terça-feira, 28 de abril de 2009

Uma flor. Uma pequena flor...


sábado, 25 de abril de 2009

Para sempre!



Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida 
como outra coisa qualquer 
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam
como estas árvores que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que sonho
é vinho, é espuma, é fermento
bichinho alacre e sedento
de focinho pontiagudo
que fuça através de tudo Em 
em perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela é cor é pincel
base, fuste, capitel
que é retorta de alquimista
mapa do mundo distante
Rosa dos Ventos Infante
caravela quinhentista
que é cabo da Boa-Esperança

Ouro, canela, marfim
florete de espadachim
bastidor, passo de dança
Columbina e Arlequim
passarola voadora
pára-raios, locomotiva
barco de proa festiva
alto-forno, geradora
cisão do átomo, radar
ultra-som, televisão
desembarque em foguetão
na superfície lunar

Eles não sabem nem sonham
que o sonho comanda a vida
que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos duma criança

Pedra Filosofal, António Gedeão

 

 


Para recordar as razões que causaram uma revolução. Para recordar aqueles que então, durante décadas, não pararam de sonhar. Para que nunca se esqueça a luta pela verdadeira liberdade. Para que todos os que continuam a sonhar não se cansem. Nunca mesmo...


sexta-feira, 17 de abril de 2009

Raiva

Foi então que senti como era imensa a distância que eu teria de percorrer, se quisesse dominar o meu futuro. Mas, nesse mesmo instante, despedaçou-me uma súbita revolta mais alta e mais forte do que quantos destinos houvesse. E disse para mim: «Hei-de fugir, hei-de vencer. Que ninguém tenha pena de mim. Hei-de rebentar com tudo. Destruído de peste. De opróbrio. De trampa. Mas hei-de vencer.»

Não sabia como iria cumprir a minha jura. Mas estava certo, violentamente, de que ela tinha a verdade do meu sangue.

(Manhã Submersa, Virgílio Ferreira)

terça-feira, 14 de abril de 2009

Estou Além

Hoje o post é dedicado á Radio Comercial - passe a publicidade!

Não é que hoje, precisamente hoje, ás 19 horas e qualquer coisa, passa esta música que andava a vagear na minha cabeça? E logo esta, precisamente esta versão?


domingo, 5 de abril de 2009

Catatau

Ontem vivi um fim de noite brutal ao aperceber-me de uma notícia que não esperava. Como a manhã veio a confirmar, faleceu alguém que durante algum tempo comentou no meu blogue. Começei por conhece-lo pelo nick “Catatau”, mais tarde fiquei a saber que se chamava João Manuel.

A única convivência que tive com ele aconteceu nas caixas de comentários do meu blogue. Não sabia como ele era (conheci a sua aparência hoje, no blogue do Pinguim), não sabia quais as suas qualidades e defeitos, não sabia como era a sua vida e as suas lutas diárias. Apenas sei que ia semeando palavras no meu “cantinho”.

Palavras essas que por umas vezes me faziam sorrir, outras vezes, pensar. Deram-me em certas ocasiões um “pequeno grande” ânimo para as horas seguintes do dia. Foram apenas palavras, é certo… Mas mesmo palavras podem fazer em algumas ocasiões uma grande diferença!

 

Estive hoje a rever algumas delas…

Emocionei-me com as últimas palavras que deixou como comentário num meu post. Ironicamente com o titulo “Adeus”.

 

 

“É um adeus de catarse ou é um adeus a um cordão quebrado? É um adeus-ó-vai-te embora ou é um adeus-eu-vou-ali-e-já-volto?

...É um adeus a horizontes, não é?
Virão outros, mais promissores e, provavelmente, mais aconchegantes.
Sinto que não andarás por aqui, mas sei que virás sempre.

Sócrates: um abraço até ao teu regresso! ;)”

 

Depois dei comigo a pensar nos seus amigos, familiares e com quem ele compartilhava a vida. É horrível.

 

Perdi as forças nas pernas e tive que me prostrar. Humilhado, vencido e revoltado perante a insensível, cruel e trituradora coisa a que nos habituamos a chamar de vida.

 

sábado, 4 de abril de 2009

Hate

Os protagonistas deste mês, na minha banda sonora, são os Blue October com “Hate Me”. 

Assim, de repente, parece um título um tanto ou quanto doentio para uma canção, até mesmo feinho, não é?

 

Normalmente desejamos ser amados, apoiados ou simplesmente entendidos, mesmo vivendo dentro da nossa controversa armadura de vida. Obviamente. Mesmo quando ousamos falar com nitidez das coisas tristes da (nossa) vida, sempre deixamos, no final, escapar um cintilante, mesmo que seja finíssimo, raio de luz esperançoso reflectido por um alvo dente encaixado no nosso sorriso.

