sábado, 31 de maio de 2008

PorQueMeApeteceum - Maio


“Ponte é uma construção que permite interligar
ao mesmo nível pontos não acessíveis separados
por obstáculos naturais ou artificiais.”


O mês de Maio acabou. O que vai desta vez a blogosfera deixar para a posteridade na minha memória?
Foi um mês emotivo. Remexi nas minhas feridas. Doeu, pois claro! Mas, diz o povo na sua providencial sabedoria, que “o que arde cura”. Não está curado, não senhor. Mas, continuo a reinventar maneiras de conviver melhor com elas…
Foi um mês de intermitências. De interrupções. De solavancos. Do pára-arranca. De um mundo que, vai-não-vai, ameaça ficar de pernas para o ar! Foi um mês atípico que testou os meus “confortáveis” limites.
(Mas, isto são só desabafos. Adiante.)

Mas, o que realmente me apetecer marcar como importante no fim de cada mês é o que recebo de outros, não as minhas patéticas crises existenciais.
Quando comecei a escrever o meu blogue no já longínquo Novembro de 2007, quais eram as minhas expectativas? Deixar sair a pressão, ler outros blogues, comentá-los, receber comentários que me estimulassem. Isso, gradualmente aconteceu.
(Há coisas fantásticas não há? E não precisei da TV Cabo…)

Mas, para minha surpresa, o mundo da blogosfera começou a fermentar. Não para um nível paralelo, mas, complementar. Algumas pessoas passaram do seu blogue e dos comentários no meu blogue para um contacto personalizado no e-mail. Desde o envio regular de powerpoints (alguns para gozar com o Benfica!), filmes e fotos, desde palavras de ânimo ou um simples cumprimento.

Em Maio essas pontes atingiram um patamar que me surpreendeu. Reaprendi que quanto mais verdadeiros somos, mesmo quando a verdade é incómoda, mais recompensas a vida nos dá. O que não esperava foi reaprender esta lição aqui, na Internet, onde tantas mascaras e imagens existem para ocultar a realidade. Onde tão medroso eu comecei. Não esperava uma lição tão bem dada…

É para todos esses construtores de pontes que vai o meu prémio PorQueMeApeteceum deste mês.

Não vou nomear nenhum nome. Já é do conhecimento geral quem é conhecido por esse espírito. Mas, outros não. E se os elogios são públicos, o que é privado, por vezes, é mesmo privado.
Mas, ao lerem este post todos eles sabem que estou reconhecido pela sua humanidade, delicadeza e atenção. Fui educado para nunca esquecer o que me fazem de bem. É uma simples maneira de o tentar fazer.


(Claro, que sei que há outro nível á minha espera! Sim, eu sei que perdi o jantar dos bloguistas. Esse faz parte do outro nível. Mas, cito o grande Antonio Machado: “
Se hace camino al andar.”)


P.S.
Gostava também de dizer que tenho muita pena pelo término do blogue A Bruma dos Dias. Entendo perfeitamente que por vezes precisamos de um tempo de pausa. A vida exige isso de vez em quando. Mas, Moi: quando tudo estiver equilibrado volta!
Apetece-me
voltar a ler esses posts…


Também para o Pinguim o desejo que aproveite os dias que aí vão chegar.
Apetece-me
dar-vos um abraço!




sexta-feira, 30 de maio de 2008

Porto sentido (por um lisboeta)

Esta é uma paisagem que merecia ser paga para se contemplar. Soberba!
De longe, vindo de Entre Rios rolando a um ritmo incerto sobre a estrada nacional até calmamente chegarmos aos limites da cidade.
De perto. Dentro. Até á Ribeira. Com o bonificação de fruirmos dos sons, dos cheiros, da vida.
Não há outra assim. Nem que tenhamos 100 anos de vida para viajar por esse mundo fora.




Vaguear nas ruas. Parar brevemente como uma estátua para sentir o movimento das almas.




