sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Fim do mês: hora de balanço

Estava cá eu nas minhas deambulações transfronteiriças quando pensei: "Que quantidade de coisas interessantes neste mês que finda eu vi na blogosfera!" E tentei fazer um exercício mental sobre quantas delas eu recordava. (Foi interessante a lista!).
Continuei a pensar... (estava num dia bom...): "E se tivesse que destacar um facto desta lista qual seria?" (ai foi mais difícil, tal a qualidade, creiam) Mas, estando nisto, a minha cabeça dá um estalo. Fiat Lux!
Ai decidi. No fim de cada mês vou atribuir um prémio a qualquer coisa que tenha mexido mais comigo na blogosfera. Não é um prémio com rígidos estatutos de classificação, nem um júri qualificado vindo das diversas áreas da comunicação. Não. O critério será: "Apeteceu-me, gostei, guardei na memoria"

Assim, o prémio chama-se PORQUEMEAPETECEUM (raiz no latim, tá-se a ver...)

Em Fevereiro vou entregar na categoria NãoDeixemDe EscreverSenãoFicamosMaisPobresETristes.
Os vencedores do PORQUEMEAPETECEUM Fevereiro2008, são dois ex-equo:

Blogue Felizes Juntos
Ao Paulo e Zé (perdoem a ousadia da familiaridade por quem vocês não conhecem), pela sua alegria contagiante, pela sua salada russa de assuntos, pelas fotos e musicas vibrantes, e porque estando sobre stress sabemos o quanto se esforçam por nós ao continuarem.

Blogue Eu Confesso...
Ao Manuel (outra familiaridade pela qual vou pedir desculpas) por escrever aquele que foi o primeiro blogue que eu li sobre uma vida secreta, por escrever coisas que eu entendo e pensava que só eu as passava, por ser um blogue variado e com um cheiro omnipresente dos gloriosos anos 80. Foi o blogue inspirador para eu começar. O ulltimo post foi de Novembro de 2007 (tenho saudades!)

Bem, o prémio está entregue.
Ainda não tenho o símbolo do prémio, que estou em negociações com um famoso designer, mas em breve vai chegar á vossa caixa de correio o cheque correspondente a este galardão (esperem sentados PF)

Até á próxima gala no fim de Março.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Em memória de todos os que continuam a acreditar


Tenho pensado no que Oz escreveu recentemente num seu post onde se debruçava sobre se na homossexualidade pode existir lugar para um compromisso duradouro, ou se simplesmente o normal é uma passagem na vida em que se coleccionam aventuras e fugazes prazeres.

Creio que todos temos ideias claras do que nos dá prazer na vida. Algumas podem ser do tipo platónico, outras mais concretas. Que o sexo é uma fonte de prazer é um dado adquirido. Quando alguém sente a sua sexualidade realizada é feliz. Se o seu perfil é sentir-se bem com alguém do mesmo sexo, é normal desejar satisfazer esse desejo. Afinal, a sexualidade é uma necessidade básica da vida. Ponto assente. (Mais palavras para quê?). Mas, não devo ser o único a achar que um grande prazer na vida vem também de se ter alguém com quem compartilhamos espaço, tempo e emoções. Alguém com quem formemos uma espécie de equipa. Aquilo a que Oz chamou um “príncipe”. Creio que encontrar alguém que seja o nosso intimo e forte aliado na desventura que é esta vida, isso é algo impagável. Ter alguém que seja testemunha de nossa existência. Isso é a essência da vida.

Claro que este ideia está muito mais “colada” ao amor heterossexual. Mas, mesmo isso não é linear.
Um homem pode sentir-se feliz por estar casado com a mulher da sua vida e achar que não necessita aventuras extra matrimoniais. Outro pode amar a sua esposa como uma deusa e achar que ter algumas “saídas” é necessário para a sua vida sexual, sem que isso coloque em causa a sua devoção conjugal. Ainda é bem conhecida a vida cheia de amores passageiros que alguns playboys levam, sem nunca “assentarem”. Dizem que assim é que são felizes.

