quarta-feira, 30 de abril de 2008

Abril terminou, e eu aqui estou

Último dia do mês. Tempo para salientar o que me apetece na minha “second life” (a blogosfera, é claro!) Antes, uma constatação fruto da experiência. Neste mês tive consciência que tenho dois inimigos no mundo dos blogues. Trata-se do tempo e da distracção.

O tempo, porque passa depressa. Gostava de ter alguma forma de o parar quando estivesse a ler blogues, tipo o rapaz japonês do “Heroes”. Estou tão entretido e… pumba! Já tenho que deixar o computador.
Também a distracção, porque sou lento e ainda por cima distraído por qualquer pormenor que se atravesse na informação que estou a ler. Depois tenho que reler, ver o que está em baixo, o que está em cima, ao lado, as referencias, os comentários e outros posts relacionados.

Tenho um conjunto de blogues que dei por mim a chamá-los de “incontornáveis”. Estar na Internet e não os ler é impensável. São parte do meu dia. É uma leitura automática e necessária. Tudo bem. O problema é que gostava de alargar os meus horizontes. Estender-me para outros blogues. Mas, o raio do tempo e da distracção… (Que melgas ditadoras!) Por isso são os meus inimigos. Mas, neste mês chuvoso de Abril fiz um esforço de incluir algumas novas leitura na minha dieta. Assim, vou destacar o que me apeteceu dos novos terrenos que pisei um pouco mais regularmente. Claro, que me apetecia comentar coisas muito marcantes nos meus blogues incontornáveis, mas para eles as minhas sentidas desculpas, pela omissão. (Estou desculpado, amigos?)


PorQueMeApeteceum Abril 2008

Sitio Peludo
O poeta urbano. O poeta das letras de diversos tamanhos e diversas cores (o das pontes foi um exemplo lindo). O poeta agitador q.b. Diversificado nos assuntos. E é peludo!

Começar de Novo
É como abrir uma janela que tem uma vista repousante. Onde se respira ar puro, se vê campos calmos. É um saber descrever as coisas simples e verdadeiramente importantes da vida.

Blogue de informações absolutamente inúteis!
É a “loucura” saudável. Parece que andamos a correr atrás do unfurry nas suas voltas diárias. Escreve como que estivesse a falar connosco. Bom blogue para nos pôr bem dispostos e positivos. (Aquelas versões do Senhor dos anéis! Já não chorava a rir desta maneira há algum tempo...)

Bruma dos Dias
“é que a vida não pára, mesmo que estejas no mesmo lugar”. Diz tudo. Apesar do nome, não é nada embaciada a visão das coisas. Gostei muito do post sobre o seu pai.

Infinito Perdido
Ai histórias! Sabe bem ler assim. As coisas são o que são, saber contá-las e expô-las é um serviço público. (Divirto-me a ver com o “Live traffic feed” do teu blogue me atribui tantas localizações…)


(Como prémio, será atribuído a todos um dia feriado amanhã. Aproveitem…)



segunda-feira, 28 de abril de 2008

Projecto (Sina II), Piratas & Pena

Projecto


O açúcar da minha bica continua a insistir em ler-me a sina. Gostava que um dia isto acontece-se mesmo. Mas, não era preciso ser o mundo. Bastava os cantinhos de Portugal que já ficava contente.



Piratas



Ainda bem que vou encontrando estes cartoons para disfarçar a falta de inspiração (ou a preguiça!)


Pena



Este ano não consigo ir á festa na "minha" Beja. Onde está "todo o Alentejo deste mundo". Pena...


sábado, 26 de abril de 2008

Guernica




A primeira vez que observei bem este quadro foi num livro de História do 9ºano, se a memoria não me atraiçoa. A curiosidade por uma obra de arte que fugia do conceito realista tradicional fascinou-me. A mistura de desenhos abstractos, intensos e expressivos agarrou-me. Muitas vezes vagueei mentalmente durante algumas aulas mais aborrecidas, a olhar para ele. Confesso que também lhe fiz alguns rabiscos por cima (era um vicio mais forte do que eu…); assim como também o tentei reproduzir, para ter a frustração de descobrir de que nunca ia ser um Picasso.