No entanto, apesar do título, esta música não me brinda sentimentos gratuitos de depressão ou auto comiseração. Gosto do estilo musical, da voz temperada com uma sedutora rouquidão e da letra ajustada à realidade.

É que todos sabemos, e sentimos, que os nossos dramas pessoais, mesmo que dissimulados, afectam a quem queremos bem, aqueles que nos rodeiam. Nunca estamos isolados na peleja com os nossos dilemas, mesmo que dependa unicamente de nós próprios fazer alguma coisa.

 

Essas epopeias iniciam-se por desejamos orgulhosamente demonstrar atitudes nobres, mas a certa altura damo-nos conta da gigantesca, pegajosa e kafkiana teia de aranha que nos envolve. Quando a certa altura, o cansaço dos tempos - e dos sucessivos fracassos, convenhamos - começa a definhar as nossas articulações, paramos; dizemos para nós próprios que é apenas para momentaneamente recuperar forças que nos permitam continuar. Mas a verdade é que, em surdina, esperamos impacientemente que, neste momento de fraqueza, chegue o aracnídeo - afinal dono e senhor deste viscoso mundo que nos prende - e que misericordiosamente nos ferre. Nos injecte aquele veneno que, mesmo que arda como o inferno nos primeiros segundos, trará posteriormente uma promessa de paz e de esquecimento.

Em certas ocasiões, observamos disfarçadamente pelo canto do olho, que quem nos rodeia espera, polidamente, um resultado. Anseiam nos seus pensamentos que aconteça qualquer coisa; porque afinal também estão desgastados. Tentam empenhadamente entender o que não entendem, tentam ajudar sem saber como o fazer. Demonstram uma enorme empatia, e também um árduo amor, solitariamente apoiados na sua esperança e, combatendo as dormências e as vozes negativas, lá continuam.

(E nós? Continuamos a olhar para aquela teia, e cortamos um fio, depois cortamos dois, e a seguir cortamos três; depois já perdemos a conta a quantos cortamos e reparamos que estamos praticamente na mesma; depois calculamos o que acontecerá se em vez deste cortarmos aquele; depois paramos um pouco porque já estamos ofegantes; depois reparamos com os olhos cansados que ainda falta tanto…)

Apetece então dizer-lhes: Hate me! Deixem-me! Vivam as vossas vidas e deixem de estar presos a esta peçonha que é só minha. Cortem-me da vossa memória como se corta um membro gangrenado e salvem a vossa vida. Chorem e façam um luto – se o quiserem - durante uns dias, uns meses, ou até uns anos. Mas depois sigam em frente.

 

Há alturas em que não revolto-me minimamente perante a vida.

Há alturas em que reconheço que ninguém à minha volta tem a culpa.

Há alturas em que aceito que não existe nenhuma cabala divina responsável pelas minhas circunstâncias.

 

Sou apenas eu. Puro e sem gelo.

Não me amem. Não arranjem problemas.

Pois é…não deve ser muito saudável pensar assim…

(Mas, a canção é fixe, não é?)

 


Blue_October_-_Hate_Me_-_videopimp -

 

quinta-feira, 2 de abril de 2009

É só mimos!


O Daniel, na sua habitual generosidade, decidiu atribuir um prémio aos blogues seus amigos. Sinto-me muito honrado pela consideração de estar incluido neles e encaro este gesto como mais um estimulo para dar o (meu) melhor. Sou mesmo muito mimado por estas bandas...

(Quando tiver tempo - e disposição - para arrumar esta casita acastelada, vou colocá-lo junto dos outros.)


quarta-feira, 1 de abril de 2009

Dia de quê?

Sempre achei uma deliciosa ironia existir um dia consagrado ás mentiras. Parece que existe uma razão histórica para que tal aconteça. (Wikipédia dixit)

É interessante numa sociedade em que a mentira é uma arte popular e requintada, necessitarmos ter um dia para podermos assumir em voz alta: "Hoje vou dizer uma mentira!" Deve ser uma forma de terapia colectiva...

Sempre tenho uma discussão muito pessoal, de mim para mim, sobre o assunto. Meias verdades e omissão de factos, serão também mentiras?


Bem, para terminar vou deixar aqui uma verdade para reflexão:
"Vive a tua vida como se fosse o último dia, pois um dia acertarás!"

(OK! Nada tem a haver com o assunto, mas li-a ontem e apeteceu-me citá-la...)