Mas, no caso dos homossexuais a histórica discriminação e perseguição, fez as coisas serem de outra maneira. Imagine-se a possibilidade de no passado tinham de estabelecer uma vida a dois! Bastava fazer uns biscates de vez em quando e “viva o velho”. Aceito que alguns homossexuais continuem a desejar múltiplos parceiros, sem uma ligação emocional. Outros mesmo sentindo-se ligados mais a alguém, talvez tenham essa veia aventureira do prazer pelo prazer. Claro, que o mundo da homossexualidade como tudo nesta vida não é perfeito. Quem em relação a sentimentos é ingénuo está lixado. Coexiste a superficialidade, exibicionismo e relações descartáveis com a nobreza, a dedicação e o espírito de sacrifício. Saber neste campo minado, encontrar as jóias no meio das pedras é o desafio.

O que então, pode fazer alguém feliz? Se se pode ter uma sexualidade realizada e uma relação estável, não é isso o melhor da vida? O sexo é um prazer momentâneo que se alguém poder juntá-lo a uma relação estável é sem duvida um prazer mais duradouro e significativo. Claro que não vivo no pais das fadas em que toda a gente vive feliz para sempre. Como dizia muito bem Oz, “para se saber reconhecer um príncipe de verdade é preciso ter beijado alguns sapos. E que tal como muitos sapos viram príncipes, muitos príncipes também se tornam sapos.” Acrescento, e quando encontrarem um verdadeiro príncipe, saibam mantê-lo, que nada é garantido.
É a vida!

(...)

“I want somebody who cares
For me passionately
With every thought
And with every breath
Someone who’ll help me see things
In a different light
All the things I detest
(…)
And when I’m asleep
I want somebody
Who will put their arms around me
And kiss me tenderly
(…)

Somebody – Depeche Mode

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Continuando a bater no ceguinho (quer dizer no natalzinho!)






Não há duas sem três, lá diz o povo na sua santa e desmembrada sabedoria. Assim, para despachar o meu farnel de comics sobre a visão negra do natal, aqui vai os ultimos.
Ofereçam hoje uma prenda a alguém querido, ou convidem a famelga para um repasto de arromba, continuem a sorrir para as melgas dos vossos colegas, e ajudem uma velhinha a atravessar a rua. Não esperem por Dezembro (faz frio para essas coisas, e há que guardar o dinheiro para a passagem de ano)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

E o natal continua na sua glória...
















Bem, é só para compartilhar convosco mais uns cartoons alusivos ao espirito natalicio. A rir é que se questiona os costumes.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O Natal é quando um homem quiser






Se este ditado é verdadeiro tenho toda a legitimidade em querer estabelecer o espírito natalício em pleno Fevereiro. Mas, já aviso, não é pelas melhores razões. Eu não gosto do natal. Para mim o natal é a festa que estimula o que de pior há na humanidade. (Não me atirem pedras já, decidam só no fim).


Reparemos, quando começa o primeiro sinal do natal? Quando começa a aparecer o pai natal em alguns anúncios ou nas montras de lojas. Inicia-se a época da caça ás prendas. Comprar, comprar e comprar. O que não se pode, para quem, algumas vezes, não queremos e, por vezes, o que não gostamos. Isto perverte o gesto bonito que é oferecer. Uma oferta deveria ser espontânea, sincera e dada a quem queremos por alguma razão afectiva.

Ah! Dizem alguns, e a família? Mas, qual família qual quê! Deixem de fazer uma mesa de consoada bem generosa e vão ver o amor que a família vos tem… Vão vos “cortar na casaca” até lhes doer os dentes. O que deveria acontecer é convidar a família quando desejamos e nos dá jeito. Ou então, nas datas importantes para o clã: casamentos, baptizados, aniversários, etc.