O Porto não me seduziu com um piscar de olhos, não me convenceu languidamente com um abraço meloso, não me prometeu amizade com falinhas mansas.
O Porto arrebatou violentamente a minha admiração. Orgulhosamente. Impôs-se.
Não posso estar muito tempo longe desta cidade que me fez refém. Não posso e não quero.





site do Olhares

Perguntam-me por vezes se gosto mais de Lisboa ou do Porto. Raio de pergunta! “Olha, gosta mais do papá ou da mamã?” Eu não posso, não quero optar. Quero as duas, gosto das duas, adoro as duas. Uma ficava incompleta sem a outra.
O Porto não precisa de olhar para Lisboa para medir a sua grandeza. É uma cidade que basta a si própria. Enorme…





Origem da fotografia

Tenho pena, mas as tripas não me conquistaram. Agora, uma francesinha com uma bejeca fresca...
Meu Deus, o festival da Francesinha á beira do rio Douro!!!

(Para que quer alguém ir para o céu?)



quarta-feira, 28 de maio de 2008

Solidão


Solidão não é a falta de gente para conversar,
namorar, passear ou fazer sexo...
isto é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos
pela ausência de entes queridos que não podem
mais voltar...
isto é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente
se impõe as vezes, para realinhar os pensamentos...
isto é equilíbrio.

Tampouco é a pausa involuntária que o destino
nos impõe compulsoriamente, para que revejamos a
nossa vida...
isto é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
isto é circunstância.

Solidão é muito mais que isto...

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos
e procuramos em vão, pela nossa Alma!

Fátima Irene Pinto


terça-feira, 27 de maio de 2008

Novo método de ensino testado em segredo pelo Ministério da Educação

(Dedicado a todos os professores que estão numa fase sobrecarregada do seu trabalho agora que o ano lectivo está a terminar.)


Para o ano, a Ministra da Educação, - cujo nome não menciono a fim de não ofender susceptibilidades e afastar pessoal do meu blogue – vai implantar um novo método de aulas, que este ano está a ser testado numa escola secundária cujo nome não consegui descobrir. O objectivo é acabar com as imagens chocantes de alunos a serem torturados nas salas de aulas, e fazer surgir uma nova geração de professores.

Aqui estão as provas, que me custaram “os olhos da cara”!



Agradecimento a este grupo de humoristas que já acompanho a algum tempo e são uma lufada de ar fresco no reino do humor inteligente. E com pronúncia do Norte!




domingo, 25 de maio de 2008

Mudança de visual

Tenho uma proposta de um grande designer para a nova imagem do meu blogue. Que tal?




O facto de tudo estar em inglês visa torná-lo mais competitivo para este meio blogosférico cada vez mais internacional. Gostei da legenda destacar a minha escrita como um modelo inspirador de coragem, beleza, ética e muita felicidade. O vermelho também é indubitavelmente a minha cor.

Acho apenas que vou mudar a mocinha que está a olhar para mim, para outro tipo de… “modelo”. (acho que vocês sabem do que eu estou a falar!)



Bem, se engoliram esta “peta”, é porque são muito bonzinhos…

Agora a sério, aqui está o local onde saquei esta imagem. Apesar de tudo não deixa de ser elogioso para o nick que escolhi ...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

O factor fundamentalista na homofobia – Uma visão muito pessoal




Certa vez Cristo disse que se alguém não se tornasse como uma criança não entraria no Reino do Céu. Esta comparação tentou incutir nos seus discípulos a necessidade de desenvolverem humildade e deixarem-se dos tiques manietos de uma sociedade baseada em convenções sociais preconceituosas. Foi uma boa figura de estilo. As crianças por natureza, pese a sua traquinice, não nascem com ódios sociais pré-concebidos. Infelizmente, aprendem isso ao crescerem quando observam o mundo dos adultos.



Isto vem ainda a propósito do dia internacional da luta contra a homofobia e de ter recebido um powerpoint com imagens chocantes de execuções de homossexuais no Irão, como poderia ter sido em qualquer outro país regido pelo fundamentalismo islâmico. Junte-se a isso as campanhas enérgicas que alguns movimentos cristãos fundamentalistas fazem contra os homossexuais e inevitavelmente lembro-me desta frase atribuída a Cristo. Não é uma questão de estar a criticar alguém que tenha princípios religiosos e procure viver segundo eles. Isso não faço. O fundamentalismo religioso lança sementes de ódio a pessoas que, segundo os seus próprios conceitos, estão a fazer algo horrível, um pecado. A imaginação é o limite para o extravasar brutal deste ódio.


