Este dia mundial da poesia apanhou-me com Federico García Lorga nas mãos. Assim, é com um soneto traduzido em português que presto a minha homenagem a este dia. Mas, recordando que a poesia é para todos os dias. Ai de nós se assim não fosse…
Esta luz, este fogo que devora.
Esta paisagem gris que me rodeia.
Esta mágoa por uma só ideia.
Esta angústia de céu, de mundo e de hora.
Este pranto de sangue que decora
Lira sem pulso já, lúbrica teia.
Este peso do mar que me golpeia.
Este lacrau que no meu peito mora.
São grinalda de amor, cama de ferido,
Onde, sem sono, sonho-te a presença
Entre as ruínas do peito meu sumido;
e embora eu busque o cume de prudência
dá-me teu coração vale estendido
com cicuta e paixão de amarga ciência
Federico García Lorca
Tradução de José Bento
In Antologia Poética, Edições Relógio D’Água
3 comentários:
Em poesia vivemos nós às vezes...e para mim muitas vezes mesmo...gosto de escrever e de ler poesia e isso em muitos momentos serve somente...um beijo
Hoje não deveria ler poemas, não quero nada que me faça pensar. Mas nas pequenas coisas encontro motivos para tal. Chagas de amor não as tenho, tomara eu as ter. Sei o que representam, não por vive-las mas por ver os outros a tentar fazê-lo dou valor. E por causa deste dia sei que há buracos que teima em ficar abertos.
*Hugs n' smiles*
Carlos
Free_soul,
Que seria de nós sem a poesia? Sem esses loucos e visionários que esculpindo as palavras e alterando os cenários da vida fazem-nos ver as coisas como realmente são?
Pobre daquele que não se contenta em algumas alturas com a poesia…
Bjs
Carlos,
Homem, continua a ler poesia, que só faz bem. Consola, inquieta, arde, silencia, cura, mata, mas acima de tudo fazem sentir-nos vivos cá dentro, mesmo que ninguém à nossa volta nos dê valor.
Não acredito que alguém que escreve como tu escreves, não tenha o dom de pensar nas coisas sentidas da vida. Não acredito mesmo…
Abraço!
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