segunda-feira, 31 de março de 2008

Porquemeapeteceum – Março2008

O mês de Março foi generoso. Teve tudo para todos os gostos naquilo que fui sobrevoando no “planeta” blogosfera. Se fosse escolher pelo bom gosto, a originalidade, a irreverência, a cultura, só para mencionar alguns critérios, tinha resmas de material. Mas, tive que pensar que o espírito destas nomeações é o que me apeteceu reter nos neurónios. O que faz com que os meus impulsos, sem explicação plausível, sejam os ditadores nesta ocasião.

Assim, aqui vai os destinatários:

Porque escrevo / Memoria fracturada
Um excelente contador de histórias. Curtas, cruas, mas portadoras de uma realidade indisfarçável. Este post em especial trata do doloroso dilema de muitos bons homens. A luta entre o que se quer e o que se tem, entre o que se pensa que se vai ter e o que se realmente consegue. O papel do sexo, do amor, do compromisso, da eterna procura de quem não se sente parte de nada. Para ser perfeito, perfeito, só faltava a música do António Variações, “Estou além”.


Espectativas / Maurice
O relato sentido de como uma relação descamba numa rotina sem sabor. Conquisto-me a expressão:” Mas algures pelo caminho perdi o hábito de sonhar…” Lembrei-me da musica de Cat Stevens “Father and son” onde a certa altura canta:
“…For you will still be here tomorrow/But your dreams may not”. Realmente, cada vez dou mais importância a não apenas estar vivo, mas a ter um sonho que nos conduza no trânsito insano desta vida.


Fado Hilério / O Melhor dos dois mundos
Uma colorida paleta com muita substancia. Desde as memorias transmontanas até a um anticlericalismo divertido, passando por actualidades pertinentes. Qualquer um dos post’s podia estar aqui a ser recordado. Mas, é a musica que vou destacar. Não é que a música de “Fado Hilário” cantada pela Kdlang não me saiu da cabeça? Fartei-me de andar a cantarola-la. Ainda não a consegui, mas no youtube sou cliente habitual desta linda melodia.


Blogues e Comentários / WhyNotNow
Vocês os três (Pinguim, Paulo e Zé) vão compartilhar esta nomeação. Podia ser pelo jantar de 19 de Abril, mas não é (embora essa pode ser candidata ao mês de Abril.)
Tudo começou quando o Paulo anunciou que estava a ficar desmotivado para continuar a escrever no FJ. Gostei de ver como um post do Pinguim foi dedicado ao assunto. Para mim isto revela um espírito fantástico na blogosfera, que não pode ser esquecido. Os blogue apesar de revelarem o nosso mundo e gostarmos de dar o melhor neles, na sua apresentação e na sedução de imagem, devem ser instrumentos de solidariedade e partilha. Esta situação em particular revelou o melhor que pode existir neste mundo virtual. Exemplo para mim.

(Descobri já no fim que os vossos post sobre esse assunto são de Fevereiro! - Deve ser do jet lag. Bem, como ninguém sabe como me processar por esta irregularidade, fica na mesma a nomeação. “Mais vale tarde que nunca…”)


In-memoriam / Boa noite e um queijo
Porque existem recordações. O texto é tão belo e sentido que não me atrevo a fazer comentários. Leiam-no outra vez, ou se ainda não o leram, façam esse favor a vocês.


Hydrargirum

(Last but not least)
Todos os posts são momentos para hidra-rir, até me hidra-urinar. Seria injusto dizer que este mês um foi melhor que o outro, todos estão ao nível de 7 estrelas. O que quero dizer para justificar o porque me apeteceu dar este prémio ao Hydra é porque o seu blogue é super, hiper, mega divertido. Mas, quando observamos com mais atenção também tem lições espantosas de qualidades humanas mais… sérias? Formais? Espectaculares? Olha, Obrigado e continua se faz favor!

sábado, 29 de março de 2008

O caso “Carolina Michaelis” – Agora com edição comentada! (Totalmente grátis e em 3D)

Agora já estou mais aliviado. Mas, andei mesmo mal disposto com o que aconteceu na Carolina Michaelis. Ajudou ter desabafado aqui. Os comentários que recebi ajudaram também, pois alguns são de professores e imagino o quanto mais emocionalmente ligados estão a isto.
Os comentários recebidos normalmente são motivo de gáudio por me darem a satisfação de saber que é lido o que escrevo.
Mas, sou beneficiado também de outra maneira. Tenho a noção de que as minhas opiniões em alguns assuntos podem ser um pouco simplificadoras ou não levar em conta alguns aspecto pertinente. Assim, os comentários recebidos, por vezes ampliam o assunto, ou até me corrigem. São uma ajuda para melhorar. Afinal, para julgar é necessário compreender (bem).

(Espero que os companheiros não se importem de usar os seus comentários no meu post. Achei á ultima hora que a sua inclusão, daria mais consistência e clareza ao desenvolver do assunto. Se acharem que foi um abuso da minha parte, escrevam-me que o retirarei.)


