve tudo e não
soube. É a dor de saber o que não se pode ter. É a merda esculpida numa estátua
de jade. É a raiva engatada num fogo de artificio.
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