Quando escuto noticias sobre as actividades destas pessoas, lembro-me também de outra citação atribuída a Cristo: «Não julgueis, e não sereis julgados. De facto, sereis julgados com o mesmo julgamento com que julgardes e sereis medidos com a mesma medida com que medirdes. Porque olhas para o argueiro no olho do teu irmão e não prestas atenção à trave que está no teu próprio olho? Ou, como te atreves a dizer ao irmão: “Deixa-me tirar o argueiro do teu olho”, quando tu mesmo tens uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu próprio olho, e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão» (Evangelho de S.Mateus 7,1-5)


Claro que nenhuma destas duas citações estão a tratar directamente sobre como um cristão deve encarar um homossexual. Mas, estão a dar princípios basilares a quem se acha uma pessoa muito religiosa. A essência da mensagem de Cristo é: Cuida da tua vida que já tens muita coisa para te preocupares. Se outros estão mal, deixa-os que o assunto será cuidado por quem de direito.
Nisto é que sempre me pareceu uma contradição a atitude dos fundamentalistas religiosos, sejam muçulmanos, sejam cristãos, sejam de qualquer quadrante religioso. Arvoram-se tão pios e exemplares na sua devoção, em obrigar outros a também o serem e a punirem quem não os imita, que nem ligam para esta verdade.
Exemplifiquemos: Quando um homossexual é executado num pais árabe, qual é a razão? “É pecado. Ofende a Deus”, dirão. Quando certos grupos de inspiração cristã ocupam-se veementemente em campanhas anti-homossexuais, qual é a sua motivação? “É um pecado contra Deus. Eles irão para o inferno.”, gritarão em coro.
(Creio que neste ultimo caso, eles só ficam nesta conversa e não passam á acção porque as leis dos seus países não permitem matar pessoas pela sua orientação sexual, senão iriam alegremente buscar pedras para atirar.)


Aqui entra a questão.
Porque têm estas alminhas que fazer a justiça pelas suas mãos? Será que o Deus Todo-Poderoso que veneram não tem poder para lidar com o assunto? Precisa de uns reles instrumentos humanos?

É compreensível que certo tipo de comportamentos não sejam consensualmente aceites por todos. Entendo que quem faz uma leitura mais ligeira de livros sagrados como a Bíblia ou o Alcorão até pode entender que o homossexualismo não é aceitável. Mas, nunca encontrei um bom argumento para que se devesse tomar na mão a execução daqueles com quem não concordamos. Cristo, como nos ensinos que atrás fiz referencia, sempre teve esta mensagem: Cumpre a tua responsabilidade, ajuda os outros e Deus, como juiz final, cuidará dos que estão mal. Mas, esta espécie de religiosos, os fundamentalistas, não devem ter uma grande fé em Deus. Devem achar que Ele é lento ou permissivo. Assim, que decidiram tomar a execução da justiça divina nas suas mãos. A “filosofia” fundamentalista é: “Temos que acabar com a raça dos pecadores, porque senão Deus não sabe cuidar deles!”


Claro, que sempre existe a hipótese alternativa. É que afinal eles desejam tanto fazer o mesmo e com raiva de não poderem, atacam aqueles que o fazem.
( Afinal, homophobia is so gay!)

Assim a posição dos fundamentalistas religiosos é um pouco incómoda: ou não acreditam no poder de Deus ou então são homossexuais frustrados.


A tremenda incoerência que as cruzadas fundamentalistas representam é gritante. Bastava usar a sua maior arma – a Bíblia, no caso dos cristãos – para levarem o maior dos atestados de incompetência. Muitos invocariam: “À pois, mas o Antigo Testamento condenava-os á morte…”
A evocação desse argumento é patética. Porque não seguem então essa gente todos os preceitos do Antigo Testamento? Não se lembram de quando uns sábios queriam apedrejar uma mulher “de má vida” que Cristo se negou diplomaticamente a apoiar essa “justiça” e disse as celebres palavras: “Quem de vós não tiver pecado, atire-lhe a primeira pedra”?
Mas, é típica a estratégia de um fundamentalista. Usa apenas algumas passagens avulsas do seu livro sagrado; as que lhe interessam. Repete-as até á exaustão e tem amnésia controlada do contexto, ou então desvaloriza-as a seu bel-prazer.