E o menino Jesus? Bem, o coitado já tem 2 000 anos e ainda é bebé. Nunca cresce? Mas, o que me dá graça é a legião de pessoas que durante o ano são ateias ou agnósticas e falam mal que se fartam da religião, que nesta época cantam aleluias e nem sabem porquê.

E alguém me pode dizer onde o pai natal estava no presépio? Disfarçado de vaquinha ou burnho?

E o espírito de natal?
Pois, alguém decidiu, “meus amigos em vésperas de Dezembro sejam bons, olhem com ternura para os pobrezinhos, sorriam docemente para os vizinhos e colegas que normalmente apetece ignorar (e que ignoramos realmente no resto dos 11 meses), e falem na paz entre homens de boa vontade (quem são? Boa vontade para fazer o quê?)”. E nós lá andamos assim, porque alguém nos carregou no botão.

E as musicas que nos entopem os ouvidos? Piedade! Misericórdia! “A todos um bom naaaataaaaal…” A técnica é tão eficaz que até eu as canto contra a minha vontade, mas os meus neurónios não me obedecem perante esta sonoridade repetida até á exaustão em todos os cantos do planeta.


Porque então disse que o natal revela o pior que os humanos têm?
Perante o atrás exposto, mostra que no que diz respeito aos sentimentos mais sagrados que devíamos ter como a solidariedade, a empatia, o espírito de família, a entreajuda e a generosidade, conseguimos fingir como se fosse verdade. Em nome do comércio, mais nada. Isso é assustador. Se conseguimos fingir nisso, que dignidade temos?
Ofendemos o genuíno e espontâneo espírito de generosidade. Colocamos a família num ritual pantagruélico. Os sinceramente crentes comercializam a sua fé.

Estou farto do “faz que toda a gente faz”

Eu em pleno Fevereiro, Abril ou Agosto vou oferecer um presente a quem me apetece, vou convidar a minha família para uma petiscada e vou continuar a fazer serviço voluntário numa instituição carenciada. E se fosse religioso, lembrava-me do meu Deus. (Agora se quiserem podem atirar pedras)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Pessoas


Tenho uma paixão por livros. Ainda pequeno, estudante, gostava de ir a uma livraria nos “furos” das aulas e passar lá o tempo a desfolhar livros. Hoje ainda me admira não me terem posto a andar por estar ali a ver livros e não os comprar. Deviam ter pena. (“Coitadinho, tão pequenino e já tão sozinho, quem tem que vir aqui…”) Mas, não. Não era esse o caso. Continuo tão apanhado por qualquer papel que tenha letras e bonecos que se me passam para a mão nem que seja uma publicidade de um hipermercado, acaba a vida á minha volta. Dependências…

Dessa época escolar lembro-me de um livro biográfico sobre Fernando Pessoa. Gostava de ver as fotografias sobre a vida daquele homem magro e tristonho. Folheei-o muitas vezes. Algo me atraía naquela história. Com o tempo fui conhecendo a sua poesia, tentando entender o seu mundo, no fundo, tinha a sensação de que algo na sua escrita tinha a haver comigo. Gosto de ler Pessoa, mas se tivesse que escolher um heterónimo, Álvaro de Campos ganhava o concurso.

Voltando ao livro já referido. Eu olhava para aquelas fotografias e pensava. Se me tivesse cruzado com um homem assim, de figura tão simples e deslavada, nem o notava.

Mas, como rendi-me ao poder da sua palavra escrita, á sua riqueza de expressão, á sua mente prodigiosa.

E tenho eu pensado nestes tempos todos:

Para que lhe serviu? Foi feliz assim? Que grandes questões ele pode responder? Ou simplesmente escreveu porque era a sua natureza escrever?

(Chove. Que fiz eu da vida?

Fiz o que ela fez de mim...

De pensada, mal vivida...

Triste de quem é assim! )

Pessoa consegue expressar de uma maneira grandiosa e eloquente as duvidas que de um jeito mais pequeno também tenho. Reflecte desassombradamente em temas como a verdade, a existência e a identidade.

