segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Pseudo epilogo

 É hora de atirar a poeira ao ar e deixar o vento dançar com ela. É hora de dizer que a história que suporta este blogue saiu dos bastidores e assumiu o controlo do palco. O escritor, na sua vontade de viver, respirou, rasgou e prendeu fogo à sua vida. Como a conhecia. Como outros a conheciam. Como canta Sara Tavares, "pôr fogo na casa, ter peito e espaço pra morrer. E renascer... e renascer"

Cerca de 15 anos atrás, comecei a ultrapassar o limite da minha existência. O limite que me tinham colocado para a minha existência. Aquele que me sufocava e estava a sugar o oxigénio da minha dignidade. E esse passo foi aqui, perante uma página em branco que me ofereceu toda a liberdade do mundo. Cruzei palavras, ideias, sons e imagens. descobri e descobri-me. Falei, escutei, e cresci.

Depois quando pensava que estava pronto para voar, cai. Estrondo e humilhação. Um passo em falso fez-me deixar de ter fé em mim, em tudo o que tinha conseguido. Deixei de acreditar. Deixei de viver novamente. Mas a semente estava lá. Não morreu, apenas hibernou. E depois de lamber as feridas, voltei. Eu já não era o mesmo, o mundo já não era o mesmo, e a verdade escorria dentro de mim. 

Até que chegou o dia da mudança. Para a verdade e para a paz. Sou livre como a liberdade pode existir num mundo imperfeito. Com o preço que a liberdade custa. Encontrei o amor que via na vida de outros. Encontrei-o na genuinidade da vida, com as suas alegrias e dores. Com as emoções do que vale a pena. O caminho é agora a dois. 

Valeu a pena. Demorou, mas o que importa é que não se pare. Nunca.