Neste despertar de Março, acrescento mais uma música para a minha banda sonora de 2009. Desta vez armei-me em arqueólogo e recuperei uma antiguidade; uma preciosidade dos meus adolescentes e gloriosos anos oitenta. Esta música teve então os seus momentos de glória nos rádios e nas cassetes de muita boa gente. Entretanto, no que me diz respeito, a certa altura, ela sofreu uma espécie de mutação.
Quando, passada a moda, chegou a altura de coloca-la no seu devido lugar, que é a caixa das simpáticas recordações que, de vez em quando, gostamos - e necessitamos - de revisitar, ela ganhou vida própria, escapou-se-me e fugiu. Mas, não foi para muito longe; juntou-se a um grupo de melodias rebeldes que teimam em não ser encerradas num limite temporal.
Desde então, quando em certas alturas estou sentado e não vislumbro janelas diante de mim, sinto-a regressar. Tenta vir silenciosamente pé ante pé. Como quem quer fazer uma surpresa, abraça-me ternamente por detrás, e encostando a sua face cálida na minha, sussurra-me. Baixinho. (Não sei se será com a intenção cúmplice de que apenas eu a escute ou se é apenas um gesto de ternura.) Ainda tento resistir, um pouco desajeitadamente, titubeando que ela já passou de moda, que já não sou adolescente, que até quando me lembro do teledisco dos Alphaville com aqueles penteados só me dá vontade de sorrir…
Mas, então, sem contra-argumentar, ela toca-me com dois dedos ao de leve nos meus lábios, para delicadamente me fazer calar, e trauteia:
A vida é uma viagem curta,
A música é para os homens tristes...
Então eu escuto-a desafogadamente.
Quando termina peço-lhe que repita pelo menos mais uma vez. E ela, fingindo ignorar os meus olhos vítreos, percorre com as suas mãos os meus braços até encontrar as minhas. E entrelaçando os seus dedos nos meus, repete e torna a repetir…
Essa música numa nova roupagem por parte dum grupo australiano (se não estou em erro) chamado Youth Group e agora numa publicidade dum carro (não me recordo que carro é mas também não importa) está novamente em "voga".
È certo que a versão para mim não é nova porque apareceu em 2007 (se não estou em erro...ops...estou-me a repetir, a memória está a ser sacaninha) numa série de televisão chamada O.C.
Fazes bem ir relembrar a versão original, eu sendo um apreciador de música dos anos 80, sei o que sabe bem abrir certas janelas e sentir músicas que nos dizem alguma coisa.
Há músicas que são eternas!
Podes já não ser adolescente, mas pelos visto lembras-te bem o que é ser um :-)
Só me dá vontade de a cantar... lol... Escreves bem sobre como ir buscar uma recordação... que afinal é sempre actual, porque mesmo as músicas de grupos francamente mais antigos e que nao são do "nosso tempo" nao deixam de continuar actuais...
Ora eis uma das músicas que faz parte da minha adolescência e ainda há pouco tempo comprei o cd só por causa dela, por vezes ainda sinto o grito da adolescente que fui... :)
Carlos, Creio que sei qual é o anúncio a que te referes. É bem conseguida a versão, mas eu prefiro a original. Como dizes, é eterna! É interessante essa tua observação sobre eu lembrar-me do que é ser um adolescente. Na minha vida real, costumam dizer-me isso e nem sempre como um elogio. :-) Abraço!
Daniel, Eu sou saudosista assumido. E então as músicas dos 80’s … Abraço!
Vasco, Esta música na altura mexeu com muita gente…
(Fico à espera.) Abraço!
Violeta, Bem hajas pelo comentário… Bjs
Pinguim, Música e letra estão muito bem. A até o “teledisco”, para os padrões dos anos oitenta. Abraço!
Fernando, Bem-vindo ao clube. Abraço!
Carpe diem, Tenho a música no computador e volta não volta cá está ela para me “abraçar”. Nunca deixes de ter o espírito de adolescente. Faz tão bem… Bjs
... rui veloso tem um tema onde diz. Não se ama alguém que não ouve a mesma canção isto é vardade? as vezes sim. outras não. gosto mais da pergunta dos Xutos. quem me ama?
Gritomudo, Isso da canção do Rui deve ser mais uma metáfora para coisas mais sérias do que outra coisa. Não se estraga nenhum amor por causa de uma canção. :-)
A pergunta do Xutos realmente tem mais lógica. Acho que a vida encarrega-se de lhe responder.