Há algum tempo atrás tive um momento histórico relacionado com este quadro. Digo histórico porque me diverte solenizar certos momentos da minha vida. Este foi um deles. No Museu Rainha Sofia, em Madrid, finalmente encontrei-o. A este quadro. O enorme e original. Sem nada entre mim e ele. Finalmente estávamos cara a cara. O quadro que tanto olhei, repintei e interroguei. Por isso digo que fiz história. A minha. Estive com um ar tão extasiado e demorado, que acho que os seguranças ainda me devem ter observado com suspeita. Mas, eu queria apenas saborear pachorrentamente o meu momento. (seria perfeito se pudesse tocá-lo)

Ironicamente, a razão de Picasso ter pintado este belo quadro é uma história bem feia.

O dia 26 de Abril de 1937 é dia de mercado na cidade basca de Guernica. Às quatro e meia da tarde surge sobre os céus a silhueta solitária de um avião de combate alemão. Começa a largar as primeiras bombas de uma longa série de ataques, que se prolongam até ao cair da noite. O ataque reduz a cinzas e escombros a pequena cidade de menos de dez mil habitantes. Fala-se em 1600 mortos e 900 feridos. O centro da cidade foi totalmente destruído, as ruas e praças envoltas em chamas, devido em larga medida ao facto de as construções serem maioritariamente de madeira. Do panorama desolador que fica do ataque alemão, salvam-se os símbolos da liberdade basca – um carvalho centenário e a medieval Casa dos Foros - que escapam à destruição, por se situarem longe do centro da cidade. A velha árvore só em 2005 morrerá de doença, sendo substituída por uma nova, nascida das sementes da primeira. A herança deste bombardeamento maciço será, mais tarde, a sua generalização durante a II Guerra Mundial, com devastadora eficiência, sobre alvos europeus e alemães, de que a acção anglo-americana sobre a cidade alemã de Dresden, em Fevereiro de 1945, é o exemplo máximo.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Somos livres (uma gaivota voava, voava)

Uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Ermelinda Duarte


Não tenho memória do 25 de Abril. Se me perguntarem: “Que estavas fazer no 25 de Abril?”, posso responder que devia estar a brincar, a dormir, ou a ser mandado comer a sopa. Era pequeno e não me lembro dos acontecimentos.

A primeira ligação ao 25 de Abril foi cantar com a pequenada estes versos de uma das mais famosas melodias pós-revolução. Cantava-mos desafinados, a plenos pulmões e a saltitar pela rua sem saber o seu significado. A melodia era pegadiça e a história da gaivota, bonita. Quando mais tarde a entendi melhor, bem vi que vale a pena cantar a plenos pulmões a alegria de se ser livre.

Hoje vou trauteá-la.
Porque tanto tempo depois daquela revolução que começou a mudar um país, continua a ser necessário outra revolução.
Uma revolução pessoal para ser livre de voar, de crescer e de dizer.


quarta-feira, 23 de abril de 2008

Alentejo da minh’alma


Origem da imagem


Planície como página
este é o chão que procurava
silêncio feito asa
quase pão quase palavra.
Para ser canto
para ser casa.

Manuel Alegre, “Página”, in Alentejo e Ninguém


Ultimamente, dou por mim a pensar no Alentejo.
Tenho duas regiões que me apaixonam: Alentejo e
Trás-os-Montes. Já Miguel Torga dizia que eram “províncias irmãs”. Mas, deixem-me ser franco. A minha paixão desmesurada é o Alentejo. Costumo dizer que tenho uma costela alentejana. Mas, esta afirmação não é tecnicamente correcta. Sou um lisboeta que pelo menos até aos avós não tem raízes alentejanas. E talvez seja mais certo dizer que se tenho uma parte do corpo ligada ao Alentejo, é o coração.
Como apanhei esta paixão? Sinceramente não tenho uma explicação com base científica para o caso. Tenho alguns episódios na minha vida que me dão umas pistas.

Os primeiros sinais
Recordo em criança, aquando de passar pelo Alentejo a caminho do Algarve, ficar com o nariz magneticamente agarrado á janela do carro a ver a paisagem. Planície até perder de vista, manchas de casas brancas tão bem delimitadas em relação ao campo, silhuetas de castelos e torres de igrejas recortadas no horizonte; oliveiras retorcidas, ora solitárias, ora em imensos grupos. Eu simplesmente olhava e sentia que ali estava algo muito importante. Algo que era meu também. Desfrutava muito daquela parte da viagem antes das curvas enjoativas da serra do Caldeirão.

