quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Pum


São tempos de dor e espelhos trágicos. Das manchas que rastejam na pele e não se vão. Trilho todos os caminhos que deveria e só encontro becos atrás de becos. Como se a vida fosse uma coleção de anomalias puramente feitas com o objetivo de destruir tudo o que importa. Só deixa a existência. Apaga qualquer raio de sol o mais depressa que pode. Sufoco na tremenda ironia que é servida de bandeja. Tudo no nada. A posse na miragem. A dor na doçura. A tragédia travestida de comédia chique. Tive o céu como introdução e o inferno como segundo capítulo.

(Venho aqui bater com a cabeça na parede, pois é onde tudo continua a fazer sentido. Bem corri ceca e meca para nada. Talvez para cumprir a peregrinação dos que tem a mania que possuem valores nobres. Talvez. Aqui é o muro das lamentações)

É uma dormência nova. É o tudo de uma vida que teve tudo e não soube. É a dor de saber o que não se pode ter. É a merda esculpida numa estátua de jade. É a raiva engatada num fogo de artificio.  

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