Mas, que me pareceu um homem triste e perdido neste mundo, parece…(Como eu)

(Quando é que passará esta noite interna, o universo,

E eu, a minha alma, terei o meu dia?)

Isso leva-me constantemente a pensar para que serve o conhecimento. Sou muito curioso, procuro insistentemente respostas, não me contento com o que toda a gente diz.

Mas, sempre há mais e mais para saber. E que respostas tenho?

Não tenho nem um pingo do enorme oceano que Pessoa é, mas entendo bem o seu cansaço da vida. Lembra-me uma expressão popular enuncia que “quem aumenta o seu conhecimento aumenta a sua dor.”

Será porque não há respostas? Será porque elas são infinitas? Sempre existirá um porquê no virar da esquina?

Consola-me que um génio como Pessoa escreva sobre algo que também é a minha preocupação. Bom para mim… (Afinal não sou maluco por pensar nisto)

Mas, para mim cada vez mais está falida a ideia de que tudo neste mundo tem um sentido á nossa medida. Tem que existir um sentido, uma razão, um porquê.

Mas, humildemente reconheço que não temos capacidade de o entender. Parece que somos apenas elos de uma cadeia de eventos que tem que seguir, doa a quem doer.

A natureza está-se completamente borrifando para os nossos sentimentos como humanos, e para as nossas noções de moral e ética. É fria, implacável no seu trajecto. Esmaga quem se atravessa no seu caminho. Os humanos poderiam desaparecer da face deste planeta e o curso da vida continuaria neste ponto de pó no universo.

Porque então temos consciência de nossos sentimentos? Para que servem?

Para sofrermos com a nossa impotência e sentimento de orfandade? Se estamos aqui apenas para passarmos os genes, porque não somos como os animais que o fazem com menos problemas existenciais?

(O único mistério do Universo é o mais e não o menos.

Percebemos demais as cousas — eis o erro, a dúvida.

O que existe transcende para mim o que julgo que existe.

A Realidade é apenas real e não pensada.)

Oh, Pessoa!

Obrigado por falares destes assuntos de uma forma tão bela. Obrigado por fazeres sentir ao comum e ignorante dos mortais, como eu, que as duvidas existências podem ser uma obra de arte.

(O Binômio de Newton é tão belo como a Vênus de Milo.

O que há é pouca gente para dar por isso.)

(Este é um desabafo de um completo leigo em poesia de Pessoa. Apenas gosto de saboreá-la e pôr-me a inventar. Cruzei os sentimentos que me desperta a leitura da sua obra com os meus pensamentos. Não pretendo passar por entendido na analise de sua obra que é monumental e digna de sagrada reverência. Sendo ignorante neste estudo, escrevo como pessoa comum a ser iluminada por este génio. Tenham paciência comigo!)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Começo a conhecer-me. Não existo.

Começo a conhecer-me. Não existo.

Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,

ou metade desse intervalo, porque também há vida ...

Sou isso, enfim ...

Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.

Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.

É um universo barato.

(Alvaro de Campos)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Ubuntu / Pinguim


Ando entretido em assuntos “técnico-informáticos”. Instalei o Linux no meu computador, nomeadamente o sistema operativo Ubuntu. Ando revoltado contra as ditaduras das maiorias. Em muita coisa. Também na informática. (Windows, Windows, Windows… caro como o caneco, e porque não experimentar outras opções?)

Assim, decidi aceitar o conselho de instalar os dois sistemas simultaneamente para explorar o Linux sem correr riscos de paralisar o meu ritmo e o meu trabalho no PC, que por enquanto, ainda está controlado pela ditadura da maioria. (curiosas as metáforas da vida…)

Bem, mas sendo curioso como um gato pensei: “Ubuntu? Que raio de nome é este?”, e vai dai, toca a escarafunchar. Descobri que o nome Ubuntu é um conceito tradicional africano cuja tradução mais ou menos livre poderia ser: ”crença numa ligação universal de partilha que conecta toda a humanidade”.

