sábado, 23 de agosto de 2008

Alegria suprema (gastronomicamente falando, é claro!)

Num mês em que a alegria tem que ser o denominador comum a todos os meus posts, a arte de bem cozinhar e melhor ainda comer não pode faltar, não senhor.

Hoje a questão é A QUESTÃO.

Qual a minha comida preferida?

O que me apetecia comer, assim de repente…, agora..., sem pensar muito..., instintivamente?

Se fosse a um restaurante onde qualquer pedido pudesse ser atendido instantaneamente, que escolheria?

Se fosse para a cadeira eléctrica, qual seria a última refeição que pediria?

Bem, tentei, ao pensar, ser muito racional e cosmopolita. (Hummmm… Nouvelle cuisine, uma iguaria raríssima ou um pitéu internacionalmente consagrado.)

Qual quê!!! Só me vinha á mente uma coisa. Batia e voltava a bater na parte interior da minha cabeça a resposta. Tão clara como água. Deixando as peneiras de lado, o meu coração, as minhas papilas gustativas, e mais tudo o que pode salivar, gritavam desalmadamente:

Migas á Alentejana!

(Sim, sim, sim…)


Deixo-vos com um belíssimo texto sobre esta iguaria, que rapinei num blogue com um titulo delicioso: Alentejanano



“Imagine-se, numa manhã fria de inverno, uma grande cozinha com a sua lareira ao fundo. Sobre as brasas coloque-se uma trempe e em cima desta uma sertã de ferro, funda com um cabo. Cortem-se lá para dentro rodelas de chouriço, farinheira e umas lascas de toucinho. Deite-se mão de entrecosto e carne de porco migada, antecedentemente apaladada com massa de pimentão. Para ajudar a fritura dos enchidos, caso o toucinho não chegue, uma colherita de banha ou fio de azeite. Não se pode dispensar um ou dois dentes de alho.
Retire os enchidos depois de fritos, mas não exagere e bote de seguida a carne de porco, que levará um pouco mais de tempo. Previamente já amoleceu em água pão duro (do nosso “casqueiro” alentejano) que apenas se deixa roer. Retire a última fritura e, no pingo que ficou deite o pão escorrido quase desfeito, renovando os alhos, porque os da primeira fritura já estão pretos.
De colher de pau em punho dê umas voltas até obter uma massa uniforme. Prove e apure de sal. Se achar seca, junte uns golpes de água. Começando a despegar do fundo abandone-se a colher e segurando a pega da sertã tente enrolar a massa. Pode-se imaginar do “Tour d’Argent” finalizando uma omoleta. Obterá, se para tanto tiver arte e engenho, um rolo tostadinho por fora, mas não muito seco.
Está pronto.
Verta numa travessa, dispondo à volta as carnes fritas e rodelas ou gomo de laranja. Um pequeno pires de rábano é companhia apreciável.
Assista-se com um tinto encorpado de preferência do Alentejo e prepare-se para não fazer mais nada durante a tarde excepto filosofar sobre pequenas/grandes coisas da vida, enquanto lá fora cai a chuva miúda e sobra o norte gelado.
É a “áurea mediocritas” dirá o leitor cosmopolita e “europeu” .
Mas é BOM.”



E mai nada!


13 comentários:

Anónimo disse...

Ó homem, o que eu gosto de migas com entrecosto! Fizeste-me fome, magano! ;)

Socrates daSilva disse...

Arion,
Não tens maus gostos não...

(N'avera de vêr a hora de trincar umas...)

Abraço!

João Roque disse...

Eu vivi quatro anos em Serpa; é preciso dizer mais alguma coisa????
Ãbraço e bom apetite.

SP disse...

Obrigado pela visita e pelo abraço!
Eu entrei só para te deixar outro, GRANDE...

Anónimo disse...

Acho que só mesmo provando ao vivo e a cores...
Acho que não sou fã de migas...


A questão de última refeição é que eu não sei responder...
Eu diria um pote de Häagen Dazs de Morango, mas não sei se seria aceite. ;)

João disse...

Na minha terra, umas boas migas com uma chávena de café de mistura feito na grande chocolateira é o pequeno_almoço. Da minha infância.

Bons Apetites, Sócrates!

Special K disse...

Ai a cozinha alentejana!
Um abraço gastronómico

Socrates daSilva disse...

Pinguim,
Não. Não é preciso dizer mais nada! Só degustar quando existir oportunidade…
Abraço!


Sp,
Obrigado pela visita e abraço.
Olha, és servido de umas migas?
Abraço!


Enginethrobs,
Prontos! Há gostos para todos…
Não sei se alguma vez provastes migas. Se um dia as provares devidamente, acho que vais gostar. Gelados??? Venham cá eles! (Mas, para mim nada chega ao Santini em Cascais…)
Abraço!


Ophiuchus,
Lembraste-me as “sopas de leite com chocolate” da minha infância…
(Aproveitava-se o pãozinho de véspera)
Abraço!


Special K,
Ai, ai, ai!
:-)
Abraço!

Tongzhi disse...

Acabadinho de chegar do Alentejo, comi essa e outras iguarias da região!
Ai como se come bem lá...
Mas julgas que fiquei farto????
Nãooooooo!!!!

TUSB disse...

Eu adoro as migas que a minha avó me fazia quando estava no alentejo, mas as migas dela basicamente eram só, pão, água, sal e banha de porco... mas era tão bom! haha

Socrates daSilva disse...

Tongzhi,
Seu sortudo! Fizeste tu muito bem.
Abraço!


Unfurry,
Existem várias versões de migas. Ainda não encontrei uma que não gostasse, mas a desta receita sobe ao pódio das minhas preferências!
Abraço!

paulo disse...

a alegria de satisfazer o estômago é das melhores coisas que há (não, não é melhor, definitivamente). nouvelle cuisine? nunca na vida: morrer de barriga vazia... e isso tem algum jeito? as migas são uma boa escolha, também gosto, mas há outros pratos (como os de bacalhau) que me faziam mais as delícias...


abraço (sim, já almocei)

Socrates daSilva disse...

Paulo,
Nouvelle cuisine?
Olhares para um prato com três ervilhas, dois bagos de milho, uma amêndoa, com um risco de um molho castanho a atravessar o prato e com uma folha de hortelã, com um nome enorme entre o francês e eslovaco e pagares com o ordenado de um mês?
Valha-me São-Torcato-das-Urtigas!

Delicia-te com o teu bacalhau, que é um manjar de deuses, seja de que forma for confeccionado. (Para mim pode ser à Brás ou à Zé do Pipo!)
Abraço!