Ora, vamos lá:
Astonishing! ( e lembro a minha 1ª prof. de inglês...) Em absoluto.
Ao vivo, a gestão de sala de aula torna-se mais perceptível. E o ponto onde revela o que se foi fazendo sem uma política sólida na educação. Mas a questão tambem é social, mais profunda...
Reabilitar uma sociedade torna-se assim muito mais complicado.
abraço.
JJ

De facto este é um assunto complexo. Aquela situação não foi um caso isolado, nem fruto de geração espontânea. A sociedade também tem corroído valores que os jovens necessitam para a sua formação humana e muitos pais, por exemplo, não estão a educa-los com o tempo e o exemplo necessário. Depois na escola não podem ser uns “santinhos”. Sim, a escola é um pouco o espelho da nossa sociedade.

E como se vai melhorar a sociedade se os próximos cidadãos estão a ser formados nestas escolas e nestes ambientes?


Como ex professor sei quanto é necessário ter autoridade dentro de uma sala de aula; quem não o souber, ou recei -lo em prática nunca poderá ser professor.
Ser professor hoje em dia, já não é apenas uma profissão de responsabilidade, é também e infelizmente, uma profissão de risco.
Também não sou apologista dos velhos métodos repressivos, mas que saudades dos meus professores e até que saudades dos tempos em que o fui e exerci essa autoridade, talvez de uma forma que hoje não pudesse usar...
A minha solidariedade total para com aquela Senhora!
E um abraço para ti, por te indignares tão dignamente.
Pinguim

Este depoimento sobre a necessidade de usar bem a autoridade, fez-me lembrar de uma professora que tive no secundário. No primeiro dia de aulas foi super dura. Impôs claramente as regras de como funcionaria as suas aulas. Sem sorrisos. Todos nós a imaginarmos que aquela seria o pior pesadelo que teríamos naquele ano! Que surpresa tivemos com o passar do tempo. Tornou-se a mais camarada e a mais acessível professora que tivemos. Mas, sempre com respeito. No fim do ano ela confessou-nos que preferia entrar duro no inicio do ano para nos colocar em sentido e depois ir dando confiança conforme a merece-se-mos do que começar muito simpática e depois já não ter mão em nós. Sempre recordo esta lição de saber ter autoridade sem comprometer a simpatia.

Sim, profissão de risco e de que maneira! Mas, a melhor que há, não duvido.


Só quem lá está todos os dias é que vai sabendo... Abraço!
Rato do campo

“Quem está no convento…”. Mas é bom que os “de fora” saibam esses desafios. Não se pode esperar que alguém no telemóvel filme uma cena deplorável. Um abraço e muita força para esses desafios. A minha admiração por essa coragem.


isto é mesmo revoltante, detesto aquelas pessoas que estão sempre a dizer "no meu tempo não era assim" mas vou ter que lhes dar razão. Quando era miúdo nunca me atreveria a tratar um p daquela maneira.
Um abraço
Special k,

É verdade que nem tudo antigo é mau e nem tudo moderno é bom. A falta de respeito pelos mais velhos e, neste caso, pelos professores é uma das coisas que não está bem nestes tempos avançados em tanta coisa. Somos da velha cepa. Nisto, e noutras coisas, não me importo!


Eu só pergunto: mudou alguma coisa? Foi sorte as agendas dos meios de comunicação social estarem desertas quando aquele video caiu. Antes do caso da Carolina Michaellis, todos nós já tinhamos ouvido casos mais graves do que aqueles, onde esteve a indignação antes?? Pois é o que me apetece dizer bardamerda para os sucessivos encolheres de ombros que viabilizam que este tipo de cenas tristes continuem.
Manuel Serrano

A situação da Carolina Micaelis foi de facto uma pedrada “oportuna” no charco. Mas, claro que não foi uma novidade. Já há muito tempo que quem estiver atento ás noticias vê sinais perturbadores, quiçá, inquietantes sobre o estado do ensino público. São os alunos que tratam os professores como colegas e os pais que agridem professores por não estarem satisfeitos com o rendimento dos seus petizes. De facto, como comentou uma professora na televisão, casos como este existem há muito tempo e em grande quantidade, mas nunca foram filmados. A realidade é que hoje as imagens são necessárias para lançar um assunto para o grande público. Não devia ser assim, mas é. Se esta situação melhorar pela exibição deste filme, abençoado seja. “Quem não tem cão caça com gato…”

Bem, vai ser a primeira vez que vou usar um palavrão no meu blogue. Vamos ver se consigo mandar alguém á “bar…”, “barda…”, (vou tentar…) “bardam…” (não consigo). Bem, a quem mandamos para essa parte?
Aos responsáveis pelo ensino que ignoram os sinais que há muito tempo se emitem de falta de respeito pelos professores?
Aos que alimentam a cabecinhas dos rebentos com séries de televisão onde se ridiculariza os professores e se promove o espírito de que ser rebelde sem causa é cool?
Aos pais que em casa não educam os seus filhos sobre o valor do respeito?
Ao bastonário da Ordem dos Advogados que disse estar a ser exagerada intervenção do Procurador-Geral ao propor punir a aluna agressora?
A todos nós por falta de mais indignação clara e visível sobre o assunto?


