domingo, 5 de abril de 2009

Catatau

Ontem vivi um fim de noite brutal ao aperceber-me de uma notícia que não esperava. Como a manhã veio a confirmar, faleceu alguém que durante algum tempo comentou no meu blogue. Começei por conhece-lo pelo nick “Catatau”, mais tarde fiquei a saber que se chamava João Manuel.

A única convivência que tive com ele aconteceu nas caixas de comentários do meu blogue. Não sabia como ele era (conheci a sua aparência hoje, no blogue do Pinguim), não sabia quais as suas qualidades e defeitos, não sabia como era a sua vida e as suas lutas diárias. Apenas sei que ia semeando palavras no meu “cantinho”.

Palavras essas que por umas vezes me faziam sorrir, outras vezes, pensar. Deram-me em certas ocasiões um “pequeno grande” ânimo para as horas seguintes do dia. Foram apenas palavras, é certo… Mas mesmo palavras podem fazer em algumas ocasiões uma grande diferença!

 

Estive hoje a rever algumas delas…

Emocionei-me com as últimas palavras que deixou como comentário num meu post. Ironicamente com o titulo “Adeus”.

 

 

“É um adeus de catarse ou é um adeus a um cordão quebrado? É um adeus-ó-vai-te embora ou é um adeus-eu-vou-ali-e-já-volto?

...É um adeus a horizontes, não é?
Virão outros, mais promissores e, provavelmente, mais aconchegantes.
Sinto que não andarás por aqui, mas sei que virás sempre.

Sócrates: um abraço até ao teu regresso! ;)”

 

Depois dei comigo a pensar nos seus amigos, familiares e com quem ele compartilhava a vida. É horrível.

 

Perdi as forças nas pernas e tive que me prostrar. Humilhado, vencido e revoltado perante a insensível, cruel e trituradora coisa a que nos habituamos a chamar de vida.

 

8 comentários:

João Roque disse...

Querido amigo
imagino a tua incredibilidade quando recebi o teu mail...não conseguias acreditar!!!
É realmente extraordinária a coincidência do texto do último comentário do João no teu blog, quase premonitório...
Hesitei em pôr a foto dele, mas não estou nada arrependido, pois as pessoas que como tu não o chegaram a conhecer (e que vontade ele tinha de te conhecer, segundo me confessou...), podem ficar com uma imagem que já tinham (não física, claro), mas que denota na sua alegria e exuberância uma das suas facetas mais evidentes.
Perdemos um Amigo, mas ele sabe, onde quer que esteja quanto nós gostávamos dele.
Abraço grande, grande.

Violeta disse...

Não fomos habituados a conviver com amorte, única certeza que temos ao nascer. A dor da perder alguém é inimaginável.
PEnsemos que catatau vai para uma outra dimensão e enquanto os amigos e familiares pensarem nele, estará sempre VIVO.
um bj e força!

No Limite do Oceano disse...

São momentos que nos fazem pensar na vida, e nas pessoas com as quais criamos laços, e nos dias de hoje há laços que ficam em nós.

*Hugs n' smiles*
Carlos

Anónimo disse...

A maior parte das vezes a vida tem o dom de nos surpreender e nem sempre da forma que consideramos melhor.
Quantos de nós não nos apercebemos tarde demais da real importância do que nos rodeia? Quantas vezes a vida, irónica, como que nos mostra: Estás a ver? Não apreciaste e agora não tens mais...

Como bem o dizes é horrivel a perda de alguém. O sentimento da ausência, da impossibilidade perene de presença, de impotência face a algo que gostaríamos que fosse diferente é também para mim arrasador.
E como qualificar a coincidência de que o último registo que possuis do João Manuel seja num post de despedida?
A vida tem destas coisas mas não quero acabar o comentário a escrever frases feitas.
Paz à alma do João.

Um grande abraço.

João disse...

Uma ligeira mágoa da perda injustiçada contra o tempo,do sorriso na calma revolta aguardando a paz do abraço...

(estou triste, sócrates, e é só - e também feliz por aqui estares... e confuso, como se lê)

Um grande abraço - um brinde ao João

com senso disse...

Caro amigo Sócrates

Na verdade a pergunta tem que surgir! Porquê? Que sentido tem isto tudo.
Será que é verdade que "Deus leva cedo para junto de si os melhores"?
Um texto muito humano e tocante para uma homenagem muito sentida e bela.
Um abraço amigo

paulo disse...

o que sabemos do Catatau é suficiente para percebermos que era um homem grande e íntegro (assim, inteiro) em todos os aspectos. podíamos não saber tudo sobre a sua vida, mas temos as palavras dele e a memória de alguém que comentava bem como só ele sabia fazer.


abraço

paulo disse...

ah, e não é difícil emocionarmo-nos ao relermos as suas palavras tão certeiras!