Mais tarde, fomos algumas vezes em família a Beja. Foi a primeira cidade que explorei neste “meu” território. A Torre de Menagem! O Jardim Gago Coutinho e Sacadura Cabral! O Museu Rainha D. Leonor! Neste museu recordo o guia. Entusiasmou-se perante uma criança curiosa. Explicou-me a certa altura que Beja podia ter tantos monumentos como hodiernamente Évora exibe. No passado, um governador da cidade mandou arrasar parte dela a fim de desenhar ruas mais largas e modernas, e que desta maneira se perdeu uma riqueza arquitectónica incrível. Aquilo deu-me pena! Fiz então um juramento para mim próprio. Iria amar sempre aquela cidade que foi expropriada da sua beleza antiga. Sou fiel a esse voto. Confesso que gosto imenso de Évora e outras cidades e vilas alentejanas. Mas, Beja… Beja é a minha querida a quem vou sempre querer…

Partida e regresso
Há algum tempo estive um par de anos a residir no Alentejo. Morar e trabalhar lá foi das melhores coisas da minha vida. Mas, quero agora destacar o que aconteceu quando tive que partir. Senti algo novo no mundo dos meus sentimentos. Ao deixar de madrugada aquela localidade e ao olhar para o espelho retrovisor senti uma espécie de tristeza que nunca tinha sentido. Não era pena ou melancolia. Era como se parte da minha razão de acordar cada dia tivesse lá ficado. Era como se estivesse a ser um traidor, a abandonar quem me tinha dado tudo. Confesso que ainda sinto viva essa sensação.
Passado uns tempos, tive oportunidade de voltar para uma breve visita. Quando vislumbrei ao longe a urbe, não é que me humedeceram os olhos? Não é figura de retórica. Chorei mesmo.

E desde então, longe do Alentejo sinto-me incompleto. Imaginem que já aconteceu ver na televisão imagens do Alentejo, e bem, tenho que ir buscar o lencinho.

Alentejo. Alentejo da minh’alma.
Para mim, não é apenas uma bela região do nosso pais. Para mim é um sentido de viver, uma cadência de sentir, um horizonte de sentimentos.

Eu gostava de vos explicar um dia o que amo no Alentejo. O que o faz ser especial para mim. Mas, hoje não. Ia ser muito longo este post. Quis apenas compartilhar uma paixão. Uma das minhas grandes paixões.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O selo



Sócrates queria um selo com a sua fotografia para deixar para a posteridade a memoria do seu mandato no Governo deste país. Os selos são criados, impressos e vendidos. O nosso Primeiro fica radiante! Mas em poucos dias ele fica furioso quando ouve reclamações de que o selo não adere aos envelopes.

O Primeiro-ministro convoca os responsáveis e ordena que investiguem o assunto. Eles pesquisam as agências dos Correios de todo o país e relatam o problema.

O relatório diz:
"Não há nada de errado com a qualidade dos selos. O problema é que o povo está a cuspir no lado errado."


domingo, 20 de abril de 2008

34

33 estiveram lá. Tudo correu bem, conforme os relatos.
As fotos do blogue do pinguim fizeram-me sentir a ocasião de outra maneira.
Eu fui o 34.º (para mim)
Fui e não paguei a conta :-)



sábado, 19 de abril de 2008

Cantiga de Amigo

Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausência tudo liso de espanto
e nem Camões Virgílio Shelley Dante
o meu amigo está longe
e a distância é bastante.


Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mãe nem pai
Ah não Camões Virgílio Shelley Dante!

o meu amigo está longe
e a tristeza é bastante.


Nada a não ser este silêncio tenso
que faz do amor sozinho o amor imenso.
Calai Camões Virgílio Shelley Dante:
o meu amigo está longe
e a saudade é bastante!

Ary dos Santos


(Para vós amigos, porque hoje não estou onde queria estar)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Sem duvida


Fonte da imagem

“A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflecte. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o património de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.”

Vinicius de Moraes

(Estes meus dias estão assim)

terça-feira, 15 de abril de 2008

A essência do pecado e a homossexualidade

Quando o tema é a homossexualidade e o interlocutor é alguém religioso, salta logo como uma mola a palavra pecado. Palavra usada como uma espécie de argumento peso-pesado, sem possibilidade de contestação.