Eu gostaria de saber que medidas punitivas foram tomadas... Uma vergonha!
Angelo

Perturba-me a falta de objectividade com que alguns responsáveis agem perante estes casos de violência nas escolas. Recordo que já há algum tempo que a RTP emitiu uma reportagem onde inseria imagens captadas nas salas de aulas de uma escola de Lisboa onde os jovens agrediam-se, mostravam desobediência ao professor, andavam em cima das mesas em plena aula. Quando questionados sobre a gravidade desta situação, alguns responsáveis, entre os quais a ministra da educação, divagavam sobre a legitimidade de se ter gravado imagens sem o conhecimento dos alunos e até (pasme-se) criticaram a falta de solidariedade do professor que sabia da gravação e nada disse aos alunos. Incrível! Alunos que pareciam animais. A questão é que o principal estava a ser ignorado por assuntos de lana caprina. Em relação a este caso da Carolina Micaelis, também escutei um director “de não sei o quê” a divagar sobre a inconveniência de se usar telemóveis na sala de aula. Teve o jornalista de insistir no tema da violência contra a professora. Isto mostra que alguns responsáveis têm uma atitude de desvalorizar desde há muito o que está a ser grave nos ambientes escolares. Isso paga-se.

Vamos a ver o que a visibilidade deste caso trará de novo. Parece que desta vez vai existir castigos que pretendem ser exemplares. (ver para crer)


Amigo Sócrates...não estando ao volante, ocorre-me o linguajar rodoviário que me acomete em alturas de stress...
Aquela miúda e aquela turma.....mereciam:
Pelotão!!!!Pontaria....Apontar...Disparar!!!!
Se em algum dia, na minha altura alguém se portava assim com os profs....
Isto revolta-me até ao âmago:////
Abraço:)
Hydrargirum

Não sei se um pelotão de fuzilamento resolveria. As balas estão caras. Eu optava pela tortura. Punha todos a escutar Toni Carreira, Marco Paulo, Ágata e o Toy até os tímpanos arrebentarem. Depois tinham que ler uma estrofe dos Lusíadas sem se enganarem e com a devida acentuação (Ah, queria ver esta…), depois um mês sem verem os morangitos e por fim verem, com os seus próprios olhos, serem tirados os seus telemóveis e oferecidos a crianças carenciadas (suprema tortura!)


Um professor agradece a simpatia deste texto, sobretudo tendo sido escrito por alguém que não pertence à classe. Que seríamos nós sem os professores que tivemos? Que rumo teria tido a nossa vida? Os pais podem dar (ou não) muita educação e conhecimentos, mas é a escola que orienta a maior parte de conhecimento e cria o espírito crítico nos meninos. O que me assusta é quando isso não acontece, quando os alunos não percebem porque têm de estudar, de aprender, de decorar, de raciocinar, de resolver problema, encontrar soluções, porque simplesmente isso dá trabalho e não estão para isso. Cada vez constato mais que os seus conhecimentos são limitados, circunscritos ao seu universo muitas vezes medíocre. Sinto-me absolutamente impotente e a atirar pérolas a porcas. Para quê, se não querem aprender como se o pensamento ocupasse o lugar? Não estão nem aí para o que lhes possa ensinar e isso é tão ou mais desgastante e frustrante que a indisciplina, visto que na indisciplina poria o aluno na rua e a acabou-se (ou não!). A verdade é que os professores começam a ser tão permissivos, numa tentativa de conquista dos alunos ou porque estão simplesmente cansados, que a bola de neve leva a situações-limite e inadmissíveis. Já tive situações interessantes de indisciplina, nem sempre reajo com o sangue frio desejável, mas há coisas que me recuso a fazer: baixar o rabo às faltas de educação, entre eles, comigo, com funcionários ou com qualquer outra pessoa! Também me rendo às evidências: os alunos precisam mais de professores autoritários que possam ir cedendo ao longo do tempo do que professores permissivos que depois não são capazes de controlar os meninos. Eu, por natureza, não sou autoritário, mas aprendi a sê-lo, a criar uma barreira que os meninos não podem passar. Finalmente, ao fim de algum tempo percebem que afinal eu não sou nenhuma besta (este ano, isso começa a acontecer agora, ao sim fim de seis meses de convívio), mas de início consigo assustá-los a sério :))
Obrigado pelo ânimo que me transmitiste! Não cairá em saco roto! Há alturas na vida em que saber que se tem apoio é importante!
Paulo

Sobre o valor do trabalho dos professores estamos absolutamente de acordo. Também me preocupa esta nova “cultura” do facilitismo. (Tudo o que dá trabalho não interessa.) Muitas razões complexas deverão existir para se entender o fenómeno. Mas, penso que é uma tristeza ver o que se perde por não se gostar de aprender, de descobrir, de ter desafios que dão trabalho. Se esta é a geração a quem vamos passar as responsabilidades sobre o mundo, “valha-me Deus!”. Com os problemas que o nosso país e o mundo enfrentam, mais vale dar um tiro nos miolos, que esperar que os jovens de hoje assumam responsabilidades (espero tanto estar enganado…)
Sobre a tua técnica de assumires logo de inicio a autoridade, recordo a história de uma professora que neste post já fiz referencia. Essa é a maneira correcta de assumir a postura de “aqui quem manda sou eu, se querem simpatia conquistem-na”. São jovens a crescer que necessitam de aprender lições de vida. A do respeito e dos limites quando lidamos com os outros é essencial.


