segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Acordem-me então


Sempre quis usar esta música num post de Setembro.
Ainda mais porque hoje vão tocar em Lisboa!

sábado, 26 de setembro de 2009

Publicidade de sonho

Os meus sonhos – sonhos mesmo, os básicos, os do reino de Morfeu e os que Freud andou a ver se tinham alguma explicação – vão frequentemente buscar ingredientes á televisão. Nada de mais. Um local perfeito para coisas estranhas, para planetas de diferentes universos conviverem, para misturar o que nunca se tocaria noutra dimensão. Pois, são sonhos, o que se esperaria?

Recentemente, aparece-me nos sonhos, ao longe, um sujeito, vestido de preto, a dar uns pontapés manientos num objecto que parecia um guarda-chuva, daqueles pequenos que ficam encolhidos numa embalagem preta e cilíndrica. O sujeito de vez em quando lá dava também umas cabeçadas no objecto e também usava os ombros para dar toques. Às tantas pára e olha fixamente para mim. Eu penso: queres ver que me vai atirar o guarda-chuva? Antes que me dê conta, está ao pé de mim e com ar sério e grave, mas com voz de falsete diz-me: “Olá, eu sou o Cristiano Ronaldo e lavo os pés com sabão azul e branco.” Rapidamente, estende-me na direcção do nariz o dito objecto, que agora via nitidamente que era uma barra de sabão.

Acordei e olhei para o relógio. 3:47. Fui á casa de banho aliviar a bexiga e aproveitei para resolver a secura da garganta com um copo de água. Ao voltar para a cama, desejei voltar a sonhar com tudo, menos publicidade. É que para ver publicidade parva tenho muitas oportunidades acordado. Nos sonhos prefiro coisas mais surrealistas. E interessantes, já agora!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Mais um para o clube

"Também eu gostava de saber a verdade, mas não sei. Assumir a minha ignorância é o ponto de partida para alcançar a verdade. Mas esse é um caminho difícil e inacabado,..."

Continua aqui. Excelente texto!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Escutem isto, escutem isto...

“- Já senti na pele todos os tipos de discriminação – diz Oshima. – Só as pessoas que alguma vez foram vítimas dela é que sabem de facto como isso dói. Cada um sente a dor de maneira diferente, cada um tem as suas próprias feridas. Por isso, preocupo-me tanto com a igualdade e a justiça como qualquer outra pessoa. Mas aquilo que mais me desgosta são as que não têm ponta de imaginação. Aqueles a quem T.S.Eliot chama «homens vazios». As almas que preenchem sem piedade a falta de imaginação com pedaços de palha seca, sem terem sequer consciência do que estão a fazer. Pessoas insensíveis que te lançam à cara palavras vazias de sentido, tentando obrigar-te a fazer o que não queres.

(…)

Mentes limitadas, desprovidas de imaginação. Intolerância, teorias desfasadas da realidade, terminologia barata, ideias dogmáticas, sistemas rígidos, essas é que são as coisas que realmente me assustam. É isso que eu mais temo e mais detesto nesta vida. Claro que a questão de saber o que está certo e o que está errado é muito importante. Todos nós cometemos erros de julgamento que podem eventualmente ser corrigidos. Desde que tenhamos coragem para reconhecer que erramos, as coisas podem compor-se. Agora, espíritos tacanhos e intolerantes, sem imaginação, são como parasitas que transformam o hospedeiro, mudam de forma, sobrevivem e vingam.”

Kafka à beira-mar, Haruki Murakami

(Sei que ocupar um post com uma citação, e mais esta que parece um pouco extensa, pode ser sinónimo de falta de inspiração. Se calhar até é, mas aqui está presente outra intenção. Outro sentimento que não apenas o difundir frases bonitas, que o são, e que merecem posts.

Vejamos. Quando comecei a ler esta parte do livro, embora fosse a típica leitura mental, parei, voltei ao inicio e recomecei a ler sem respirar, cada vez mais depressa, mais depressa. Terminei a narração deste diálogo sem fôlego a olhar para um ponto imaginário da parede. Como gesto automático e consequente, dei por mim, com o livro fechado na mão direita, mas com o dedo indicador a marcar a página, à procura de alguém a quem lesse esta parte do livro. Queria que alguém entendesse como elas palavras disseram alguma coisa, como encaixaram na minha mente muito facilmente, tal como uma peça de puzzle, uma de contornos muito invulgares.

Parei a tempo, embora o coração continuasse a bater na expectativa. Lembrei-me que, por enquanto, parte do caminho da partilha tem que passar aqui.)


P.S.- Assuntos de ordem técnica. Vou andar a fazer experiências nas listas de blogues aqui ao lado. Como o tempo é pouco, isto vai aos poucos. Que ninguém fique magoado se temporáriamente desaparecer alguma referência ao seu blogue.

sábado, 12 de setembro de 2009

Cento e dez minutos (aproximadamente)

Aquele filme não seguiu o percurso habitual.