Não tenho minimamente receio de um hipotético julgamento pelo Criador. Se tenho tendências homossexuais elas não nasceram de geração espontânea. Foram fruto de alguma coisa que existe ou em mim, ou na natureza da vida, ou no que me rodeia. Quem criou tudo? Pois se Deus criou tudo e existem factores que condicionam certos humanos a sentir a sua sexualidade desta maneira, Ele deve ter muito que explicar quando julgar algumas pessoas.


Os fundamentalistas são dos melhores argumentos que existem para alguém duvidar da existência de Deus. A sério! Pensar que Ele daria uma base doutrinal e moral a essa gente para odiar mortalmente a outros humanos e depois os recompensaria com o céu até me faz vomitar. Que paradoxo seria esse? Que Deus nos daria conceitos de amor, piedade, humanitarismo e paz e depois usava como sua “guarda de elite” essas pessoas? Quanto mais um fundamentalista fala, grita, escreve, bate e mata, mais pessoas deixam de acreditar em Deus.
Assim, faço um apelo. Se alguém for um sincero fundamentalista e desejar ardentemente converter outros ás suas ideias, pense no que diz e faz! E assim, bem-educado e respeitador da liberdade de cada um, e também a ajudar as velhinhas a atravessar a rua, pode ser que ainda tenha sucesso em convencer alguém.


terça-feira, 20 de maio de 2008

What is a Friend?






Diz tudo...






domingo, 18 de maio de 2008

Ansiedade

"Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde"






Este não era o post que queria escrever hoje. Mas, estou a ficar com uma ansiedade crescente devido á falta de tempo. Tenho tido umas semanas sofucantes por motivos profissionais e o tempo para saborear esta blogosfera tem escasseado. Sinto-me mal, porque eu necessito de estar aqui. É absolutamente necessário, sem margem para discussão. Mas, a corda está a esticar! Assim, tive que ser pragmático. Vou continuar a cuidar com um ritmo mais lento, mas dedicado, deste humilde blogue. Vou também continuar a ler quem me faz sonhar e voar. Todos os que estão ali alistados á direita. Aliás, estou a explorar a ajuda recente do Google Reader para esse fim, por isso não vou perder nada!

Mas, desculpem-me por passar a ser mais irregular nos comentários aos vossos posts. Gosto de os escrever com calma e ponderação e isso agora não está a ser possível. Hei-de regressar á normalidade daqui a alguns dias. Eu preciso...

Inclui neste post uma música que me diz muito nestes dias
:-)






sábado, 17 de maio de 2008

Dois pensamentos para este dia



I

“e disse: «Garanto-vos que se… não vos tornardes como crianças, nunca entrareis no Reino do Céu.”
Evangelho de S.Mateus, 18,3
Biblia Pastoral (Edições Paulinas)




II

"Ó meninos: estudem, divirtam-se e calem-se. Estudem ciências, se estudam ciências; estudem letras, se estudam letras. Divirtam-se com mulheres, se gostam de mulheres; divirtam-se de outra maneira, se preferem outra. Tudo está certo, porque não passa do corpo de quem se diverte. Mas quanto ao resto, calem-se. Calem-se o mais silenciosamente possível. Porque só há duas maneiras de se ter razão. Uma é calar-se, que é a que convém aos novos. A outra é contradizer-se, mas só alguém de mais idade a pode cometer."
Fernando Pessoa defendendo os ataques a António Botto e Raul Leal.



17 de Maio
Dia Internacional contra a Homofobia


Porquê odiar sem existir uma razão?




terça-feira, 13 de maio de 2008

Soneto

Se, para possuir o que me é dado,
Tudo perdi e eu próprio andei perdido,
Se, para ver o que hoje é realizado,
Cheguei a ser negado e combatido.