Quem aprecia o trabalho dos professores ter que se expressar. Porquê? Lembra-me uma história sobre o Bob Marley contada no filme “Eu sou a lenda”. Esse filme dizia que este famoso jamaicano afirmou que “já que todos os dias existe quem faça o mal, quem quer fazer algo bom não pode fazer menos.” (mais ou menos esta ideia.). Está tudo dito, amigos!


segunda-feira, 24 de março de 2008

A “Carolina Michaelis” fez-me mal á saúde…

Já há alguns dias que isto anda a remoer…
Sinto raiva. Não será fúria? Não, é mesmo raiva. Uma fúria descontrolada, visceral. Quase me vieram as lágrimas aos olhos ao ver um vídeo em que uma professora foi tratada por uma fedelha (desculpem o termo, mas avisei que estou com raiva!) de uma maneira indigna. Em plena sala de aula. Por a professora exercer a sua autoridade a fim de zelar pelo normal funcionamento da aula.
Já faço outro aviso. Não sou professor. Não conheço aquela professora. Mas, o respeito que como cidadão comum nutro pelos professores não me permitiu ficar indiferente. Ninguém devia ser vítima de tal falta de respeito. Mas nestas circunstâncias este acto é mais grave.
Porquê? Os professores foram a seguir aos meus pais, as pessoas mais importantes na minha vida. Foram e são, porque continuo a querer aprender.

Recordo os meus professores. Desde a primária. Mesmo sentindo mais saudade de uns do que de outros, sei que tenho para com eles uma divida enorme.Graças a eles não sou um analfabeto e um ignorante. Graças á sua arte de ensino fizeram-me gostar de aprender e descobrir. Saber comparar, tirar conclusões, admirar a beleza da escrita, interpretar factos e ideias. Ser responsável. Sim, se estou aqui agora a escrever neste blogue, foram eles que me deram as ferramentas. Uns tinham mais paciência do que outros, uns eram mais comunicativos do que outros. Mas, formaram uma equipa fantástica que continuamente me assistiu. Recordo a alguns que fora do seu horário de trabalho tinham tempo para conversa. Lembro-me dos jantares de fim de ano em que deixavam a sua família para estar ali umas horas connosco. Lembro-me de tanta coisa… Que se os visse novamente nem palavras tinha para lhes agradecer. Ganharam o meu respeito e gratidão para sempre.

Os professores são o que de melhor uma nação têm. É verdade que existem bons e maus profissionais, tal como em todas as profissões. Mas, passar a vida a ensinar é de louvar. O que de melhor se pode deixar a uma geração? Dinheiro? Bens? Nome? Não meus senhores, conhecimento.
São os professores uma classe especial? Para mim, são!
Então e os médicos, os advogados, os políticos, os electricistas e os condutores de transportes públicos? Necessários e absolutamente dignos do nosso reconhecimento. Mas, coloque-se a questão desta maneira: O que seria de tais profissões sem os professores?
Os professores são os que tem transportado de uns para outros “a chama sagrada” do conhecimento acumulado pela humanidade através dos tempos. Quando vamos para a escola, ali iluminam o nosso cérebro sedento. Por isso o dever básico de uma comunidade é zelar pelos seus professores.
(Obrigado Paulo por me teres enviado o artigo de opinião “E se não existissem professores?” de António Vilarigues, no “Público” de 21 de Março. Quando o recebi estava a elaborar este texto e veio dar-me mais “raiva”)

Se tivesse que optar, em desespero de causa, preferia um professor autoritário do que um professor desmotivado por lhe “tirarem o tapete”. É verdade que escuto histórias medonhas de como num passado mais ou menos longínquo alguns tiveram professores muito severos. Mas, surpresa! Esses alunos aprenderam…
Ainda bem que essa utilização abusiva de autoridade terminou! Mas, não podemos ir ao outro extremo de “diálogo, diálogo e mais diálogo” sem o professor ter claramente um papel de respeito e dignidade perante a comunidade e especialmente os alunos.