Pecado? Mas, o que é o pecado?
A tradição judaico-cristã coloca-nos perante o conceito de pecado em dois níveis.
Primeiro, ensina que todos nascemos inerentemente pecadores. O que significa que somos incapazes de sermos perfeitos em pensamentos e acções. Ou seja, carregamos a culpa de todos os dias sermos uns falhados. (“Pede perdão a Deus, que se não sabes o porquê, Ele sabe”)
Segundo, existe o pecado consciente, propositado. Trata-se de em termos simples, ofender a Deus por não cumprir as suas leis. Esse tipo de pecado pode ser evitado ou quando cometido, perdoado, se existir arrependimento e penitencia.

Como se sabe o que é pecado? Para todas as denominações cristãs, existe um consenso de que a Bíblia contem o conjunto de princípios e leis que definem que pensamentos e acções constituem pecado. Mas, a noção de pecado também tem uma lógica por detrás. O crente aceita-o por que crê na autoridade de Deus. Mas, também existe uma razão para que algo seja classificado de pecado. Por exemplo, peguemos nos mandamentos “Não matarás, não roubarás ou não cobiçarás”. Trata-se de acções (no caso dos primeiros dois) e pensamentos (o terceiro) com os quais podemos prejudicar o bem-estar e os direitos de outros. Tem lógica.

Então, voltemos ao início.
Tem lógica classificar o homossexualismo como pecado? A essência do pecado tem algo a haver com a homossexualidade? Que razões podem ser invocadas para que alguns respondam sim a estas questões?

(Estas questões não são colocadas de maneira inocente. Desde que comecei a sentir a minha tendência homossexual que começou a existir um conflito dentro de mim. Um conflito brutal, que chegou a ter contornos auto destrutivos. Assim, quando comecei a admitir perante o meu espelho, e aqui, perante quem lê o meu blogue, sabia que não podia fugir a esta “viagem” ao centro das minhas crenças.)

Tudo começa e acaba com a questão: Porque raio a homossexualidade é pecado? Que razão válida existe?
Comecemos pelo princípio. O que dizem os textos sagrados? No Antigo Testamento havia orientação clara para aplicar a pena de morte a quem praticasse o homossexualismo. Existe o relato da destruição de duas cidades, Sodoma e Gomorra, directamente por Deus ao enviar fogo e enxofre do céu, devido á pratica generalizada do homossexualismo. No Novo Testamento, não encontramos nas palavras de Cristo referência directa a este assunto. Mas, S.Paulo em algumas de suas epístolas (Romanos, 1 Coríntios e a 1 Timóteo) e S.Judas, condenam o homossexualismo e argumentam que irão ser punidos eternamente, a não ser que mudem.

Assim, usando citações bíblicas, a homossexualidade é encarada como um pecado. Um pecado que merece a morte. Mas, falta algo. Falta esclarecer uma coisa. Para que tivesse a força da lógica é necessário responder á questão: quem sai prejudicado por uma pessoa ser homossexual?

Bem, se alguém á força obrigar a outros a praticar o homossexualismo, isso teria lógica para ser classificado de pecado. Mas, e quando duas pessoas, adultas, se sentem atraídas uma pela outra, e, sem incomodar a terceiros, querem desenvolver laços afectivos, onde está o pecado? Onde está o prejuízo? Onde está a lógica para essas pessoas merecerem uma morte eterna?

Em alturas que coloquei academicamente esta questão, escutei respostas deste tipo: "É contra o padrão normal de Deus”, “ Ele deu uma Eva a Adão e não outro Adão", "Se o homossexualismo fosse normal, acabava a humanidade, pois não existia o nascimento de filhos" ou "Pode ser um mau exemplo para outros se for permitida a sua prática". (Bem, bem, bem!)

Ser o padrão normal um homem coabitar com uma mulher, não responde á questão. Porque então também seria pecado alguém ficar solteiro…
E a questão de não nascerem filhos num relacionamento homossexual é patético… Então seria igualmente pecado um casal heterossexual não ter crianças. (Não, não tem lógica…)
Do possível mau exemplo, nem me vou dar ao trabalho de refutar para não ofender a inteligência de quem está a ler este texto. (Como se casamentos heterossexuais tivessem a aura de santidade com a sua exemplaridade…)

Assim, apertando o cerco da lógica, a ultima defesa do crente é: "Na Bíblia o homossexualismo é condenado por Deus. Se lá está, temos que obedecer. Ponto final. Eu por mim, até tenho pena deles, mas está escrito…"
(Beco sem saída)

De facto, as passagens bíblicas que mencionam a condenação do homosexualismo não tem muita margem para serem classificadas de simbólicas. Estão num contexto bem literal. Para quem tem na Bíblia o seu seguro contra a incerteza da vida e da morte, não é muito confortável admitir que uma pequena parte dela possa ser posta em causa. O que se diria do restante? Entre sacrificar a hipótese da sua salvação e o direito a outros serem diferentes… O sentido de sobrevivência dita a opção. É como que dizer: “Isto está lá escrito, eles que desenrasquem-se…”
Pois, eu comecei a pensar da mesma maneira. A homossexualidade ser condenada como um pecado digno de fogo e enxofre não tem lógica que a sustente. Quem não entende isso que se desenrasque….