Até vem na ajuda do sistema operativo uma citação interessante do Arcebispo Desmond Tutu: “Uma pessoa com ubuntu é aberta e disponível para os outros, apoia os outros, não se sente ameaçada quando os outros são bons e capazes, porque ele ou ela tem uma confiança própria que advém de saber que ele ou ela pertence a um todo que é diminuído quando os outros são humilhados ou diminuídos, quando os outros são torturados ou oprimidos.”

Nisto, que uma coisa leva a outra, deparei-me com o símbolo simpático do Linux. O que é? O que é? Um pinguim. Assim que lembrei-me do nosso companheiro de blogue com o mesmo nome de guerra. Vai dai, decidi dedicar-le também umas palavritas.

É justo eu dizer, sem desprimor para outros, que é um escritor marcante na minha blogosfera. Foi dos primeiros a comentar um post meu, dando-me ânimo em virtude dos desafios que o início pode trazer a quem não está habituado a este mundo singular. Regularmente, deixa-me singelas, mas significativas observações. (Que eu levo muito a sério)

E com a preocupação que manifesta por tantos de nossos companheiros, imagino o tempo que abnegadamente despende para se ocupa de escrever, ler, pensar, comentar e ainda dar uma atenção pessoal a quem lhe deixa mensagens no blogue. “Pinguim, quando for grande quero ser como tu…”

O seu blogue para mim foi, e é, uma lição. Uma lição de como um homem pode amar outro homem com dignidade e sentimentos nobres. (Venho de um mundo onde isso é digno de se ir para o circo, senão para o manicómio…)

Uma lição de como contar histórias interessantes, de informar sobre a actualidade, de ter humor e sobretudo de demonstrar uma imensa fé. Fé em que se pode viver sem que a ditadura das maiorias nos castrem. Fé em que todos estamos ligados uns aos outros, seja qual for as nossas opções de vida. Fé de que, ou todos estamos bem, ou todos somos humilhados e diminuídos.

Pinguim, tenho pouco tempo aqui, mas isto é sincero. Como vês tinha várias razões para me lembrar de ti, além do bonequinho do Linux.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Estou emocionado...


Hoje tive que quebrar alguns hábitos. Interrompi a minha fase letárgica de reclusão e meditação, e escrevi dois posts num só dia. E o culpado? O Sr. Paulo.

Vou eu todo tranquilo da vida dar a minha voltita pela vizinhança e dou com dois prémios no seu blog (FelizesJuntos) atribuídos ao meu Castelo D’Areia.
Ó meu amigo, disto eu não estava á espera. Então eu ando aqui há tão pouco tempo, e, só ando a chorar pelos cantos com a minha crise existencial...
Claro que fiquei feliz (embora ao contrario do Paulo, estou FelizSozinho…) E assim acho que devia improvisar um discurso, tipo “estrela de Hollywood que não está há espera de nada, mas leva um agradecimento escrito numa folha do tamanho de um rolo de papel higiénico”.

Assim, aqui vai:
“Prezada blogosfera, estou imensamente surpreso por esta atenção recebida. Concerteza que nunca esperava esta gentileza. Mas, tocou-me fundo… (esta é a parte em que começo a fungar… e a gaguejar). Assim, desejo dedicar estes prémios. Primeiro, aquele que eu ainda não conheço, mas sei que vai ser especial para mim e eu para ele (esta é a parte em que o pessoal começa a fugir discretamente da sala, não vá o diabo tece-las…)
Também agradeço a quem inventou o computador, a Internet, a electricidade, os blogs, a cadeira onde estou sentado, a secretária, o pastel que comi á pouco, a água que me mata a sede, (bem, é melhor acelerar um pouco a lista…)
E mais, que isto me sirva de inspiração para melhor desempenho neste mundo virtual… (aqui ouve-se uma voz da assistência a gritar: “Agora é que tiveste razão, vê lá se isso melhora…” )
Por fim, … (aqui é a parte em que eu bato com a mão na mesa de cabeceira e acordo!)