Assim, ver como fedelhos que nem sabem o que custa a vida porque têm tudo de mão beijada, faltam ao respeito a alguém que lhes está a ensinar, dá-me raiva. Dá-me raiva ver pais que vão discutir com os professores só porque os seus rebentos lhe contam umas queixinhas esfarrapadas para se desculparem da sua conduta infantil ou da sua falta de estudo. Ensinem aquela miúda que o que fez foi errado, foi estúpido, foi degradante. Ensinem-lhe que há limites impostos pelo respeito, mesmo quando pensamos ter toda a razão do mundo. (Não sei se alguma vez ela vai ler esta mensagem. Mas, se calhar com o que ela gosta de aprender não deve gostar de ler mais de duas sílabas. Se calhar até acha que foi muito “cool” o que fez. Acha que já podia ir trabalhar junto com a “geração rebelde” dos morangitos.)
Claro que em miúdo eu também tinha as minhas manias de desobediência. Mas, em casa não se colocava em causa a autoridade dos professores. Nunca vi os meus pais a irem discutir com os professores por causa das minhas manhosas queixinhas. Iam á escola regularmente e informavam-se. Não foram poucas as vezes que a disciplina da escola tinha uma extensão coerente em casa. Abençoados…

Não pretendo com este comentário apenas invocar a questão da avaliação dos professores. Claro que ela também me preocupa. Mas, o assunto é muito mais vasto.
Animem os professores. Digam-lhes que o seu trabalho é valioso. Dêem-lhe a autoridade necessária. Deixem-nos trabalhar com pessoas, não com números. Dêem-lhe estabilidade e boas condições. Se eles já fazem milagres com as condições precárias que têm, imaginem com melhores. Se tiverem que optar por gastar dinheiro em dar um portátil a cada aluno ou investir nas escolas e nos professores, a opção é clara. Os portáteis sem educação não valem nada.

Gostava de dizer àquela professora que aprecio muito o seu esforço de cada dia. Que conquistou a minha admiração por trabalhar naquelas condições e se esforçar a educar aqueles miúdos que se divertiam com a sua humilhação. Gostava de dar um abraço a cada professor e dizer-lhe que tem a mais bela e mais importante profissão do mundo.

Só assim me passava um pouco a raiva…

sábado, 22 de março de 2008

Ah, Pois! Estamos na Páscoa...


sexta-feira, 21 de março de 2008

Leio-te

Leio-te
Agora sei que era a tua voz que me seguia
pelas esplanadas de cio
sem palavras
A voz do tempo onde
o silêncio se sente como agulhas
picando os lábios
lentas lâminas
cercando as tardes
e a fome
sempre a fome da tua poesia
o corpo subtil da palavra
pele impossível
desta manhã que arranco à alma das paredes


Leio-te
como quem segue o voo de um pássaro
em nuvens que não sabe
Talvez o quase imponderável
seja o grito claro de sílabas
voando inclinadas de encontro às bocas


Ler-te
é pois colocar dedos neste silêncio
ávido de poemas solares
páginas intermináveis
abissais
como o centro da terra
onde funda a sua lava o canto do lume
em sonetos que o vesúvio grita

João Martim


Desde 1999, que o dia 21 de Março foi declarado o Dia Mundial da Poesia.
Há algum tempo encontrei aqui este poema. Gostei. Guardei-o no meu baú de coisas boas. Hoje achei que era uma boa altura para me lembrar dele. Para o compartilhar.
Quando andava na escola aborrecia-me a poesia, mas o tempo tem sido um salutar mestre em me ensinar a gostar, a saborear, a entranhar as suas palavras. Hoje a poesia é um item essencial da minha roda de alimentos.

Neste dia, este poema está dedicado a todos vós, poetas da (minha) blogosfera.
Aqueles que me fazem sonhar com os voos dos pássaros.
Aqueles que me pintam as cores de um mundo novo.
Aqueles que com a imaginação saciam os meus sentidos.

Leio-vos. Avidamente.



quarta-feira, 19 de março de 2008

Manhã submersa


O livro de Virgílio Ferreira deu origem a um filme. Trata-se da história de um jovem que prefere mutilar-se por deixar explodir um foguete na mão a fim de ter um pretexto credível para sair do seminário. Trata-se do relato de uma luta intensa entre o corpo e o espírito. Nesta história o corpo acaba por ser mutilado em nome da libertação do espírito.

Com essa história como referência, gostava de vos contar uma história.
Ele nasceu numa boa família. Remediada, mas honrada. Existia amor, comunicação e princípios. Princípios alicerçados numa rotina religiosa bem definida. A vida parecia uma caminhada promissora. Seria muito fácil, seria apenas fazer o certo e evitar o errado.
Mas, ao crescer, surpresa! Gradualmente, viu que sentia e desejava certas coisas que eram pecado. E agora? Algo estava errado. (Toca a corrigir). Usar todas as armas. (Nada). E agora? Ele sabia o que devia desejar e sentir, mas o cérebro e o corpo não lhe obedeciam. Afinal, não temos o poder de escolher o que somos e o que queremos? (foi isso que aprendeu). Bem, a ultima arma do crente é recorrer a quem mais pode, a quem tudo é possível. (Vocês sabem de quem estou a falar…)
Não foram poucas as súplicas, os rogos, e as lágrimas.
“Porquê eu? Porque com tanta gente no mundo tinha que ser eu? Que queres TU alcançar com este teu desígnio? Testar-me? Dar-me o céu? Fazer-me um pecador? Será apenas um teste que após eu aguentar terei uma bênção?
Senhor, tu que tantos milagres fazes… Tantos que, por exemplo, vão a Fátima com colunas tortas, pés de atleta, dores de cabeça e tumores em muitos sítios do corpo e tu os curas. E eu? É só uma pequenina mudança no meu cérebro, daquelas coisas que acho que se chama genes ou cromossomas ou neurónios, sei lá! Mas, que só ao microscópio é que os cientistas vêem. Não podes carregar no botão certo e fazeres-me ser normal? Por favor… “
(Se calhar é porque não me esforço o suficiente. Não faço sacrifícios suficientes, não leio as escrituras o suficiente, não rezo o suficiente. Claro, o problema deve estar em mim…)