Algumas igrejas cristãs vão-se sentido desconfortáveis com estas passagens, que dão uma visão redutora e retrogada. Cada uma vai resolvendo o assunto á sua maneira. Sinceramente, ainda não me debrucei sobre que argumentos doutrinais algumas delas usam para até ordenar alguns membros do clero que assumem publicamente a sua homossexualidade. Algumas, temperam o assunto com o ilimitado amor de Deus. Ainda algumas fecham simplesmente os olhos e dizem que nem tudo o que está escrito deve ser levado a sério. Outras enfatizam que desde que não haja a prática não há o pecado. Claro, que outras continuam no seu caminho fundamentalista.

Mas, continua o dilema para quem sinceramente crê nas Sagradas Escrituras como Palavra infalível.

Tudo o que lá está é verdade absoluta e estamos a ser traídos pelos nossos sentimentos, e a continuar a pecar vamos todos para o inferno?
Existem partes que não devem ser levadas tão a sério? Se assim, como saber quais são? Serão simbólicas á medida da nossa conveniência?
Ou simplesmente este histórico livro foi fruto da mente humana, limitada assim pela sua sabedoria e tempo de escrita?

O que sei é que cada um terá que encontrar uma resposta para seguir o seu caminho e ter paz. Creio que quem assume a sua homossexualidade não tem que obrigatoriamente descartar a existência de Deus. Muitos que foram afastados da sua igreja por viver a sua sexualidade, continuam a ter fé e desejar praticar a sua crença. É fácil ver na Internet grupos de homossexuais que continuam a se identificar com uma religião que não os aceita como tal.

Esta questão pode parecer infantil e desnecessária para quem não acredita ou dúvida da existência de Deus. Eu sinceramente, neste preciso momento, não sei que dizer sobre isso…

A fé não discuto. Quando muito, escuto e falo. É um património pessoal que cada um tem o direito de ter e ser respeitado. Nem necessita provar a outros o porquê de acreditar no que acredita. É a sua prorrogativa.
Apenas desejo reflectir nas reais razões que existem para que alguns queiram destruir a vida de quem não nasceu como os outros e apenas deseja ser feliz. Que não deseja prejudicar ninguém, apenas ter direito a amar e ser amado. Terá lógica aceitar uma lei que não tem a lógica a suportá-la?
Como já disse, para quem foi criado com valores religiosos e os considerou importantes durante muito tempo, esta viagem é um caminho que tenho que fazer.

Forçosamente. Leve-me a estrada onde levar.

domingo, 13 de abril de 2008

Nem sei que titulo dar a isto!


Foto tirada daqui

Isto já estava a durar muito. Eu sem querer admitir, pressentia. Era já muita alegria, brejeirice, receitas, canções para aqui e para acolá. Eu estava a estranhar tanto desprendimento, tanto sentimento positivo. De vez em quando lá pensava: “Não estou a conhecer-me. Sou eu, assim? Tão solto, Tão galhofeiro…”

Então, senti-a. Bati nela.
Invisível, mas estava lá. A dar a sua sentença final. A barreira.

Como hei-de explicar?
Já viram aquela mosca, que passeia-se pela nossa casa toda contente da silva, a fazer piruetas e a julgar-se dona de tudo?
E que faz ela, quando fartinha dos mesmos círculos, no mesmo espaço, vê o sol e a paisagem e decide partir para lá?
Voa, voa e… zumba. Bate no vidro. E volta a tentar, e volta a bater. E não desiste. Não entende porque não consegue passar. Não vê nenhuma barreira. Tudo é cristalino á sua frente. Toca a marrar contra a janela. A liberdade está mesmo ali…

Assim, ando eu. Olho, leio, ando a voar. Todo contente. Pirueta para cá, pirueta para lá. Depois olho para fora. Vejo onde os outros estão. Que fixe! Quero ir também, já estou farto disto aqui.