Se, para estar agora apaixonado,
Foi necessário andar desiludido,
Alegra-me sentir que fui odiado
Na certeza imortal de ter vencido!


Porque, depois de tantas cicatrizes,
Só se encontra sabor apetecido
Àquilo que nos fez ser infelizes!


E assim cheguei à luz de um pensamento
De que afinal um roseiral florido
Vive de um triste e oculto movimento



António Botto
Aves de Um Parque Real
As Canções de António Botto
Editorial Presença
1999



É um pouco “dejá vu”, mas aconteceu que um comentário no meu post de ontem continha esta pérola com dedicatória e tudo…
Era uma pena não lhe trazer mais visibilidade. Acho que fazer dele o meu post de hoje é mais do que justo. Mas como ainda estou naquela “onda” de turbulência mental, vou utilizar o sistema numérico para divagar um pouco.


1
António Botto era para mim, até á pouco tempo, apenas mais um nome de um poeta português e pouco mais. Foi aqui na blogosfera que fui exposto á grandeza e sensibilidade da sua obra. Fiquei abismado quando soube os elogios que colheu por esse mundo fora da parte de celebridades como Miguel de Unamuno, Virginia Wolf e James Joyce, enquanto foi uma espécie de poeta maldito na sua época. Acho que hoje ainda está pouco difundido. Quando o amigo Special K, o enumerou num seu post como autor de um dos livros mais marcantes para si - “Canções”- foi o incentivo que me faltava para mergulhar na sua obra. Este “Soneto” é de facto algo especial, numa perspectiva muito minha. Assim, BINGO!

2
Apesar de no comentário o Catatau nomear a quem dedica o poema, não vai ficar ofendido por eu ter a ousadia de incluir outros nessa dedicatória.

Para o Catatau, pelos seus comentários que evocam imagens com uma eficiência fulminante.

Para o Pinguim, que no fundo é quem está na base destas conexões. Usando como analogia um assunto recente, o pinguim é o “maestro”, o “Nº10”. Faz jogo e põe toda a equipa a jogar com a sua entrega e generosidade. Já á algum tempo que num post meu elogiei a sua postura. E eu não sabia “da missa a metade…”

Permitam-me com toda a dignidade vos dizer: Gosto muito de vocês, amigos!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Caminante No Hay Camino

Todo pasa y todo queda
Pero lo nuestro es pasar,
Pasar haciendo caminos,
Caminos sobre la mar.

Nunca perseguí la gloria,
Ni dejar en la memoria
De los hombres mi canción;
Yo amo los mundos sutiles,
Ingrávidos y gentiles
Como pompas de jabón.

Me gusta verlos pintarse de sol y grana,
Volar bajo el cielo azul,
Temblar súbitamente y quebrarse...
Nunca perseguí la gloria.

Caminante son tus huellas el camino y nada más;
Caminante, no hay camino se hace camino al andar.

Al andar se hace camino
Y al volver la vista atrás
Se ve la senda que nunca
Se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino sino estelas en la mar...

Hace algún tiempo en ese lugar
Donde hoy los bosques se visten de espinos
Se oyó la voz de un poeta gritar
Caminante no hay camino, se hace camino al andar...

Golpe a golpe, verso a verso...
Murió el poeta lejos del hogar
Le cubre el polvo de un país vecino.
Al alejarse, le vieron llorar.
"caminante, no hay camino, se hace camino al andar..."

Golpe a golpe, verso a verso...
Cuando el jilguero no puede cantar
Cuando el poeta es un peregrino,
Cuando de nada nos sirve rezar.
Caminante no hay camino, se hace camino al andar.

Golpe a golpe, verso a verso.


Um dos comentários deixado no meu ultimo post, recordou-me um dos versos que mais gosto.
“Caminante no hay camino, se hace camino al andar”.

Conhecia a expressão de uma das músicas do cantor catalão Joan Manuel Serrat. Aprendi nesse comentário que o verdadeiro autor desta letra, é o poeta andaluz Antonio Machado. Claro que foi o pretexto para andar com esta música a esvoaçar dentro da minha cabeça. Por isso hoje desejei colocar aqui este poema, escrito e cantado.