Pronto, já acabou a palhaçada.
Muito a sério, obrigado por me teres feito sorrir com a tua lembrança. E para mim é também um voto de confiança.
Como ando aqui há pouco tempo, não sabia dessa faceta dos blogs. Acho que eu ainda não conheço bem este mundo para já distribuir prémios. Os únicos que quero lembrar são todos os que vêem a este local especial para mim, lêem e comentam. Esses merecem a minha nomeação para “Pessoal fixe, mais fixe não há!”
Um BIG BEM HAJAM!

O principe, a rosa e a raposa


...

“- Só conhecemos as coisas que prendemos a nós – disse a raposa. – Os homens, agora, já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas já feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, prende-me a ti!


- E o que é que é preciso fazer? – perguntou o principezinho.


- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto…”



“O principezinho lá foi ver as rosas outra vez.


- Vocês não são nada parecidas com a minha rosa! Vocês ainda não são nada – disse-lhes ele. –Não há ninguém preso a vocês e vocês não estão presas a ninguém. Vocês são como a minha raposa era. Era uma raposa perfeitamente igual a outras cem mil raposas. Mas eu tornei-a minha amiga e, agora, ela é única no mundo.


E as rosas ficaram bastante incomodadas.


- Vocês são bonitas, mas vazias – ainda lhes disse o principezinho. – Não se pode morrer por vocês. Claro que, para um transeunte qualquer, a minha rosa é perfeitamente igual a vocês. Mas, sozinha, vale mais do que vocês todas juntas, porque foi a ela que eu reguei. Porque foi a ela que eu pus debaixo de uma redoma. Porque foi a ela que eu abriguei com o biombo. Porque foi a ela que eu matei as lagartas (menos duas ou três, por causa das borboletas). Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e até, às vezes, calar-se. Porque ela é a minha rosa.”



“O essencial é invisível para os olhos – repetiu o principezinho, para nunca mais esquecer.”



O Principezinho – Antoine de Saint-Exupéry




(Yoseph, num comentário deixado no meu blog, recordou-me este livro monumental. Foi a justificação que precisava para voltar a pegar nele e passar um tempo mágico. Obrigado. Por esses momentos de prazer que tive, dedico-lhe o post de hoje com estas breves passagens que tanto me ajudam também a ter o conceito correcto sobre a amizade.)

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Nem tudo é a sério...

Ando em tempo de recolhimento e meditação.

Tenho escrito o que nunca tive a coragem de disser. Como abençoada consequência, alguns comentários de companheiros de blogs têm-me feito pensar (Sempre compensa dizer a verdade…)

Assim, coisas sérias, momentaneamente está difícil de escrever. Estou a trabalhar para arrumar melhor esta cabecita. Mas, neste país sempre existe matéria para assuntos pseudo humorísticos.


No jornal “Público”, dia 1.02.2008, no suplemento P2 vinha o artigo: “Regicídio Crime ou castigo” sobre o atentado que há 100 anos vitimou o Rei D.Carlos. A certa altura foi facultada a seguinte informação:

“Já a autarquia alentejana de Castro Verde, de onde era natural Alfredo Costa, homenageará esta tarde o regicida com o descerrar de uma lápide. E a comissão instaladora da Associação Promotora do Livre Pensamento pretende promover uma cerimónia no cemitério lisboeta do Alto de S. João, que incluirá a deposição de uma coroa de flores no local onde repousam as ossadas dos regicidas.”

A minha imaginação voou.

Logo imaginei o tremendo orgulho que os habitantes de Castro Verde têm por um seu conterrâneo ser um assassino de dois homens que, por acaso, eram pessoas da realeza. Sim, por que alguém que têm coragem de silenciar os seus oponentes, é bom. Então se lhe espetar umas balas na cabeça, é um herói.