Não sei como, não passou no crivo da antevisão censorial prévia. (Censura seria uma palavra forte para alguns, que apenas definiriam tal acção como “uma escolha informada a fim de sermos poupados a coisas que, em nome do divertimento, prejudicar-nos-iam”). Talvez supôs-se que o facto de ostentar grandes nomes da sétima arte fosse uma garantia que dispensava preocupações; ou as fotografias de promoção. E o titulo. Sim, o título era um tanto ou quanto inocente.

Assim que, no cinema, naquela escuridão que envolve um filme, aconteceu o inevitável. Perante o passar do tempo, o tempo de exposição à história; perante o acompanhar, o acompanhar dos pensamentos e acções das personagens, o ritual surgiu. O leve barulhinho das curtas movimentações corporais na poltrona, quais pequenos sinais de uma incomodidade interior. O toque discreto, mas inconfundível q.b. no braço ou na perna do vizinho, para assumir uma perplexidade inocente. Cada um podia assim, desta maneira, anunciar que não era por gosto, nem sequer por uma empatia cristã, que via aquelas coisas. Podia assim ficar claro que esperava ansiosamente a aparição da escuridão no ecrã e de luz na sala para trilhar o caminho de saída. Era o mínimo, a pequena acção purificadora pela estada naquele local onde destacavam-se momentaneamente, como que num altar, personagens desconexos e com atitudes pecaminosas.

Eu senti-me paralisado. É verdade que nem sequer me lembrei de dar os tais sinais tácteis ao colega do lado. Mas, uso a expressão paralisado para tentar explicar o que sentia. Mas não sei se a palavra é a mais exacta para definir o meu estado de espírito naquela ocasião. Não fiquei bloqueado, atónito ou com as mãos agarradas á poltrona em pânico. Nada disso. Foi como se estivesse perante um “dejá vu” que nunca tinha vivido. Era um filme completamente estranho e no entanto sentia que sabia como ia acabar. Começou logo nas primeiras palavras. Palavras de despedida escritas num papel arrumado dentro de um envelope. Uma despedida da vida; de uma vida. Palavras que me chocaram pela brancura. Pela pureza. Pela semelhança. Tudo desfez-se. Era apenas eu e aquele filme. Algo ia acontecer, a qualquer momento, que invadiria o meu reservado espaço interior e eu não sabia se estava preparado para tal facto. Foi essa sensação. Se a palavra paralisia é adequada, não sei.

The end. Quando terminou, não sei se fiquei contente ou triste. Apenas pensei que tinha que, perante a luz reveladora da sala, assumir a postura politicamente correcta. Cara alegre típica de quem saía do cinema. Mas sabia que era urgente encontrar um espaço e tempo para ficar a sós e tentar entender o que vi. Senti, com a certeza que as borboletas no estômago dão a alguém, que aquele filma tinha mais coisas para me contar do que as que naquele momento eu saberia repetir de memória.

Saímos. Encontrei-me submerso por uma onda reprovadora do filme. (“…mulheres a beijarem-se?”). Sorria ao mesmo tempo que pensava na gigantesca ironia que aquele filme cada vez mais assumia ser. Se eu, num acesso de desespero louco ou um fino rasgo de humor negro, quisesse enviar uma mensagem encriptada sobre o que era a minha vida, sobre o que era a minha cabeça, sobre o que era a minha luta, não teria feito melhor. Ali foram ditas em voz alta, perante aqueles que pensam conhecer-me, frases que repito na minha pele, nos meus sonhos, como dores.

Ali estava mais uma vez confirmadas as minhas suspeitas. Dois mundos entrelaçados mas divididos pel’As Horas.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Luna


Obviamente, dedicada a uma sobrinha lindissima!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Palavras mais que palavras

“- Não existe a palavra da salvação, mas existem palavras salvadoras, aquelas que nos fazem aguentar. Só percebi isso no meio de uma tragédia pessoal, quando comecei a receber sms a dizer "Sei que as minhas palavras não têm importância..." Claro que têm importância. Se não fossem essas palavras, o que seria?”

Frase tirada daqui.


(Li esta entrevista porque o tema do livro chamou-me a atenção. Depois, no curso da leitura, fui admirando a ideia do autor e a maneira como a entrevista estava elaborada. Terminei exteriormente emocionado - coisa que me está a acontecer cada vez mais, surpreendendo-me - ao aperceber-me o drama pessoal do autor. Do alto do enorme saber que ele têm para falar destas coisas, extraí esta frase da entrevista!)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Por detrás de um muro existe generosidade



O blogue Por detrás do muro atribuiu - com o espírito de partilha e incentivo que também caracteriza a parte positiva da blogosfera - ao meu Castelo d'Areia o selo que ostento acima. É graciosa a intenção de mostrar graficamente que a leitura de alguns blogues é tão viciante que, por vezes, até custa largar o computador para ir comer.

Uma palavra de agradecimento ao André Couto pela generosa lembrança que teve ao incluir-me, no seu ponto de vista, nesse patamar. Agradeço e, mesmo parecendo falta de modéstia, sinto-me contente pelo facto.