Claro que é inteiramente dedicado a ti, Fugitivo!

domingo, 11 de maio de 2008

Existe algum lugar

Quando isto começou,
Eu não sabia dizer nada
Fiquei perdido e vazio dentro de mim
(Eu estava confuso)
Esforcei-me para descobrir
Que afinal não sou o único

Com estas coisas na cabeça
(Dentro de mim)

Mas, todo o vazio das palavras
é a única coisa verdadeira que ainda sinto
(Não tenho nada a perder)
Simplesmente estou estagnado, vazio e solitário
E a culpa é minha?

Eu quero mudar, eu quero sentir
Aquilo que eu nunca achei que fosse real
Eu quero livrar-me da dor
que eu senti durante tanto tempo
(Apagar toda a dor até que se acabe)

Eu quero mudar, eu quero sentir
como se estivesse perto de algo real
Eu quero encontrar algo que sempre quis
Algum lugar onde eu pertença

Olhei para todo o lado a tentar encontra-lo
Não é essa a maneira que eu imaginei
(Então, o que eu sou?)
O que eu tenho além de pessimismo?

Eu nunca vou conhecer-me
até que faça isso por conta própria
E eu nunca vou sentir
nada mais enquanto as minhas feridas não estiverem curadas

Eu nunca vou ser nada até conseguir escapar de mim mesmo

Eu vou escapar
Eu vou me encontrar hoje


Não é nenhuma poesia erudita. Não é resultado da minha inspiração. É uma trafulhice que fiz á letra de uma música. “Somewhere I Belong” dos Linkin Park.

Já disse que gosto de os ouvir. Mas a letra desta música, numa visão muito pessoal, sempre teve uma aura um pouco visionária. Ter a sensação de estar num sítio errado e algures existir alguém, ou um grupo de pessoas com quem eu tivesse a sensação de pertencer. De poder ser quem eu era. Confesso que muitas vezes ao escutá-la era onde vagueavam os meus pensamentos. Onde estará o meu lugar? Onde estará com quem eu possa pensar em voz alta? Morrerei estúpido e emocionalmente só?

Desde há alguns dias esta letra tem um significado mais intenso. Comecei a sentir existir um lugar assim. Não na minha imaginação utópica. Começa a ser real. Começou neste ecrã de computador.

Foi a melhor maneira de dizer obrigado a todos os que se deram ao trabalho de deixar comentários no meu anterior post, a todos os que de outras maneiras me deram uma palavra de ânimo. Bem precisava… Pensava que aquele ia ser o meu último post!


Sim, eu sei…
Mereciam um melhor poema. Mas a intenção é que conta, e se estou á espera de encontrar o poema perfeito, com a minha cabeça a funcionar como uma picadora da Molinex, ia agradecer só daqui a um mês.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Murro no estômago

Fui a uma livraria onde habitualmente vou desfolhar as novidades e rever algum velho conhecido livro. Não é a “minha” FNAC, mas uma modesta livraria de bairro. Em local de destaque estava um livro que imediatamente chamou a minha atenção. “Companheira silenciosa” era o título. As letras mais pequenas explicavam “Afinal o meu marido era homossexual”.


Monumental soco no estômago! A suprema ironia desta situação foi que se passou na hora seguinte a ter tido uma conversa telefónica sobre o assunto. Juro que olhei para cima e pensei: “Se existes, deves estar a rebolar-te de tanto rir com as malditas brincadeiras que fazes comigo…” Peguei nele e desfolhei algumas páginas. Tremi com algumas frases soltas que li a esmo.

Ao chegar a casa quis saber mais. Encontrei 3 matérias muito interessantes acerca deste livro:

Sinopse

Entrevista á autora

Um post no blogue Assumidamente com o tema Um silencio que não mata, mas mói. Uma reflexão tocante.


Para o querido amigo com quem tinha conversado ao telefone nesse dia, não é novidade estar a escrever aqui que este livro deu-me um valente murro no estômago. Para quem ainda não leu algumas das entrelinhas dos meus post’s e comentários, estará agora a pensar: “Então ele é…” Sim, sou.