Tive acesso ao discurso (inventado por mim) com que se inaugurou esta lápide e passo a citar:

“Prezados castroverdenses, nesta altura temos o prazer de recordar aqueles que com sangue (dos outros, é verdade, mas também conta) escreveram páginas gloriosas do nosso povo. A visão que tiveram foi fantástica. Estavam adiantados em relação ao seu tempo. Sim, porque isso do Bin Laden organizar assassinatos espectaculares dos seus opositores políticos e religiosos ou simples civis não é original. Começou aqui, pela cabecinha do nosso concidadão Alfredo Costa. Também, isso de os homens-bomba matarem montes de pessoas no Iraque, em Israel ou seja lá onde, já foi uma visão do nosso correligionário. Este homem que trabalhava atrás dum balcão, conseguiu surpreender e ultrapassar a elite intelectual da época com a sua estratégia. O seu lema foi: “Se não podes com eles, mata-os”. Saberia ele que a sua filosofia de combate político iria fazer escola no futuro? Onde ele estiver, estará concerteza orgulhoso daqueles que continuam a seguir a sua técnica. (Não sei é o que aconteceu quando se encontrou no céu com o D.Carlos. Como é que eliminou-o de lá?).

Assim, castroverdenses, em homenagem a este ilustre filho da terra, existirá á vossa disposição um arsenal de armas, pedras e fisgas para que, quando se sentirem incomodados com a oposição desta Câmara Municipal façam sentir a vossa argumentação. Claro, que para comigo, esse tipo de argumento não funciona”

Segundo parece também o governo vai fazer um levantamento em todos os estabelecimentos prisionais para enviar ás freguesias de todos os reclusos, placas que afixem nas casas onde nasceram. Afinal, não vai ser necessário esperar 100 anos para homenagear quem tenha cometido um crime. Medidas do Simplex…

Ah! Em relação á outra iniciativa mencionada no jornal, a Associação Promotora do Livre Pensamento vai aproveitar a cerimónia no cemitério do Alto de S.João para anunciar publicamente que mudará de nome. Passará a ser Associação Promotora do Livre Pensamento Para Todos Menos Para Os Reis Porque Se Pensam Muito Levam Com Uma Bala Nos Cornos.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Silêncio e tanta gente


Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro o amor em teu olhar
É uma pedra
Ou um grito
Que nasce em qualquer lugar

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal aquilo que sou
Sou um grito
Ou sou uma pedra
De um lugar onde não estou

Às vezes sou também
O tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar
Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não


E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão


Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer
É uma pedra
Ou um grito
De um amor por acontecer


Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra
E este grito
São a história d'aquilo que sou


(Esta letra pertence a uma canção que representou Portugal na Eurovisão em 1984, cantada por Maria Guinot. Eu era pequenote, mas esta canção já me dava um "clique". Ainda hoje ouvi-la faz-me ter os olhos humedecidos. Parece que ela está a cantar a minha vida. Ter silencio com tanta gente á volta. Ter vontade de trocar toda uma vida por apenas um dia de ilusão, ai, ai... Mais um momento de nostalgia. E uma homenagem ao que eu considero uma das mais simples, mas mais bonitas canções que Portugal teve neste concurso. Se quisserem recordar ou conhecer é só clicar:http://www.youtube.com/watch?v=vblQfBMzvdE )

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Friends, amigos & companhia Lda – parte 3 (o paradoxo, ou como uma pessoa ás vezes tem vontade de morrer)


Amigos, amigos…
Tudo o que se diz de bom sobre bons amigos é pouco.

Tenho amigos no sentido verdadeiro da palavra… poucos, mas bons! Sou um acérrimo defensor de amizades sinceras e trabalhadas. Esforço-me por ser um amigo leal.

Mas, (quando vem um “mas” a coisa está tremida…) estou incomodado comigo mesmo sobre este assunto. A questão é que não sou completamente sincero com os meus amigos. Sabem tudo de mim, menos… a minha homossexualidade.

