quinta-feira, 31 de julho de 2008

PorqueMeApeteceum - Julho

Neste ultimo dia do mês recordo 10 citações (ou citações de citações) que li em alguns blogues e por alguma razão ficaram suspensas na minha memória.




I

“As verdadeiras conquistas resultam de processos dolorosos, de danos pessoais, de feridas abertas de cicatrização lenta.”


Para além da cristaleira, Arion2



II

António Ramos Rosa:

"Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.
"

, O poeta é um fingidor…



III

“Cada dia é apenas mais um dia. Que posso esperar da vida, se tudo o que amava foi perdido? Tenho vivido agarrado à esperança de que um dia melhor virá; apenas na esperança de um pequeno bafejo de felicidade... Os dias são, porém, cada vez mais vazios: reflexos da minha alma - ou a minha alma reflexo deles - ou reflexos uns dos outros - sem, contudo, saber quem reflecte e quem é reflectido...”


Depois não digam que eu não avisei…, André Benjamim



IV

“O Saber, cheio de sabedoria, respondeu:
- “Porque só o Tempo é capaz de compreender quão importante é o Amor na Vida”.”


Era uma vez…, Jasmimdomeuquintal



V

“A minha pátria é a justiça e a liberdade. Sem território, nem fronteiras. E por elas, sim, vale a pena lutar e morrer.

A minha bandeira são os olhos de quem amo. E são tantos os estandartes que levarei desta vida!

O meu hino são as palavras certas, construtoras de verdade, seja qual for a língua.

E o meu Dia... ah, o meu dia é só este momento, em que sinto e sou. E o que vier depois dele, e outro, e outro ainda, enquanto os meus olhos virem céu.”

Dia de…, Maurice



VI

Fernando Pessoa:

"Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um não. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo.”

Um pensamento de Fernando Pessoa, Sitio Peludo



VII

Jorge de Sena:

"Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam «amanhã».
E, por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.”


Palavras que nos salvam… Jorge de Sena, Felizes Juntos



VIII

"Há sempre alguém que nos pergunta pela nossa meta, e por quem chegou em primeiro ou em segundo na corrida.

E a corrida?
Corre-se ou estamos cansados?
Corremos por quem, pelo quê e para onde?
Com quem corremos hoje?

Alguém sabe?"

Metas, Gelado de Groselha



IX

Claude Levi-Strauss

"Devíamos renunciar completamente a tentar compreender o que é o homem se não reconhecermos que centenas e milhares de povos inventaram formas originais e diferentes de ser humano. Cada uma delas oferece-nos uma experiência da condição humana diferente da nossa. Se não tentarmos compreendê-la, não nos podemos compreender a nós próprios.”

Re_flexões, Three_Decades



X

"Em Camões arrebata-me a ideia que passa de que o amor só vale a pena quando é complexo, e contraditório…"

o livro como uma viagem…,Infinito Pessoal




(Peço desculpa aos autores dos respectivos blogues o não ter solicitado autorização prévia. A intenção era, obviamente, ser uma surpresa. Se alguém achar que foi um abuso da minha parte, contacte-me que retirarei a citação.)




segunda-feira, 28 de julho de 2008

Sócrates sem óculos e sem bigode















O pinguim já há algum tempo que me fez este desafio. Confesso que tremi, hesitei e duvidei se o faria. (Como é típico em mim….)

Assim, incapaz de chegar a uma conclusão absolutamente segura, lá usei duas das minhas máximas; as que uso para me forçar a decidir alguma coisa antes que o dia acabe:

“É para a desgraça, é para a desgraça…”

“Que se lixe!”


Assim, aqui vai o meu post mais transparente. Melhor que isto só a minha verdadeira fotografia…



Teimosia

Um amigo mais conivente poderá dizer que sou determinado. Mas, na minha sincera auto avaliação acho que pendo mais para o teimoso. Quando tenho algo em mente posso dar mil voltas para lá chegar, mas não paro. Ou me convencem real e profundamente (ou amaçam-me com uma tareia) e desisto; ou então posso ser “vencido, mas não convencido” e então quando menos alguém espera, continuo para onde quero chegar. Quando tenho alguma desavença com alguém, tendo a ser mais pelo quebrar que torcer.



Curiosidade

Desde cedo que assustei os meus progenitores com as “experiências” que fazia. Sim, estive quase a incendiar a casa; misturava toda a sorte de produtos engarrafados que encontrasse; apenas para ver o que acontecia! Vivia toda a gente a dizer-me que um dia a minha curiosidade ia ser a minha desgraça. Reconheço que é uma das minhas características mais fortes, mais incontroláveis e das que me dá mais sentido á vida. Tentei algumas vezes sufocar esta característica para evitar os hipotéticos problemas que poderia ter. Não consegui. Quando algo chama a minha atenção, tenho que saber os porquês.



Lealdade

“Como é que um tipo casado, que esconde que é homossexual, diz que é leal? Como é que anda aqui na blogosfera a escrever o que escreve, escondido de todos e evoca esta qualidade?”


(Abrir parêntesis)

Por lealdade é que, apesar de me sentir diferente desde que tenho memoria, fiz escolhas que todos gostavam que eu fizesse. As decisões que correspondiam àquilo que os outros esperavam de mim. Lealmente achava que a felicidade do grupo era superior á minha.

