segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O principe, a rosa e a raposa


...

“- Só conhecemos as coisas que prendemos a nós – disse a raposa. – Os homens, agora, já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas já feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, prende-me a ti!


- E o que é que é preciso fazer? – perguntou o principezinho.


- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto…”



“O principezinho lá foi ver as rosas outra vez.


- Vocês não são nada parecidas com a minha rosa! Vocês ainda não são nada – disse-lhes ele. –Não há ninguém preso a vocês e vocês não estão presas a ninguém. Vocês são como a minha raposa era. Era uma raposa perfeitamente igual a outras cem mil raposas. Mas eu tornei-a minha amiga e, agora, ela é única no mundo.


E as rosas ficaram bastante incomodadas.


- Vocês são bonitas, mas vazias – ainda lhes disse o principezinho. – Não se pode morrer por vocês. Claro que, para um transeunte qualquer, a minha rosa é perfeitamente igual a vocês. Mas, sozinha, vale mais do que vocês todas juntas, porque foi a ela que eu reguei. Porque foi a ela que eu pus debaixo de uma redoma. Porque foi a ela que eu abriguei com o biombo. Porque foi a ela que eu matei as lagartas (menos duas ou três, por causa das borboletas). Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e até, às vezes, calar-se. Porque ela é a minha rosa.”



“O essencial é invisível para os olhos – repetiu o principezinho, para nunca mais esquecer.”



O Principezinho – Antoine de Saint-Exupéry




(Yoseph, num comentário deixado no meu blog, recordou-me este livro monumental. Foi a justificação que precisava para voltar a pegar nele e passar um tempo mágico. Obrigado. Por esses momentos de prazer que tive, dedico-lhe o post de hoje com estas breves passagens que tanto me ajudam também a ter o conceito correcto sobre a amizade.)

6 comentários:

Oz disse...

Aqui está um livro onde, de uma maneira ou de outra, todos voltamos ao longo da vida.

Eu acho que é um bom sinal! .-)

Abraço.

Anónimo disse...

É de facto um livro fantástico. Mergulho nele inúmeras vezes e vou sempre descobrindo novos tesouros. Mas foram os teus artigos, que na maioria poderiam ter sido escritos por mim, que mo recordaram.
Comungo de muitas das tuas dúvidas e perplexidades.
Um abraço.
Fica bem
Yoseph

Socrates daSilva disse...

oz,
de facto, bons hábitos não se devem perder...
abraço

yoseph,
Este intercambio de sentimentos enriquece a todos e ninguem fica a perder.
Mais uma vez obrigado e abraço

paulo disse...

Como diz o Oz, um livro para voltar ao longo da vida, muitas vezes!
Abraço

João Roque disse...

Se fores ao meu blog, no meu perfil, está lá que "O Principezinho" é o livro da minha vida; nunca me cansei de o ler, e muito menos de o divulgar, oferecendo-o a tanta gente, e continuarei...
A surpresa, enorme e maravilhosa, é que citaste precisamente a parte mais bela de todo o livro, que quase sei de cor; acho que nunca se disse algo tão belo sobre a Amizade como neste diálogo.
obrigado por me teres levado, uma vez mais, a memorizar estas palavras.
Abraço.

Socrates daSilva disse...

paulo, pinguim,
sintonia total. sinfonia bestial.
abraço