Sim, alguém está neste momento a pensar: “Mas, se são verdadeiros amigos, vão compreender e apoiar! Se não o fizerem é porque não são amigos sinceros.” Isso, em parte, é verdade. Mas, existe uma razão para omitir este tema, que não tem a haver com a genuinidade da sua amizade.

Permitam-me começar pelo princípio. O mundo onde eu nasci, cresci e vivo é regido por princípios muito claros. Existe o certo e o errado, o preto e o branco. As fronteiras são claras como a água. Confesso que quando se é novo esse mundo dá-nos segurança. Gostamos dele e queremos defende-lo com unhas e dentes perante um mundo inseguro, assustador e em constante mutação.
Mas, com o tempo, fui compreendendo que a realidade não é assim tão linear e que o que está certo e o que está errado não é assim tão fácil de demarcar. Aprendi ao mesmo tempo que tive confrontar- me com o que se passava comigo, é claro!

Comecemos pela questão do homossexualismo. É apresentado como errado, claro! De início, a ideia é de que quem é homossexual é mau, pervertido, quer chocar os outros, e é descarado. Podia ser o que quisesse, mas escolheu essa opção (malandro…)

Depois, vendo melhor as coisas, a opinião é que afinal podem não ser tão maus. Até existe gente impecável. Talvez seja uma doença, o resultado de problemas na infância ou uma herança genética.
Mesmo essa visão mais… digamos…temperada, não resolve nada. É como dizer: “Sim, ele tem uma tendência que pode não ser por sua escolha. É uma vítima, OK. Mas, tem que disfarçar, esconder ou sufocar. Porque mesmo assim, não pode viver como é. Continua a ser errado!”
É preferível o silêncio… É preferível, a estragar o bom ambiente e os princípios. (Ah, pois, os princípios…)

Este é um esboço do meio onde vivo. Os que são os meus amigos de anos, também.

Assim, o não desabafar com alguém sobre a minha situação tem a haver com a lealdade que tenho a eles. É uma maneira de protege-los de uma situação potencialmente incómoda. Nunca poderiam mostrar simpatia e apoio moral neste assunto sem que fossem "arrastados" comigo. Assim, prefiro sofrer sozinho do que fazê-los ter essa questão entre mãos.

Por isso chegamos ao paradoxo.
Quem me conhece e acompanha há anos, não sabe do meu mais íntimo dilema, aquilo que é o cerne da minha personalidade.
Quem lê este blog conhece o que de mais profundo me vai na alma.
Sem saber a minha cara, os meus defeitos, os meus gostos, as minhas virtudes, as minhas parvoíces, as minhas paixões e os meus tiques. Não devia ser assim. Por isso, tenho mesmo ás vezes vontade de morrer…

Por favor, não me digam apenas que tudo podia se resolver de maneira simples, que bastava não me importar com o resto do mundo. Como posso não me importar em como ficam os meus amigos com as minhas decisões?

Pode ser fácil, pode ser difícil. Isso estou para ver.
O ter falado deste assunto aqui e ter quem o sabe e me entende foi, é, e será importante.
Pelo menos sinto-me mais livre, menos sufocado. Voltei a ter um cheiro a esperança e vontade de viver que já não tinha há algum tempo.
Que por escrever aqui comecei algo que não sei como vai terminar, isso bem verdade é!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Foi no Terreiro do Paço há 100 anos. Hoje, onde foi?



Faz hoje cem anos que foram assassinados o rei D. Carlos e o príncipe real D. Luís Filipe. Gosto de hístória, mas não sou monarquico. Mas, a recordação deste acontecimento leva-me a formular um desejo.
Que termine a ideia de que quando alguém é diferente nos seus ideais politicos e religiosos ou tem outra raça ou orientação sexual, isso justifica matar. É que passaram 100 anos mas esta estupidez continua tão viva como sempre. Ninguem deve ser morto em nome de ideais, seja um rei seja um cidadão anónimo.