Por vezes são estas situações incontroláveis que nos fulminam e fazem ter umas decisões repentinas, reflexos de recalcados anseios. Cheguei então á conclusão de que, se algum misterioso e zombeteiro destino colocou este livro á minha frente num dia e hora tão… irónicos - estava fragilizado - é porque chegou a hora de assumir mais claramente alguma coisa aqui; de debitar algumas frases soltas; de divagar.


1
Qualquer mulher que descubra que o seu marido é homossexual tem toda a razão em sentir-se traída. É uma situação destrutiva, imoral, repugnante. Sei-o na pele. Mas, um homem preso num casamento deste não tira propriamente gozo da situação. O espectro dos seus sentimentos oscila desde o pensar no suicídio, fugir, ser sincero, até congelar os seus sentimentos. Ser apenas um autómato. E acreditem, sentir que se está a morrer por dentro é do pior.
Sinto que sou como uma bomba relógio que pode explodir a qualquer instante e que vai sujar a quem estiver á volta. Para alguns, homens assim são uns fracos que não tiveram coragem de assumir-se, para outros são os sacanas de uns pervertidos. Já pensei nisso. Não me considero nem fraco, nem sacana. Apenas fiz o que na altura me pareceu ser a melhor opção, por não ter base para entender melhor o que se passava comigo. Errei e dava tudo para voltar atrás. Não posso. Já basta ter nojo de mim em muitas ocasiões…


2
Já lia os vossos blogues antes de iniciar o meu. Já vos admirava de longe, como um miúdo num concerto da sua banda favorita. Quando comecei a escrever e soube que era lido e mais tarde recebia os vossos comentários, isso foi electrizante. (“...deixaram-me umas palavras…”)


3
Tentei “respirar” aqui. Consegui resgatar emoções que já as pensava perdidas. É pouco, mas muito aprazível. Vocês para mim são neste momento, virtuais, e no caso do Pinguim, voz. Mas, são os meus melhores amigos. Cada vez mais o sei.


4
Por vezes tenho a sensação que me ponho em “bico de pés” para vos acompanhar. Dei por mim a falar do que realmente não sei por experiência, mas imagino. Perdoem-me a minha ousadia, não é por mal. Queria apenas sentir ser parte de algo.


5
Ter escrito hoje de uma maneira mais explícita e não nas dúbias palavras das entrelinhas foi um passo necessário para mim. Estou a ficar agoniado de um mundo de coisas dissimuladas. De ter que pensar se o que digo e escrevo se vai dar a impressão “X” ou “Y”.
Não sei se vou desiludir alguém, ou se vou já para a classificação de “infiltrado”. Mas, pelo menos vou conseguir, um dia, se vos encontrar pessoalmente, olhar-vos nos olhos com a dignidade possível.


This is my December.
These are my snow covered dreams.
This is me pretending.
This is all I need.

And I...
Just wish that I didn't feel.
Like there was something I missed.

(My December – Linkin Park)



terça-feira, 6 de maio de 2008

Uma ponte

Eu estou ao teu lado
Quando o tempo maltratar
-te
E os amigos não puderem ser encontrados perto
Como uma ponte sobre águas turbulentas
Eu irei colocar
-me


Eu ficarei do teu lado
Quando a escuridão chegar
E o sofrimento estiver ao redor
Como uma ponte sobre águas turbulentas
Eu irei colocar
-me


É uma brincadeira que fiz com a letra de Bridge Over Trouble Water, de Simon & Garfunkel. Esta música, uma das da minha preferência, veio-me á memória por uma conversa que tive ontem. Quero relembra-la porque neste momento não encontro palavras melhores para dizer

OBRIGADO


domingo, 4 de maio de 2008

Com a palavra MÃE como ponto de partida

Não simpatizo muito com a ideia de dias marcados para gerir os nossos afectos. Assim, que ser hoje o dia da mãe não é algo que mexa muito comigo. Mas, de tanto se falar do tema acabo por pensar um pouco mais no assunto (se calhar é esse mesmo o objectivo dos dias especiais). Assim, que dei comigo a divagar sobre o tema mãe.