Eu vou, vou…
Bato no vidro. E tento. E volto a bater. Mais uma tentativa, mais uma pancada.

A tristeza voltou a apanhar-me…
(Raios a partam… Raios a partam… Raios a partam…)

sexta-feira, 11 de abril de 2008

… e panquecas!

O culpado deste post foi o The Unfurry Swear Bear.
Começa a falar de crepes, culinária… e prontos, despertou o "monstro" da cozinha que existe em mim.
Por isso, um dia hei-de vos dar uma "seca" sobre a maravilhosa arte da culinária. Hoje não. Hoje gostava de ampliar o assunto dos crepes. Eu gosto também muito de panquecas. Que são primas dos crepes. Gosto de as fazer e comer. Quando estou na cozinha a elaborar a sua confecção sempre me recordo um antigo sketch do Herman José e não evito um sorriso pateta…


Bem, e qual a diferença entra crepes e panquecas?
O crepe, típico da Europa, tem uma massa fina, cremosa e mais leve. A panqueca é mais americana, sendo o seu nome derivado do inglês “pancake” significando “Bolo de Panela”.
A diferença reside na espessura, nos ingredientes e no modo de fazer. Normalmente são mais encorpadas, com espessura de mais ou menos meio centímetro. Eu gosto imenso com mel misturado com manteiga, um bom creme de chocolate, qualquer doce, queijo, etc.

A minha receita base é antiga:

1 quilo de Farinha
1 litro de Leite
4 Ovos
200 g. de Açúcar
2 colheres de sopa de Mel
½ copo Sumo de laranja

Bater o leite com os ovos (não muito, apenas misturar)
Juntar pouco a pouco a farinha
Depois o açúcar, o mel e o sumo de laranja
Deixar misturar, sem bater demasiado.
A parte da frigideira é como os crepes. Aqui com as panquecas dá para as virar tipo espectáculo acrobático aéreo. Nunca nenhuma se colou no tecto, mas algumas já foram parar ao chão!

Olhem, são servidos? É que fiquei com vontade de as fazer. Quem chegar primeiro cá a casa come quantas quiser….

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Este vai direitinho para Pinhel

Estou mesmo a gostar de pôr vídeos do YT inseridos no texto. Quando se começa a fazer algo que ansiava-mos á muito tempo é o que dá!
Hoje, este vídeo recordou-me as canções pedidas e dedicadas nas rádios locais. (Tou Chim? Poxo dixer a fraxe?...)
Este vídeo vai dedicado ao André Benjamim.

Primeiro, porque nos dá magia no seu blogue (tem a haver com a escolha da musica).
Depois, porque vi o seu vídeo de promoção do livro e vi um lutador.
A seguir, gosta de Fernando Pessoa, destacando Álvaro de Campos.
Mais... Sei que gosta dos Queen, e que "deliraria" receber a dedicatória de um video.
Também porque é de Pinhel, onde já fui muito feliz a passear junto da sua torre altaneira.
(Prontos, podia dizer que gostei de ter mencionado um comentário meu no seu blog, mas a minha modéstia impede de fazer referencia a esse facto...)
E, por ultimo, porque me apeteceu!

Assim, AB, este é todinho pa ti! Bom dia, boa tarde ou boa noite!





terça-feira, 8 de abril de 2008

Estrada

Meu amor
Não quero mais silêncio escondido
Nem a dor
Do que cai em cada gesto ferido
Quero janelas abertas
E o sol a entrar
Quero o meu mundo inteiro
Dentro do teu olhar

E hoje, vê
A estrada é feita para seguir
E hoje, sente
A vida feita de sentir
E hoje vira do avesso o mundo
E vê melhor
Deste lado é mais puro
É teu
É tão maior
Deste lado é mais puro
É meu
É tão maior


do novo álbum de Mafalda Veiga “Chão”

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Sina, Sucesso & Simpatia

1. A Sina
No domingo, vou tomar a minha consoladora bica. Olho para o pacotinho de açúcar e...

(Meu Deus! Até os do café já sabem...)


2. O Sucesso
Após ter ajuda preciosa, consegui pela primeira vez colocar um vídeo do YouTube inserido nos meus posts. Sucesso!!! Assim, o primeiro é dedicado aos meus tutores (Pinguim, Hydra e Special K)
E... peço perdão a uma grande canção que não inclui na anterior lista!






3. A Simpatia
Baseado num mail que recebi, descrevo os desabafos de um marido, para que muitos de vós, que não lidam com esta situação, tenham simpatia por eles...

