sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Os livros

”Acreditas mesmo nisso?”, perguntou ele. “Que os livros dão sentido à nossa vida?”

“Acredito”, respondi. “Um livro deve ser um machado para abrir o mar gelado que temos dentro. Que mais havia de ser?”


(Lido aqui. A conversa continua lá...)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Problemas da idade


(Recebido por e-mail. Não sei a autoria para dar o devido crédito. Enquanto o tempo e a inspiração andam a fugir-me, o humor, mesmo que seja emprestado, é um bom recurso.)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Um dia será


Já estava em divida para com o Sérgio. Já devia há muito tê-lo incluído nas músicas que aqui coloco. Com toda a justiça. Mesmo que tenha crescido com a vertente pimba da música portuguesa em redor, desde muito pequeno que me cativava esta voz e estas letras. Recordo que certa vez na escola andava a trautear o refrão: “cá andamos com a cabeça entre as orelhas”. Um colega, proveniente das melhores famílias da terra, olha para mim com um misto de ar surpreendido e incomodado e diz: “Que horror, isso soa a canção comunista!”. Confesso que não percebi de imediato esse mundo de conexões entre política e musica. (Era muito ingénuo, valha-me Deus!) Mas, sabia que gostava das músicas do Sérgio e isso bastava. Hoje apeteceu-me cantar esta.

...

Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

...


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Um post mal intencionado

Uma praga. Uma maldição, um trabalhinho de vudu, um mau-olhado ou outra coisa qualquer que cause no mínimo uma dor de barriga a pessoa ou pessoas que desconheço.

Eu sei que não é conversa que se tenha. Mas, a razão é simples e decerto merece compreensão. 

Roubaram-me os pipos dos pneus do carro. Os quatro! Logo naquelas jantes que são o meu orgulho e onde esfalfo-me a tirar o negro pó de todas as fissuras. Logo aqueles pipos tão leais que cada vez que ia verificar a pressão dos pneus resistiam a sair como se fosse uma tentativa de violação.


E para que querem os larápios os pipos? Para que tipo de colecção de objectos inúteis? Para enfiarem no buraquinho das orelhas a fim de dormirem bem? Para servirem de supositórios? Para colocarem entre os dedos dos pés de modo a pintarem melhor as unhas?

Ainda me dizem que tive sorte. Podiam ter roubado as rodas. Ou até o carro. (Tipicamente português este tipo de raciocínio! Por essa linha de pensamento até ser atropelado é sinal de enorme sorte. “Morreu? Olha que sorte, podia ficar paralítico ou com uma grave deficiência!”; “Ficou paralítico? Ficou deficiente? Olha que sorte, podia ter morrido!”) Para mim é um roubo, independentemente do valor monetário, e um desgosto o que me fizeram. Ponto final.

E como não tenho maneira de encontrar o culpado, delego essa tarefa a quem pode. Se quero justiça de homens, entro com uma acção no tribunal; se quero justiça de quem controla coisas a um nível mais… digamos, elevadamente metafísico, rogo uma praga. 
(Raiospartam…)

A petição está feita. Para alguma coisa há-de servir ter um blogue.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

C&H

Num destes dias ao ver um concurso televisivo, era colocada a questão aos concorrentes sobre qual era a sua personagem de BD favorita. Lá foram desfilando personagens conhecidos do meu imaginário. Compartilhava o gosto da maioria, pois sou aficionado da BD. Mas, após uns minutos pus-me a pensar que personagem quereria comigo naquela hipotética ilha solitária onde sempre nos colocam quando querem sacar-nos as preferências. Demorei uns segundo, mas foi incontestável a resposta. Com todo o respeito pelas boas horas que me dão os homens-aranhas, Obelixes e Mandrakes… Quem me faz rir e pensar como ninguém é este menino e o seu tigre!








quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

São saudades, Senhor!

Tenho sofrido ataques de saudades. Precisos, cirúrgicos e como tal perfeitamente delimitados na duração e emoções evocadas. Nem um bisturi seria mais perfeito no recorte. Surpreendem-me sem um padrão regular. Por vezes apanham-me em situações delicadas e inapropriadas. Outras vezes não. Quando calha estar só, posso naturalmente deixar humedecer os olhos, encostar as costas à parede e deslizar devagar até ficar sentado no chão. Quando estou no meio de gente é mais inconveniente, mas já aprendi a lidar com a situação. Começo por deixar de prestar atenção ao que os outros dizem, mesmo que me esforce para tal; então é altura de fazer um sorriso diplomático e dizer em surdina que já venho. Por vezes o carro é o sítio ideal para estar só.

Saudades. Não é apenas o sentir a falta de alguma coisa, como os espanhóis e os ingleses traduzem esta palavra tão nossa. É muito mais. É sentir uma dor requintada em todo o corpo, com origem no peito, mas que é accionada pela memória. Não é apenas sentir a falta de algo que passou, acabou ou se deixou longe. É mais do que isso. Por vezes inclui sentir a falta de algo no presente ou até, em casos raros, no futuro. É mais do que factos memoriais. São ventos que roçam esquinas e afagam pedras da calçada. Iluminam faces, apertam mãos e circundam dorsos em abraços intensos. Invadem jardins roubando aromas, pétalas e até fragmentadas folhas secas. Aprisionam em si as luzes e sombras da cidade junto com os grilos nocturnos dos campos isolados.

E esses ventos conseguem entrar dentro de nós, violentamente, e depositar esses tesouros com uma doçura estarrecedora. Depois não há quem aguente em pé, no meio da multidão, a sorrir e a fazer conversa de ocasião.

Não é possível.