Do not go gentle into that good night, Old age should burn and rave at close of day; Rage, rage against the dying of the light.
Though wise men at their end know dark is right, Because their words had forked no lightning they Do not go gentle into that good night.
Good men, the last wave by, crying how bright Their frail deeds might have danced in a green bay, Rage, rage against the dying of the light.
Wild men who caught and sang the sun in flight, And learn, too late, they grieved it on its way, Do not go gentle into that good night.
Grave men, near death, who see with blinding sight Blind eyes could blaze like meteors and be gay, Rage, rage against the dying of the light.
And you, (...) there on the sad height, Do not go gentle into that good night. Rage, rage against the dying of the light.
Dylan Thomas, 1952 ("Ripado" do blogue Açafate)
...É um adeus a horizontes, não é? Virão outros, mais promissores e, provavelmente, mais aconchegantes. Sinto que não andarás por aqui, mas sei que virás sempre.
Catatau
E as nuvens apareceram toldando o Sol daquela tarde! E os medos que sempre houve ampliaram-se no outro eu que és tu!
Dá-me a tua mão, e juntos, gritemos a força que queremos possuir para ir mais além, vencer mentiras e silêncios, conquistar o Sol e o Mar!
E quando amanhã recordares o temor de hoje, que seja num abraço terno e não no vazio do teu próprio sofrer…
10 comentários:
Essa música numa nova roupagem por parte dum grupo australiano (se não estou em erro) chamado Youth Group e agora numa publicidade dum carro (não me recordo que carro é mas também não importa) está novamente em "voga".
È certo que a versão para mim não é nova porque apareceu em 2007 (se não estou em erro...ops...estou-me a repetir, a memória está a ser sacaninha) numa série de televisão chamada O.C.
Fazes bem ir relembrar a versão original, eu sendo um apreciador de música dos anos 80, sei o que sabe bem abrir certas janelas e sentir músicas que nos dizem alguma coisa.
Há músicas que são eternas!
Podes já não ser adolescente, mas pelos visto lembras-te bem o que é ser um :-)
*Hugs n' smiles*
Carlos
Só me dá vontade de a cantar... lol... Escreves bem sobre como ir buscar uma recordação... que afinal é sempre actual, porque mesmo as músicas de grupos francamente mais antigos e que nao são do "nosso tempo" nao deixam de continuar actuais...
Faz parte da banda sonora original da minha existência. E lembro-me tanto do refrão a propósito de tanta coisa... Um dia destes conto-te ;) Abraço!
e tu também me fizeste lembrar velhos tempos...
boa noite e obrigada!
É uma música intemporal, até na letra...
Abraço.
Belo achado! Gosto muito dela também. Abraço!
Ora eis uma das músicas que faz parte da minha adolescência e ainda há pouco tempo comprei o cd só por causa dela, por vezes ainda sinto o grito da adolescente que fui... :)
beijinho...
Carlos,
Creio que sei qual é o anúncio a que te referes. É bem conseguida a versão, mas eu prefiro a original. Como dizes, é eterna!
É interessante essa tua observação sobre eu lembrar-me do que é ser um adolescente. Na minha vida real, costumam dizer-me isso e nem sempre como um elogio.
:-)
Abraço!
Daniel,
Eu sou saudosista assumido. E então as músicas dos 80’s …
Abraço!
Vasco,
Esta música na altura mexeu com muita gente…
(Fico à espera.)
Abraço!
Violeta,
Bem hajas pelo comentário…
Bjs
Pinguim,
Música e letra estão muito bem. A até o “teledisco”, para os padrões dos anos oitenta.
Abraço!
Fernando,
Bem-vindo ao clube.
Abraço!
Carpe diem,
Tenho a música no computador e volta não volta cá está ela para me “abraçar”.
Nunca deixes de ter o espírito de adolescente. Faz tão bem…
Bjs
... rui veloso tem um tema onde diz.
Não se ama alguém que não ouve a mesma canção
isto é vardade?
as vezes sim. outras não.
gosto mais da pergunta dos Xutos.
quem me ama?
GRITOMUDO
Gritomudo,
Isso da canção do Rui deve ser mais uma metáfora para coisas mais sérias do que outra coisa. Não se estraga nenhum amor por causa de uma canção.
:-)
A pergunta do Xutos realmente tem mais lógica. Acho que a vida encarrega-se de lhe responder.
Abraço!
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