Por lealdade, nunca tive uma vida dupla, nunca fui promíscuo, não frequentei locais ou sites de encontros furtivos. Mas, cheguei a uma altura na minha vida em que não posso, não quero continuar desta maneira. Sinto que o mero desejo oculto que tenho já é falta de lealdade aos que me rodeiam. Comecei a escrever este blogue numa necessidade desesperada de me informar, compreender e escutar. Pois, não tenho absolutamente ninguém á minha volta com quem possa desabafar. Achei que devia começar por aqui antes de ir a um psicólogo, psiquiatra ou outro profissional de saúde mental. Não iniciei este blogue na ideia de conhecer alguém para viver uma vida oculta. Necessito primeiro encontrar um mínimo de clareza e paz mental. Impus a mim mesmo um prazo razoável para falar, escutar e decidir seja o que for. Este blogue, com as suas características próprias, tem assim um prazo de validade. O que é claro para mim é que nesta situação esquizofrénica eu não quero continuar.

(Fechar parêntesis)


Numa amizade sou leal ao ponto de encarar o apoio dado aos amigos como algo muito sério e onde me empenho arduamente. Aprendi com a experiencia, a por vezes parar e avaliar se não estou a ser chato, e tento moderar equilibradamente a minha entrega. Não suporto ouvir falar publicamente mal dos meus amigos, mesmo quando existe razão. Não tenho problemas em dizer-lhes, em particular, onde é que eles estão a falhar, mas em publico nunca o farei.



Insegurança

Não sei se é devido a uma infância de miúdo gordinho que não sabia jogar futebol, se de alguns traumas do passado ou por ser mesmo assim o meu feitio. No que faço, procuro sinais de aprovação dos outros. Os elogios dão-me a sensação de que fiz algo bem e quando recebo algum sinal de desaprovação – que pode ser imaginário - faz-me pensar que faço tudo mal. Muitas vezes prefiro evitar um confronto, num assunto onde até posso estar certo, só pela insegurança.



Vagarosidade

Não sou preguiçoso, mas gosto de viver calmamente. Arrepia-me as pessoas que andam a correr de um lado para outro sem necessidade, só porque tem a mania de ser eléctricas e que querem meter toda a gente numa espécie de carrossel que cada vez gira mais depressa. Gosto de fazer as coisas sem pressão, gosto de saborear o tempo, gosto de me demorar nos locais, gosto de ler um livro voltando atrás quando me apetece, gosto de me sentar num banco de jardim apenas para lá estar a ver a vida, gosto da sesta. Gosto de ir a lojas e andar lá sem ser para comprar nada, só para ver as novidades, promoções ou sei lá o quê!



Nostalgia

A pior seca que alguém pode levar de mim é quando me dá uma desculpa para falar do passado, dos locais, das recordações. Desembucho histórias, experiências, musicas, filmes, o antigo preço das coisas. Gosto muito de recordar.

Mesmo sendo de lágrima difícil, tenho um “estômago” muito sensível. Um pequeno gesto, uma palavra, uma lembrança singela… recordo-o para a eternidade. Uma música ou uma cena de um filme marca-me (Chorei com o ET em miúdo!)


Este sentimento de nostalgia é em parte também responsável pela minha faceta de sonhador. Sempre a acreditar que tudo vai ser muito bom; que uma situação agradável é o inicio da mais bela história. Como – é fácil de ver – já me lixei com esta característica. Assim, que desenvolvi como auto-defesa o ser um pouco desconfiado no começo de novas situações. Mas, é uma desconfiança artificial, enxertada na minha maneira de ser; o software original é de ser um sonhador incorrigível.




Como é lógico de ver não garanto uma fiabilidade cem por cento a esta avaliação. Primeiro, porque qualquer pessoa é mais do que a soma de seis características. Depois, por que é difícil alguém ser um bom juiz em causa própria. Como Comte afirmou: “Não é possível olharmo-nos através da janela e ao mesmo tempo vermo-nos a passear na rua.”



domingo, 27 de julho de 2008

O que é realmente importante?




Óculos de sol - 24 €
Acesso a água - 8 €


Vi esta foto no blogue
Chá Branco. Não resisti!



sábado, 26 de julho de 2008

A Baía de Cascais




Primeiro.

Uma linda baía. Uma mimosa praia onde convivem veraneantes e barcos de pesca genuínos. Ainda é dos locais muito bons para alguém se sentar, e pensar na vida.


Segundo.

Um pretexto para lembrar-me dos Delfins. OK, não são a banda da minha vida, mas também classificá-los de péssimos e atirar foguetes porque anunciaram - de uma maneira muito insólita e comercial - a sua futura dissolução, também não percebo. Posso a estar a ser traído pelo sentimentalismo. Afinal já sou cota. Afinal era uma banda da terra e até conhecia de vista alguns membros. Mas, para festejar o fim de algumas carreiras de artistas, eu gastava as canas no Quim Barreiros, na Ágata, no pai e filho Carreira, Roberto Leal e por aí seguido.


Nos meus tempos imemoriais cheguei a assistir a um concerto dos Delfins. Cantarolei algumas vezes o “Ao passar o navio”, “Cor azul” e “A baía de Cascais”.


Confesso que dava pena, desde já há alguns anos, serem uma espécie de mortos-vivos no panorama musical. Isso é verdade! Mas, esquecer todo o seu percurso, e, porque recentemente são alvo de piadas fáceis de alguns cómicos, dizer que são uma porcaria, também não vou por aí.

Mas, nisto da música, como de muitas outras coisas, cada um tem o seu gosto. Eu não estou a tentar converter ninguém a suportar ou até gostar dos Delfins. Estou a dar um desabafo, uma opinião. Luxos de quem tem um blogue! Mas, como tenho sentido de humor, quem quiser dar umas piadolas nos comentários, esteja à vontade.



(Eu hei-de pensar neles enquanto estiver sentado na Baía de Cascais, a comer um gelado do Santini.)