Então decidiu levar a sua luta ao limite. Jogou o trunfo mais alto que tinha em mãos. Iria dedicar a sua vida ao que Ele queria, iria ser o mais abnegado possível, abdicar de seus alvos, desprendido das coisas terrenas, de tudo o que fosse necessário.
Teria de humanamente fazer tudo para alcançar a graça de se sentir homem como deve ser. (Não há vitórias sem sacrifícios!)
A vida teria de ser um mapa com as estradas bem desenhadas. Havia objectivos, não havia margem para sentimentos. Os sentimentos atraiçoam e são a razão da perdição.
Ia conquistando a admiração e o elogio dos outros. Mas, não pelo que era, mas pelo que parecia ser. Era um sabor agridoce. Sabia bem em certas ocasiões, mas amargava que doía na escuridão da sua consciência.
Como lhe apetecia gritar: Este não sou eu, sou a imagem que eu fabriquei para me tentar salvar…

Mas, os olhos continuavam a olhar para onde estava o desejo. E os sonhos faziam-no suar e acordar com o coração a bater. (Quando será que esta maldição acabará? Quando terminará a provação?)
A resposta não chega. Passam os dias, passam os anos. Passam desejos de morrer, passam decisões e caminhos sem sentido. Passam pedidos silenciosos de socorro, passam prazeres solitários. O espelho sempre era o local mais difícil de olhar.

Um dia o acumular de tensões faz chegar o confronto.
Quem sou? O que quero? Que quer de mim Deus? Porque se chama pecado a algo só por ser diferente?
Se a fé até ali, tinha dado um rumo, agora não tinha as respostas. Deus estava mudo. Nunca lhe deu um sinal, um sinal de conforto, de força. As dúvidas começam a chegar, tal como a maré a subir. Imperceptível, vagarosa, mas certinha. (Porque não sou ajudado? Porque cada dia é cada vez pior? Porque estou a ser cada vez mais falso? Sou eu que não mereço ou Deus está se borrifando para o meu caso?)
A dúvida começa a transformar-se em desapontamento. O desapontamento inicia o caminho de uma etapa sem rumo. Estar sem rumo trás o sentimento de inutilidade. A inutilidade faz sentir pena de si. (Não há nada mais patético).

Agora nada tem a perder. Ou tem?
Agora quer saber. Se calhar o maior pecado é fingir, mais do que desejar amar de uma maneira diferente da maioria.
A luta entre o corpo e o espírito estará a terminar?

“caminante, no hay camino. Lo camino se hace caminando.”

segunda-feira, 17 de março de 2008

Para que serve um microfone?

Para ampliar a voz, será a resposta óbvia. Mas, vou fazer a pergunta de outra maneira: De que maneiras alternativas pode ser usado um microfone? (Toca a pensar...)

Vejam com os vossos olhos...










sexta-feira, 14 de março de 2008

É um tango delicado


No Jornal Público saiu uma reportagem cujo tema despertou a minha curiosidade: “Amar demais também pode ser um problema”.

Passo a fazer “zapping” sobre a notícia:

"Se sofres quando amas...Se amas o homem errado...Se amas de maneira errada...Se amas alguém emocionalmente distante... Procura-nos! MADA (Mulheres que Amam Demais Anónimas) pode ajudar-te!". Estas são apenas algumas das muitas formas de amar erroneamente, inspiradas no livro de Robin Nonwood, “Mulheres que Amam Demais”, enunciadas no panfleto do grupo. O tom da escrita e os conselhos de auto-ajuda podem soar a seita religiosa. Mas não. O MADA é uma espécie de alcoólicos anónimos, onde o vício é não o álcool mas o amor.
(…)
“Quando questionada sobre o que é uma mulher que ama demais Madalena diz não concordar com o nome do grupo: “considero o nome MADA bastante incorrecto, não é amar demais, é amar de uma forma doentia. Viver a vida mais virada para o outro do que para nós”. Segundo o psicoterapeuta Aníbal Henriques, “Mulheres que Amam Demais é um nome bonito que não estigmatiza, é um chapéu colorido e aberto que permite às pessoas escapar a patologias redutoras. Amar demasiado não existe, pode amar-se, sim, de forma desajustada ou desfavorável aos intervenientes”, conclui.”
(…)
“Não têm necessariamente de ser vítimas de violência doméstica ou ter companheiros adictos. Podem ser mulheres com uma família normal mas que têm um sentimento obsessivo de posse para com o marido ou os filhos”, explica Madalena.
(…)
Uma característica comum a todas estas mulheres é a necessidade de controlar os outros e de acharem que têm o poder para modificá-los, refere uma nota informativa do grupo. Madalena viveu com um alcoólico e programava a vida do companheiro para que as recaídas não fossem sucessivas. Anulou-se em função de uma vida que não era a sua.
(…)
O equilíbrio consiste em ir ao encontro do outro, sem o perder nem me perder a mim próprio”, afirma Aníbal Henriques ao tentar explicar o que poderá estar na origem deste tipo de comportamentos compulsivos. “É um tango delicado. Dançar de forma agradável para o outro sem o pisar não é nada fácil”, metaforiza o psicoterapeuta.
(…)
“nem sempre podemos falar em doença até porque todos, em algum momento da nossa vida, ‘amamos demais’, amamos de forma errada, queremos receber do outro não o que este nos dá mas o que necessitamos receber. É uma condição inerente às relações humanas”.
(fim da citação)


Isto de um sentimento essencial á vida poder estar na base de desequilíbrios emocionais é um assunto que dá “pano para mangas”. Recordo-me de ler há algum tempo a situação de mães que “amam” tanto os seus filhos que os medicam a fim de provocar neles doenças para os terem sob o seu controlo e cuidado o maior tempo possível.

“All you need is love”, diz a canção e com razão. Será que a privação de receber/dar amor faz surgir estes desequilíbrios? Será que o desespero faz sentir que vale tudo para se conseguir amar/ser amado? Será essa obsessão tão grande que segue caminhos auto-destrutivos?

Então, se tudo o que precisamos é amor, se alguém não tem/dá amor, não tem nada. E quem nada tem a perder pode tornar-se perigoso. Para si e para outros.

Receio de que o que vejo claramente como um erro nos outros possa não enxergar em mim. Decerto que não estou a controlar doentiamente alguém por o querer amar muito. Mas, tenho a noção de que reprimir o dar/receber amor de maneira genuína e sincera também não deve fazer bem a ninguém.

O que será pior? Amar de forma errada ou não amar por medo? Entre alguns malefícios, corre-se o risco de se ser insensível e congelar os sentimentos. Ser uma espécie de zombie, um morto-vivo entre o mundo dos sentimentos e o da razão.

Se amar é comparado a dançar um tango delicado, então estou a dançar música folclórica da Sibéria numa fábrica abandonada algures no meio do deserto. Apetece-me criar o HPAEA (Homens cujo Potencial para Amar está Escondido Anónimos).

quarta-feira, 12 de março de 2008

Hoje é uma anedota...

Pois é! A fim de elevar o animo aqui do autor (antes que me enfrasque de Xanax's, Prozac's ou aguardente) hoje é uma anedota que li algures e uma musica pá abanar o capacete.


Certa vez ao chegar a casa, Francisco Louçã ouviu um barulho no seu quintal.
Chegando lá, viu um ladrão a tentar levar os seus patos de criação.
Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com os seus amados patos, gritou-lhe assim:
- Oh, bucéfalo anácroto! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo acto vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa.
Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência do que o vulgo denomina por nada.
O ladrão, confuso, responde: - Doutor, isso quer dizer que eu posso ou não levar os patos?

terça-feira, 11 de março de 2008

Dia Internacional das Vitimas do Terrorismo

11 de Março de 2004, quinta-feira.
Estação de comboios de Atocha, Madrid.

7:39 h

10 explosões

191 mortos

1.700 feridos.

(Pormenor macabro: 3 bombas, que foram desmanteladas estariam preparadas para explodir quando chegassem os primeiros socorros.)







11 de Março de 2007
Inauguração do monumento ás vitimas





11 de Março de 2008

Pedido de um anónimo:

Parem
de matar o vosso semelhante por razões religiosas. Deus sabe fazer julgamentos melhores.
Parem de matar o vosso semelhante em nome da politica. Existem eleições.
Parem
de matar o vosso semelhante em nome da raça. Vivemos todos no mesmo bairro.

Parem
de matar o vosso semelhante em nome da superioridade moral. Cada um é feliz á sua maneira.


