Namorados de Lisboa,
à beira Tejo assentados,
a dormir na Madragoa.
Namorados de Lisboa,
num mirante deslumbrados,
à beira verde acordados.
Namorados de Lisboa,
ao Domingo uma cerveja,
uma pevide salgada,
uma boca que se beija
e que nos sabe a cereja,
a miséria adocicada,
à beira parque plantada.
Namorados de Lisboa,
sempre, sempre apaixonados,
mesmo que a tristeza doa,
namorados de Lisboa.
Namorados de Lisboa,
na cadeira dum cinema,
onde as mãos andam à toa,
à procura de um poema,
namorados de Lisboa,
que o mistério não desvenda
até que o escuro se acenda.
Namorados de Lisboa,
a apretar num vão de escada
o prazer que nos magoa
e depois não sabe a nada.
Namorados de Lisboa,
a morar num vão de escada.
Namorados de Lisboa,
sempre, sempre apaixonados,
mesmo que a tristeza doa,
namorados de Lisboa.
(José Carlos Ary dos Santos)
Sou um (e)namorado de Lisboa. Por vezes não lhe dedico o tempo e a atenção merecida, mas quando regresso, apetece-me beijar cada esquina. Mas, antes gosto de me aproximar vagarosamente de longe. No cacilheiro, na ponte, no avião. Antes de me perder no seu floreado de gente e casas, quero sempre olhá-la por inteiro, a abraçar (ou a ser abraçada?) o rio.
…sempre, sempre apaixonados / mesmo que a tristeza doa / namorados de Lisboa.
8 comentários:
Lisboa tem mesmo que se amar...
Abraço.
Pinguim,
Claro que sim. Absolutamente!
Abraço
Houve outro terramoto por aqui?
Tenho tantas saudades de Lisboa...
Este poema do Ary é uma delícia - como quase tudo do Ary. O C. do Carmo, ahn... (* estou a encolher os ombros).
Também gosto muito de Lisboa. Não confundo a política elitista e sulista, centralizadora e macrocéfala com o meu gosto pela cidade e pelas gentes que conheço. E é sempre bom voltar ao seu cosmopolitismo. :)
É linda Lisboa. Gostei de Ary, claro está e deixa-me dizer-te que o teu blog está muito melhor... mas é apenas a minha opinião.
bjs
E eu que vou voltar a trabalhar em Lisboa, já fazia tanto tempo!
É a minha Lisboa, cidade linda e romântica.
Um abraço.
Angelo,
Então isso andou a abanar no Japão?
Aqui o que treme são as saudades.
Abraço
Catatau,
Ary. O poetizar da vida como ela é.
Carlos do Carmo. Para quem há meia dúzia de anos está a descobrir verdadeiramente o fado, existe ocasiões em que sabe tão bem escutá-lo.
Lisboa. A origem e o retorno. O local onde, vá aonde vá, reclama-me.
Abraço
Jasmim,
Lisboa e Ary…
Obrigado pela opinião sobre o blogue!
Bjs
Unfurry,
Vais gostar! Então das horas de ponta…
Abraço
Special k,
É sim! Tens toda a razão.
(Mas, é tua, é minha e de quem a apanhar…)
Abraço
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