"A Minha mulher e eu temos o segredo para fazer um casamento durar: duas vezes por semana, vamos a um óptimo restaurante, com boa comida, boa bebida, e bom companheirismo. Ela vai às terças-feiras, e eu às quintas.

Nós também dormimos em camas separadas. A dela é no Algarve e a minha em Bragança .

Eu levo a minha mulher a todos os lugares, mas ela sempre consegue encontrar o caminho de volta.

Perguntei a ela onde ela gostaria de ir no nosso aniversário de casamento."Para um lugar que eu não tenha ido há já algum tempo!" disse ela. Então, eu sugeri a cozinha.

Nós sempre andamos de mãos dadas. Se eu a soltar, ela vai às compras.

Ela tem um liquidificador eléctrico, uma torradeira eléctrica, e uma máquina de fazer pão eléctrica. Certa vez queixou-se: "Nós temos muitos aparelhos, mas não temos lugar para sentar". Então, comprei para ela uma cadeira eléctrica.

Lembrem-se, o casamento é a causa número um para o divórcio. Estatisticamente, 100 % dos divórcios começam com o casamento.

Eu me casei com a "Sra. Certa". Só não sabia que o primeiro nome dela era "Sempre".

Já há 18 meses que não falo com minha mulher. É que não gosto de interrompê-la. Mas tenho que admitir, a nossa última discussão foi minha culpa. Ela perguntou: "O que é que têm na TV?" E eu disse "Pó".

No começo Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e descansou. Depois, criou a mulher. Desde então, nem Deus, nem o homem, nem Mundo tiveram mais descanso.

Quando a nossa máquina de cortar relva avariou, a minha mulher sempre ficava a dar a entender que eu deveria arranjá-la. Mas eu sempre tinha outras coisas para fazer antes: o carro, a pesca, o futebol, sempre alguma coisa que fosse mais importante para mim. Finalmente ela pensou numa maneira de me convencer. Certo dia, ao chegar em casa, encontrei-a sentada no jardim, ocupada em cortar cada folha da relva com uma tesourinha de costura. Eu olhei em silêncio por um tempo, e emocionado entrei em casa. Em alguns minutos depois, eu voltei com uma escova de dentes e lhe entreguei. “Quando acabares de cortar a relva," disse, "podes também varrer o pátio."
Depois disso não me lembro de mais nada. Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas coxearei pelo resto da vida".

"O casamento é uma relação entre duas pessoas na qual uma está sempre certa e a outra é o marido...

(OK! Foi muito preconceituosa! Mas, foi tão engraçada... )

sábado, 5 de abril de 2008

As sete magnificas (mais as suplentes)

O André Benjamim surpreendeu-me esta semana em dose dupla. Uma das surpresas foi um desafio. Ter que escolher seis musicas marcantes para mim. Pensava que ia ser fácil…

Olhei para as minhas músicas e como gosto de todas tive que esquematizar um critério para que alguma salta-se á vista como mais marcante. Então pensei assim: “Se amanhã fosse para a cadeira eléctrica (cruzes, canhoto, e outras benzeduras mais…) que musica gostava de ouvir como a ultima?” Isto assim obrigava a coisa a ser mais séria.
Comecei. “Esta é gira, …aquela recorda-me isto, … a outra faz-me chorar,… Ah! Que saudades, … etc. e tal”. Vai, não vai e cheguei a bem mais de 50 músicas especiais! E isto sem contar com a música clássica. Só na área do pop/rock.
(Acho que a comparação que fiz, subconscientemente, fez-me escolher muitas músicas para adiar sine die a data da execução)

E agora? Bem, primeiro, comecei a dolorosamente excluir algumas, com a sensação de crime de lesa-música. Mas, mesmo assim não consegui chegar ás 6.
Mudei de estratégia. Vou fazer batota para ver se consigo “
tentar meter o Rossio na Betesga”. (A ver se convenço o AB com a minha estratégia).

Então, a argumentação é a seguinte:
Primeiro, eu não gosto do número seis. Na numerologia bíblica é um número imperfeito, dá azar. Enquanto o número sete é um número positivo, bonito e de boas vibrações. Assim, vou pôr sete musicas…
Depois, como eu não consigo por os raios dos vídeos do Youtube a trabalhar inseridos no texto (será que alguma alma piedosa me diz como fazer isso? Os meus vídeos consigo, fazer um link do YouTube na barra lateral também, mas inserido no texto não… Alguém pode fazer essa esmola?)