Um humano dar-se ao trabalho de pensar, planear em como pode matar mais eficazmente outros é uma perda de tempo. Todos nós morremos de qualquer maneira.

domingo, 9 de março de 2008

Hoje não é um bom dia

Sou uma pessoa com um monstro dentro de si, ou serei um monstro com uma pessoa escondida?

sábado, 8 de março de 2008

Entalado

Let me apologize to begin with
let me apologize for what I’m about to say
but trying to be genuine
was harder that it seemed
and somehow I got caught up in between

Let me apologize to begin with
let me apologize for what I’m about to say
but trying to be someone else
was harder than it seemed
and somehow I got caught up in between

Between my pride, and my promise
between my lies and how the truth gets in the way
the things I want to say to you
get lost before they come
the only thing that’s worse than one is none

And I cannot explain to you
in anything I say or do or plan
fear is not afraid of you
but guilt’s a language you can understand
I cannot explain to you
In anything I say or do
but hope the actions speak the words they can


(
In Between - Linkin Park)

Nos meus momentos de raiva, de revolta e consequente solidão, as musicas dos Linkin Park conseguem tirar-me algumas lágrimas. O ultimo álbum, um pouco mais calmo e intimista do que o costume, tem letras como esta. Parece que não sou o único entalado entre dois mundos. A diferença, - utilizando com o devido respeito, o titulo do blogue do companheiro Special k – é que não tenho o melhor dos dois mundo. Não tiro proveito nem de um, nem do outro!

quarta-feira, 5 de março de 2008

Remember, remember, and constantly remember

Ainda ando no rescaldo dos Óscares. Sim, sou um pouco para o lento, confesso. Gosto de saborear demorada e pausadamente os acontecimentos (deve ser da minha costela alentejana). Enquanto para o comum dos mortais, o assunto dos Óscares já foi mastigado, entrou no estômago sendo atacado pelo suco gástrico, e foi pelos intestinos directo para… (stop!), para mim o seu sabor ainda vagueia pelas minhas papilas gustativas.

Assim, estou agora focalizado no prémio para o melhor filme estrangeiro, o filme do austríaco Stefan Ruzowitsky “Os Falsificadores”. Que saiba ainda não o vi no nosso circuito comercial, mas fui ver o trailler na net. Gostei. Uma abordagem diferente do que se passou nos campos de concentração nazistas, segundo parece baseado numa história verídica.

Confesso que a segunda guerra mundial é um assunto que faz com que deixe de ter sentido de humor. O holocausto é das coisas mais misteriosas e repugnantes que a história já produziu. Pergunto-me como foi possível a maldade humana chegar a este ponto. Que um homem seja terrivelmente perverso, ainda se imagina. Mas, uma nação compactuar com um sistema de preconceito, morte e aniquilamento, é difícil de entender. Parece que o efeito de massas, faz alienar a simples razão de muita gente. Consigo imaginar o potencial de maldade que cada humano pode ter se alguém lhe souber manipular as teclas certas. Quando eu caminho na multidão, imagino por vezes como é incrível que os nossos piores inimigos podem ser os da mesma espécie e não algum animal feroz ou um ser alienígena.

Isto sem duvida é uma recordação de uma série que quando era pequeno passou na RTP que era “Holocausto”. As imagens dos campos de concentração, de corpos amontoados em camiões e dos fornos crematórios estão nas recordações mais vividas que tenho. Acho que poucos filmes de terror que vi ultrapassam o impacto delas. Os filmes sei que são ficção, aquilo sempre soube que era realidade.

Recentemente, soube de um site com o nome Remember. Existe para informar e para que se recorde o que aconteceu naqueles campos de concentração, existe para que nunca se esqueça o holocausto. Nele se pode fazer visitas virtuais a campos de concentração e ter acesso a documentos sobre factos, testemunhos e detalhes históricos desta mancha na história da humanidade.

Para que necessitamos de ser lembrados disto?
Porque a tendência é esquecer, não aprender as lições da história. Ruanda e Ex-
Yugoslavia estão entre os nomes que me vêem á mente ao falar em assassinos em massa só por causas de raça. Isto décadas depois do fim da segunda guerra mundial. Mas, os exemplos abundam.
Que nunca se esqueça que na Europa em pleno século 20, existiu uma maquina de morte bem lubrificada que exterminou pessoas devido a raça, religião, politica e orientação sexual.

Hoje é fácil dizermos que foi errado. Mas, como teríamos reagido se tivéssemos vivido no meio daquele ambiente, com uma propaganda feita para manipulação de sentimentos? Teríamos claro os princípios correctos?
A pergunta não é simples retórica. É que se continuamos atentos, quanta manipulação existe, quanto preconceito á espreita, quanta incompreensão para aquilo que nos é diferente!

(Caramba, onde se pode chegar quando se começa a falar dos Óscares…)



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segunda-feira, 3 de março de 2008

Sinto (cada vez mais) a tua falta

Tu não sabes…
A saudade que se tem de quem nunca acordou ao nosso lado.
A falta que se sente de quem nunca nos pegou na mão.
O prazer que dá sonhar com o que não aconteceu na realidade.

Tu não imaginas…
Como um sorriso teu me podia derrubar,
Como um teu abraço podia ter mais calor que o sol,
Como a tua voz podia ser a música da minha vida.

Ah!
Não sei se era realidade ou se são os meus desejos.

Realidade…
Real é a saudade, a falta e o sonho.


(Permitam-me incluir neste desabafo as palavras de
Bernardo Soares:
"Ah, não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram!")