1

Admirar a que tenho. Não apenas o excelente e sobre humano trabalho de criar filhos como criou. O de continuar a ser o elo emocional que nos mantêm unidos quando a vida nos leva para lugares diferentes. A mãe que nos liga, nos faz estar juntos em certas alturas, que impede que a azafama do dia a dia arrefeça os laços.

A mãe que há muito tempo está preocupada comigo, e que com o seu sentido materno sabe algo se passa na minha cabeça e nos meus sentimentos. E que tenta suavemente tirar algo para fora. A mãe a quem tenho medo de despedaçar o coração com o meu futuro.


2

As mães inexistentes em tantas crianças que vivem nas ruas, seja no Brasil, em Angola ou noutros locais do mundo. As mães que brutalmente desapareceram da vida destes seres e que tanta falta lhe faziam.


3

As mães que por egoísmo, ignorância, estupidez ou pura maldade, matam seus filhos, fecham os olhos quando são maltratados ou abusados ou negligenciam-nos emocional ou fisicamente.


4

As mães são um alicerce essencial para qualquer humano. Sejam mães biológicas ou as muito importantes mães adoptivas. As mães não merecem um dia. Merecem mais que um ano, um século ou um milénio. Merecem a eternidade! As mães nunca deviam faltar ou morrer.

Sina 3



Credo! E onde é que a punha?


sábado, 3 de maio de 2008

Maskharah

Afonso, Afonso. Estás ai?
A chamada repentina fez-me ascender á realidade. Quanto tempo tinha passado? Senti o meu semblante arrefecido. Tinha perdido a noção do tempo…

Estou aqui. Vim buscar uma coisa…
Apenas recordo ter aberto a janela de par em par atraído por um chamativo e escarlate sol a mergulhar no horizonte. Hipnotizante! Foi o pretexto perfeito para ter um momento só meu. Os meus pensamentos começaram então a ziguezaguear a uma velocidade cada vez maior, até que me chamaram. Fixei novamente o horizonte. Onde à pouco estava um semicírculo de fogo, agora só deslumbrava uma leve faixa clara rodeada de escuridão. A escuridão crescente que sempre acaba por tragar tudo.

Afonso… Estão a perguntar por ti lá em baixo. Aconteceu-te alguma coisa?
Não, Não. Já desço…

Perguntavam por mim… Curioso este eufemismo.
Poderiam dizer que estranhavam a minha saida e que agora queriam-me junto deles. Controlado.

Lá teria que ser. Mas, não sem antes mais um olhar para fora. A escuridão fazia indistinta a linha do horizonte. Mas, o que é que eu queria ver? Nada em especial. Tudo em geral. Fechei a janela com delicadeza. Como se ela tivesse sido a cúmplice fiel de um segredo escabroso. Corri as cortinas parecendo que queria deixar tudo sem vestígios de ter sido usado. Só faltou mesmo limpar as impressões digitais…

Fechei brevemente os olhos. Seria alguém capaz de ler neles os meus devaneios? As minhas batalhas mentais? A ânsia de que por alguma absurda razão aquele pôr-do-sol fosse portador de esperança?

Desci. Devagar. Cada passo meu era deliberadamente lento para fazer-me demorar o mais possível.

(Perguntavam por mim…)
O que eu lhes poderia dizer se quisessem realmente perguntar por mim! Perguntem, perguntem… Por exemplo podiam começar por querer saber a razão de qualquer pretexto servir para eu querer estar só. Perguntem também porque o silêncio era a minha conversa predilecta. Ou então perguntem porque por vezes parece que estou a olhar para onde não está ninguém. Querem eles lá perguntar isso… Não podiam fazer o favor de se esquecerem de mim?

Ao aproximar-me vi pela porta o ambiente. Já a mesa estava vazia. A azáfama de conversas fúteis e gargalhadas de conveniência girava agora em volta da lareira.
Hoje estava mesmo sem apetência para aquele ambiente. Mas respirei fundo e ensaiei o meu melhor sorriso. Queriam espectáculo, iam ter espectáculo!

Afonso, pensávamos que tinhas fugido!
Isso queria vocês… Olhem recebi um e-mail com uma piada engraçada sobre…