Bem, continuemos, …como não sei se alguma ligação vai ir abaixo quando alguém quiser escutar as músicas, vou por sete músicas suplentes, para esse caso.

OK. Depois desta lenga-lenga para tentar dar a volta ao AB, aqui vai a minha lista de canções. Mas, já antevejo que esta selecção me vai causar um trauma pós-traumático. É que agora cada vez que escutar uma das músicas que não foram escolhidas para esta lista, vou ouvir uma vozinha no meio do refrão a dizer-me: “Sim, gostas muito de mim, mas naquela escolha não me incluíste. Traidor…” (Aguentarei muito tempo esta tortura?…)

As sete (ordem aleatória)

Purple Rain – Prince

Learning to FlyPink Floyd

Cada Lugar Teu – Mafalda Veiga

AvalonRoxy Music

Everybody hurts – R.E.M.

The Power Of LoveFrankie Goes To Hollywood

Walking in my ShoesDepeche Mode


As sete suplentes (no caso de alguma das de cima se lesionar)

Closing Time – Leonard Cohen

Por quem não esqueci – Sétima Legião

Streets Of Philadelphia – Bruce Springsteen

My DecemberLinkin Park

Magnetic Fields II – Jean-Michel Jarre

One Night In BangkokMurray Head

Miles Davis - Concierto De Aranjuez (Adagio)

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Restolho


Geme o restolho, triste e solitário
a embalar a noite escura e fria
e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário

Geme o restolho, preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem cor e sem vontade

Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a
mágoa enorme, intensa, aguda

Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher

há que ser trigo, depois ser restolho

há que penar para aprender a viver

e a vida não é existir sem mais nada

a vida não é dia sim, dia não

é feita em cada entrega alucinada

prá receber daquilo que aumenta o coração

Mafalda Veiga. Estava já há muito tempo com vontade de usar um poema dela. É a minha compositora/cantora.
Tenho uma veneração pela sua música. Cada música dela é um hino a tudo o que nos move a viver, a lutar, a resignar por vezes. As suas letras são emoções puras colocadas num altar. É uma Bíblia de referências sentimentais.

Se tivesse que escolher o cenário idílico seria assim:
Um sofá numa praia (contentava-me com uma do litoral alentejano), pôr-do-sol, vodka com laranja, uma companhia desejada, uma mesinha com um candelabro, e a Mafalda Veiga com a sua guitarra a tocar…

A tocar por exemplo, “O Restolho”. A primeira musica que escutei dela. Do álbum de estreia “Pássaros do Sul”. (Ainda tenho o disco de vinil como uma relíquia preciosa)
Porque esta musica diz que por vezes algo que consideramos importante acaba. Seja lá o que for. Foi-se. Ficamos vazios, escuros, abandonados…
“Mas”. É a palavra que na canção é apresentada face ao miserável cenário. “Mas, é preciso aprender a viver”.

É uma canção positiva. Temos que saber aceitar a dor como parte do crescimento. Uma verdadeira vida não pode ser poupada das emoções. Das boas e das más. É preciso arriscar, é preciso sentir, é preciso viver. Mesmo que tenhamos que morrer um pouco de cada vez que o caminho apresenta um cruzamento e tenhamos que fazer uma escolha.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Hoje não é dia de mentiras!


O governo, na pessoa do primeiro ministro, José Sócrates, acaba de anunciar a proibição de se dizer mentiras no dia 1 de Abril. A razão, alicerçada em estudos conduzidos por renomeados profissionais da saúde mental, tem a haver com os graves problemas que esta tradição tem causado de modo imperceptível. Passa a explicar o primeiro ministro: "A prática de mentir é praticada todo o ano. Estudos revelam que não passa um dia sem que alguém faça uma afirmação que tecnicamente não seja correcta. Assim, afirmar que dia 1 de Abril é o dia das mentiras, é uma incoerência e pode perturbar o senso de moral dos cidadãos, com grave custo para o progresso do país. Assim, o governo incentivará veementemente que dia 1 de Abril passe a ser o único dia do ano em que se seja obrigado a falar sempre a verdade. Quem desrespeitar esta lei, será incluído na lista dos incumpridores que o governo em breve colocará na Internet."
Espera-se reacções da parte da sociedade perante esta medida inedita. Mais pormenores no jornal Público (http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=SeaCrediTAstàsLinDO)