domingo, 25 de abril de 2021

Depois do adeus

Quando alguém tem o poder de nos dar, num gesto, num par de palavras, num olhar, a mais doce das emoções, a mais genuína das alegrias, e.

E, depois, com a mesma facilidade, colocar-nos no mais escuro dos abismos onde nem conseguimos recordar que cor tem uma nesga de sol.

Essa pessoa tem o maior dos poderes sobre nós. Não o tirou violentamente das nossas posses, não. Entregamos-lhe sem pudor e sem hesitação. Não sei efectivamente se foi dado, conquistado, oferecido, rapinado ou simplesmente atirado com empenho. 

É maravilhoso e horrível ao mesmo tempo, sentir essa fragilidade. É a vida num canto de ópera, numa canção de Chico Buarque. É uma faca que ao penetrar nos causa um orgasmo e uma dor intensa na medula de todos os ossos.

Será que é a vida a pintar-me com as suas cores mais intensas ou mais um capitulo de uma maldição que não me larga?