Isto já estava a durar muito. Eu sem querer admitir, pressentia. Era já muita alegria, brejeirice, receitas, canções para aqui e para acolá. Eu estava a estranhar tanto desprendimento, tanto sentimento positivo.
Invisível, mas estava lá. A dar a sua sentença final. A barreira.
Já viram aquela mosca, que passeia-se pela nossa casa toda contente da silva, a fazer piruetas e a julgar-se dona de tudo?
E que faz ela, quando fartinha dos mesmos círculos, no mesmo espaço, vê o sol e a paisagem e decide partir para lá?
Voa, voa e… zumba. Bate no vidro. E volta a tentar, e volta a bater. E não desiste. Não entende porque não consegue passar. Não vê nenhuma barreira. Tudo é cristalino á sua frente. Toca a marrar contra a janela. A liberdade está mesmo ali…
Assim, ando eu. Olho, leio, ando a voar. Todo contente. Pirueta para cá, pirueta para lá. Depois olho para fora. Vejo onde os outros estão. Que fixe! Quero ir também, já estou farto disto aqui.
Bato no vidro. E tento. E volto a bater. Mais uma tentativa, mais uma pancada.
(Raios a partam… Raios a partam… Raios a partam…)
12 comentários:
Não sei que te dizer, a não ser que tenho admirado a tua forma de estar na vida; mas sei dos teus problemas e sei que a janela permanece fechada...
O ar que tem entrado dentro de ti próprio vindo daqui do teu blog tem ajudado a respirar, mas sentes que não basta...
És um Homem, e um homem com os pés bem assentes na terra, mas tens uma "vida" que é tua e à qual não podes, por mais que tentes dizer sempre NÃO!
Podes não acreditar, e digo isto sem querer menosprezar todos os amigos que vão estar no jantar e aqueles que por razões várias não poderão estar, mas a ausência que mais sinto será a tua, não por mim, mas por ti, pelo imenso bem que isso te faria; não saltarias para fora da janela, mas abri-la ias...
Um enorme abraço.
A parte final do post que hoje pus no blog, pode ser o teu caso...
Continuando num registo abstracto apenas digo que não és nenhuma mosca, portanto cabe-te a ti abrir a janela... ou uma porta. Qualquer coisa que te permita enfrentar o mundo, mas ao mesmo tempo ser feliz.
Abraço ;)
Meu amigo, também não sei que dizer. Reparei que estavas mais alegre, viu-se pelo visual do blogue e pelos posts. Só posso fazer minhas as palavras do Pinguim, o convívio ia fazer-te bem com toda a certeza.
Um grande abraço e um sorriso :)
mmmm essa conversa de moscas e janelas não combina muito com a minha casa... pois as moscas têm um fim trágico aqui, tenho duas plantas carnivoras a apanhar sol perto da janela da cozinha lol
Já sei já sei, não tenho jeito nenhum para animar o proximo haha
Enfim, desconhecendo o motivo da metáfora a tua história faz me pensar a história da rã que nasceu no fundo do poço, e não sonha em nada no oceano, mas sonha com o céu, pois esse é que ela vê a sua frente quando olha para cima.
Alegra-te :D abraços
Olha, acho que o Pinguim já te disse tudo, mas penso saber como te sentes, se bem que a metáfora que use, em vez de moscas, seja a daquelas rodas que os hamsters têm nas gaiolas: rodam, rodam, rodam e não vão a lugar nenhum. Se te abrirem a janela, tenta não fazer como muitas moscas, que voltam a marrar no vidro no mesmo sítio; faz sim, como aquelas, que, respirando fundo e num golpe de asas aparentemente acidental, dão consigo de novo livres... Abraço!
Se reparares bem, ao lado da janela que não se abre, há muitas vezes uma porta, e essa sim, pode ser aberta. E o melhor é que a podes abrir devagarinho, podes ficar só a espreitar, podes ficar na soleira até teres coragem de sair para fora da tua área de conforto.
Não há receitas milgrosas. Apenas vontade ou não de expandir, aos poucos que seja, os nossos limites.
Abraço.
Pinguim...
Que tal raptarmos o Sócrate, este claro. Porque o outro eu nao quero para absolutamente nada! :P
Não há casa que resista a janelas fechadas para sempre. Posso garantir-te que é só uma questão de tempo?
Aquele abraço
Pinguim,
Como sempre as tuas palavras são de uma perspicácia fantástica. Obrigado pelos teus elogios, mas eu bem que gostava em algumas alturas de ser mais forte, decidido. Estes dias, e as próximas semanas vão ser duras em alguns assuntos pessoais. É muita coisa junta que me está a fazer sentir melancólico. E sentir-me emocionalmente sozinho, pese este abençoado “ar” que aqui respiro. Bem, sei que tens razão em relação ao jantar. Sabes a razão de lá não ir. Essa razão em breve deixará de existir. Até lá isto há de passar…
Um grande abraço meu amigo
Mikael,
Obrigado pela chamada á realidade. As metáforas ás vezes podem iludir-nos…
Grato pelo animo e visita
Um abraço grande também
Special k,
Que podes tu mais dizer? Tens sido uma presença importante neste meu “respirar”. As tuas visitas regulares e os blogues que editas são dos meus momentos altos do dia. Continua ai. Muito obrigado, meu amigo. Um abraço
T.u.s.b.,
Sempre com humor nos seus comentários. Essa das plantas carnívoras, nem a mim me lembrava :-)
Obrigado pela fabula. Significativa.
Abraço também
Rato do campo,
Tenho consciência de que não sou o único nestas crises existenciais. Gostei da tua metáfora, também me toca. E como “mosca” vou lembrar-me do teu conselho na altura certa.
Abraço
Oz,
Obrigado também por esta perspectiva. As coisas que ganhamos por expor nossos sentimentos a quem nos pode entender! “Não há receitas milagrosas.” Bela e necessária frase
Abraço
Kokas,
Eu ouvi! Mas, que maldade é essa? (LOL)
Ai o tempo, o tempo… Eu quero ter fé. Obrigado amigo lagarto.
Abraço
Oh socrates.. isso da alegria e da tristeza é como o bem e o mal... sem um, o outro não existe. E se não melhorar depressa: LITIO!!! ehehehe (coisa de um gajo bipolar, já estou habituado a esses carrosséis)
Manuel serrano,
OK. Receita anotada.
Abraço
Como eu te entendo. Espero que melhores dias venham.
Boa sorte.
outonodesconhecido,
Obrigado. Dias melhores para todos.
Abraço
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